Notícia

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Música- All of me- John Legend.

Durante semanas e mais semanas eu pedi à Ed que colocasse prateleiras no quarto de Cecilia. Nada feito. Então em uma manhã em que eu resolvi não trabalhar, deixei Ceci na escola e fui atrás de vídeos tutoriais, além de bombardear Izabela com mensagens, tentando a convencer a fazer o trabalho no meu lugar... Como esperado, ela disse que eu precisava fazer sozinha e aprender.

Me esforcei na missão de colocar aquilo no lugar e quando Ed chegou para o almoço, eu estava testando a minha obra prima, colocando objetos de pesos diferentes e testando sua resistência.

-O que você fez?- Ed riu ao entrar no quarto e me ver comemorando.

-O trabalho que eu pedi pra você fazer.- Mostrei a língua.

-Eu ia fazer.- Se defendeu.

-E eu sou virgem.- Revirei os olhos.

-Não entendo de signos, mas o seu é libra.- Ed riu e se aproximou, me deixando um beijo na bochecha.

-Trouxe o almoço?

-Achei que você fosse cozinhar...

-Eu acabei me ocupando.- Cocei a nuca.

-Liga pra Iza, a gente almoça lá.

-Ligar pra que?- Começo a sair do quarto.- Vamos aparecer e rezar pra que ela tenha cozinhado o suficiente.

Ed riu, concordando com a cabeça e saímos os dois em direção à casa da Iza, que nos recebeu com cara de poucos amigos. A encontrei na cozinha.

-Que foi, embuste?

-Não sei, não to com vontade de ver gente hoje.

-Mara, porque eu sou um bicho.

-Idiota.- Não aguentou e riu da piada.

Almoçamos juntos e Alex e Ed voltaram para o trabalho, enquanto eu continuei perturbando uma Izabela irritada o dia todo. A tarde buscamos as crianças na escola e observamos as duas brincando no parquinho vizinho à casa de Iza, conversando sobre amenidades.

Naquela noite, Cecília dormiu rápido e Ed e eu ficamos nos curtindo antes de dormir. No meio da madrugada, a ruivinha invadiu o meio da nossa cama e dormíamos os três quando um barulho alto nos acordou.

-O que foi isso?- Ed perguntou sobressaltado.

Abracei Cecilia, que estava ainda sonolenta e sem entender.

-Parece que veio de algum outro quarto.

-Vai ver.- Ed me encarou.

-EU?? Vai você, Edward.

-Por que eu?

-Você é o pai.

-E você é machista.

-Ed, eu não posso ficar nervosa, vai você.

-Por que não?- Arqueou uma sobrancelha.

-Faz mal pro bebê.

-Bebê?- Um sorriso se abriu.- Você ta...

Coloquei as mãos na barriga e sorri.

-Sim, eu estou... Estou gorda, o nome é pizza. Agora vai.

O sorriso dele se transformou em risasa.

-Você não ta gorda... E se não está grávida, de que bebê você ta falando?

-Do bebê eu, do bebê Cecília, menos do bebê Ed. Agora vai.- Choramingo.

-Eu não!

-Se um ladrão psicopata vier até aqui e assassinar a gente, eu vou ser pior que o capeta quando a gente entrar no inferno.

-Calma, Ana Laura, o barulho passou.

-Mas aconteceu alguma coisa lá, Edward.

-Ta.- Resmungou levantando da cama e pegando um sapato de salto no canto do quarto.

-Me diz que você tá indo se vestir de drag e não levando um salto como arma.

Ele me encarou sério e revirou os olhos antes de sair. Voltou alguns minutos depois rindo.

-Você não fez um bom trabalho.- Deu de ombros.- Sua prateleira caiu.

-Caiu?- Fiz biquinho, chateada.

-Se você tivesse deixado pro seu marido fazer...

-Ai eu não teria uma prateleira.- Debochei.

-Eu prometo que coloco no final de semana.- Deitou na cama e me deu um selinho.

-Esquece, amor... Não somos bons com isso. Eu vou só contratar alguém.

-Eu tive essa ideia desde o começo, mas não queria que você achasse que eu não consigo.

-Eu achei desde o começo, não falei pra não magoar.- Dei risada.

-Nossa, amor.- Fingiu secar uma lágrima.

Dei risada e entrelacei nossas mãos, acima da cabeça de Ceci.

-Eu amo você...

Ed pegou minha mão e deixou um beijo leve em seu dorso.

-Eu também amo você.

Com um sorriso, fechei os olhos e adormeci.

Nos próximos dias, a brincadeira sobre ter um bebê e o sorriso aberto de Ed não saíram da minha cabeça e eu comecei a planejar milhões de ideias de contar que nossa família estava aumentando.

Resolvi usar ainda mais da brincadeira daquela noite e encomendei uma pizza em que com ketchup, estava escrito "parabéns, papai".

Ed chegou mal humorado e não esboçou reação quando eu disse que o jantar seria pizza. Um nervosismo cresceu dentro de mim e eu perdi as contas de quantas vezes peguei o telefone para cancelar o pedido, até que a campainha tocou e foi tarde demais.

-Amor... Pode atender?- Perguntei sentada no sofá, com Ceci ao lado.

Resmungando um pouco, ele se levantou e voltou com a pizza. Colocou a caixa na mesinha de centro e simplesmente a ignorou.

-Você viu o sabor?- Tentei o incentivar a abrir a tampa da caixa.

-Não, é do que?- Perguntou sem desviar os olhos da televisão.

-Olha...- Sorri.

-Não to com fome agora.

-Edward. Abre a caixa.- meu tom passou a ser irritado.

Ele me encarou desconfiado por alguns segundos e abriu a tampa da caixa. Sua expressão antes fechada se iluminou em um sorriso bobo, que se espelhou em meu rosto.

-É sério?

-Achei que pizza pudesse ser mesmo um bom nome.- Dei de ombros rindo.- É até unissex.

-Ana Laura.- Ed se levantou do sofá e me puxou pelos braços me abraçando, antes de pegar Cecília em seu colo.

-Ceci, você vai ter um irmãozinho.- Eu disse com lágrimas emocionadas.

-Eu vou?

-Sim, meu amor, tem um bebezinho na barriga da mamãe.- Ed deu um beijo no rostinho da pequena.

-E ele vai chamar pizza?- Perguntou em tom inconformado.

-O que?- Gargalhei.- Não, meu amor... É só brincadeira.

-Ufa!- Colocou a mão na testa, teatralmente, me fazendo gargalhar mais.

Ed continuava me abraçando e tinha lágrimas emocionadas nos olhos.

-A nossa família está ficando maravilhosa.- Falou quase em um sussurro.

-Maravilhosa ela ja é... Só está se tornando maior.- Sorri antes de acariciar seu rosto, o beijando em seguida.

Ceci abraçou nossos pescoços, enquanto ainda nos beijavamos.

-EU SOU A IRMÃ GRANDE!- Gritou ainda abraçada à nós dois.

Nossa noite terminou com Cecília tagaraleando sobre tudo o que faria a respeito do irmão novo, enquanto Ed e eu aproveitavamos a sensação de paz trazida pela notícia.

Vivendo o AcasoOnde histórias criam vida. Descubra agora