Aprendizados

242 23 5
                                    

Música- That's my girl- Fifth harmony.

Esse capítulo está mais curto, maaaaaaas eu acabei amando hahaha. Beijos da Ana :)

 Eu considerava Cecília uma criança precoce e me enchia de orgulho à cada nova atividade que a ruivinha realizava sozinha, assim como o seu pai, que além de não conter sorrisos, distribuía elogios à quem perguntasse de nossa filha e filmava cada novidade, postando vez ou outra alguma coisa que fazia todos os seus fãs surtarem.

A primeira vez que ela engatinhou foi presenciada apenas por Ed, que gritou meu nome enquanto eu tomava banho e me fez voltar correndo apenas de toalha para o quarto. Logo ela engatinhava pela casa toda, sempre parecendo encontrar algo novo para se interessar, enquanto eu permanecia de olho em tudo que ela fazia. 

Em uma noite em que Ed e eu procurávamos algo para assistir e eu imaginava qual seria o nosso jantar, o silêncio na sala chegava a ser perturbador. No canto ao lado no sofá, em cima do tapete, Cecília brincava com blocos de plástico

-Não.- Ouvi a voz fininha dela saindo pela primeira vez.

-Eu estou louca ou ela falou?- Abri a boca, surpresa.

-Ela falou.- Ed confirmou, com a mesma expressão.

-E a primeira palavra dela foi "não".

-Acho que isso é um problema.- Agora Ed ria.

-Aparentemente, ela puxou não só os cabelos, mas também  a teimosia do pai.

-O teimoso dessa casa não sou eu.

-HA HA. Eu sou a teimosa?

-É claro que sim.- Disse como se fosse óbvio.

-Essa é a coisa mais absurda que você já disse. Você é muito mais teimoso Edward...

-Vamos ver se a Cecília concorda.

Ele se aproximou da pequena e voltou para perto de mim com ela e seu colo.

-Filha, o papai é o mais teimoso?

Ela o encarou por alguns momentos e ele sorriu e afirmou com a cabeça, como se a incentivasse a falar.

-Não.- A voz ainda nova para mim repetiu.

-Isso é golpe baixo.- Apontei para Ed.

-Não.- Ela repetiu.

-Ainda não acredito que a primeira palavra dela foi "nã"o.- Deixei escapar um riso.- Vem com a mamãe...

-Não.- Outra vez ela disse, embora sorrisse.

-Parece que o favoritismo continua.- Estreitei os olhos e segui para a cozinha, enquanto Ed gargalhava.

Não demorou muito também para que ela desse seus primeiros passos sozinha. Vez ou outra ela se levantava sozinha, mas nunca saia do lugar, até que  em uma tarde em que Ed e eu resolvemos fazer um piquenique no jardim em frente a nossa casa. Com uma toalha xadrez e uma cesta cheia da maneira mais clichê possível, nos sentamos ali, por pura preguiça ir à um parque ou qualquer outro lugar mais longe. 

Cecília engatinhou ao nosso redor, empurrando um carrinho, quando se enjoou daquela brincadeira, se levantou e deu alguns poucos passos em nossa direção antes de cair, me fazendo gritar empolgada, enquanto Ed sorria abobado.

-Ela andou, meu Deus Ed, ela andou.- Eu batia em seu braço.

-Eu não sou cego.- Esfregou onde eu acertei os tapas.

-Ceci, vem com a mamãe.- Ela me encarou com o sorrisinho costumeiro e se levantou, mas não saiu do lugar.- Vem, meu amor...

-Então vem com o papai...- Ed tentou.

Ela continuou sorrindo, mas simplesmente se sentou e voltou sua atenção para o botão de sua blusa, enquanto Ed e eu nos encaramos frustrados com a situação.

Aos poucos e com muito incentivo, ela percorria caminhos mais longos, cada vez mais segura e quando nos demos conta, Cecília andava pela casa toda, enquanto falava palavras aleatórias que aprendia ao longo dos dias.

O auge de suas falas foi o dia em que ela disse "papa", chamando por Ed e me fazendo sentir inveja até o último fio de cabelo, embora alguns dias depois, ela tenha dito "mom" e me deixado muito mais tranquila, mesmo que Ed me atazanasse fazendo questão de mencionar que ela tinha chamado por ele primeiro.

Depois de aprender à andar, se tornou ainda mais fácil para ela abrir os armários da casa, principalmente porque Ed e eu tínhamos o hábito de esquecer a trava à prova de crianças e foi em uma tarde de domingo que ambos nos distraímos por alguns minutos à mais que sumiu.

Alguns momentos de desespero se seguiram, mas nós a encontramos na despensa, batendo no pote que antes estava cheio de açúcar e coberta de branco, assim como todo o chão à sua volta.

 - No Brasil eu sei que tem uma música que diz "mamãe passou açúcar em mim.."- Tentei fazer piada.

-Pelo menos ela é independente... Nem esperou você passar.

Explodi em risadas, antes de Ed tirá- la do meio do açúcar, a levando direto para o banheiro, para um banho que ela realmente precisava naquele momento.

Além das inúmeras pequenas coisas que ela descobria diariamente, Cecília era cheia de preferências e gostos... Escolhia os brinquedos que mais gostava e desprezava os demais, se recusava a comer algumas coisas e resmungava sempre que não colocávamos seu desenho favorito na televisão. Cada canto da nossa casa, era um ambiente novo a ser explorado e ela passava o dia fazendo questão de se aventurar por cada parte.

Vivendo o AcasoOnde histórias criam vida. Descubra agora