Doente

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Música: Love on top- Beyoncé.

Chegamos na nossa casa em LA de madrugada e eu fui direto para a cama. Acordei algumas horas depois com o despertador e Ed ainda dormia quando eu saí, rumo à gravadora.

Antes mesmo de seguir para a minha sala, me atualizei sobre todas as fofocas das semanas em que estive fora e gastei vários minutos apenas jogando conversa fora, até reunir as forças necessárias para começar a trabalhar de verdade.

Minha manhã foi tediosa e acabou me deixando mal humorada. Eu analisava uma pilha enorme de trabalho acumulado e me mantive tão concentrada na tarefa, que ao ouvir batidas na porta, derrubei tudo no chão e xinguei baixinho, antes de autorizar a entrada de quem quer que fosse.

-Oi...- Acabei sorrindo, apesar do mal humor.

-Vim almoçar com você.

Encarei o relógio em cima da mesa, só então me dando conta de que eu já estava ali há um bom tempo.

-Eu tenho tanta coisa pra fazer.- Dei um tapa em minha própria testa.

-E precisa comer também.

-Se importa se pedirmos comida e ficarmos aqui mesmo?- Comecei a recolher os papéis espalhados pelo chão.

-Não.- Ed respondeu, mas seu tom entregava que era mentira.

Encarei a papelada e o ruivo que havia se sentado a minha frente, suspirei, decidindo realmente almoçar ali e voltando ao que eu fazia antes, enquanto ele ligava  para o restaurante, fazendo o pedido do nosso almoço.

Comi ainda trabalhando e Ed tentou puxar assunto algumas vezes, mas acabou desistindo e assim que terminou de comer, me deixou um beijo rápido e foi embora. Eu me sentia culpada por não o ter dado atenção, mas me preocuparia com isso mais tarde.

Cheguei em casa bem depois do horário e Ed estava sentado na sala, parecendo entediado com a televisão.

-Boa noite.

-Boa noite... Eu tentei fazer o jantar.

Sorri surpresa e me aproximei, deixando um beijo em sua bochecha.

-Uau... Eu to mesmo com fome. O que preparou?

-Eu disse que tentei.- Ele deu risada.

-E isso quer dizer que...?

-Quer dizer que foi tudo pro lixo e eu pedi pizza.

-Pizza! É como música para os meus ouvidos.

Ed riu, enquanto eu subia para tomar um banho e trocar de roupa antes do jantar.

As duas semanas que se seguiram foram abarrotadas de trabalho. Eu ia cedo para o escritório, acompanhava o outro advogado em reuniões, passava horas atrás de uma pilha de contratos, processos e quantidade extrema e por vezes desncessária de papel, almoçava sozinha sem sair da sala, recebia mais trabalho de Stu e voltava tarde para casa. Ed aparecia vez ou outra, dava um "oi" e quando me via ocupada, ia embora outra vez. Durante o fim de semana, eu espalhei minhas pastas pelo escritório de casa e mantive a porta fechada. Quando estávamos juntos, eu ficava calada, pensando em milhares de outras coisas e ele mantia e expressão emburrada.

Eu listava mentalmente os compromissos do dia seguinte, já deitada na cama, quando Ed passou a mão por meu braço.

-O que acha de não ir trabalhar amanhã e passar o dia comigo?- Ele falava de forma doce.

-É tentador, mas não posso.

-Você não sai mais da gravadora.- Franziu o cenho.

-As coisas estão corridas nesse começo de ano, logo eu vou passar tanto tempo ao seu lado, que você vai me mandar voltar a trabalhar.- Eu disse para ele, ao mesmo tempo que tentava me convencer.

Vivendo o AcasoOnde histórias criam vida. Descubra agora