Batizado

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Música: - What do i know- Ed Sheeran.

Já fazia muito tempo desde que não viajávamos ao Brasil e boa parte dos meus amigos e da minha família, incluindo meus irmãos ainda não conheciam nossa filha, então Ed se planejou no trabalho e o mais cedo possível, embarcamos para o Brasil.

A nossa chegada foi cheia de festa, com direito à churrasco e muita gente reunida na casa dos meus pais. Era tanta gente querendo conhecer Cecília, que ela acabou passando de colo em colo e eu mal a vi durante o dia todo. Quando fomos nos deitar, Ceci já dormia no bercinho ao lado da minha cama e eu me aconcheguei nos braços de Ed.

-Nós precisamos conversar sobre o batizado da Ceci...

-Conversar o que exatamente?

-Padrinhos...

-Acho que essa questão é bem definida.- Ele soltou uma risada gostosa.

-Iza e Alex.

-Não vejo alguém melhor.

-A questão maior é como contar pra Taylor.

-Eu deixo isso com você.

-Ela é sua melhor amiga, a missão é toda sua.

-E está sendo substituída pela sua melhor amiga, o que torna a missão sua.

-Covarde.

-Eu não vou contar isso pro Taylor.- Arregalou os olhos.

-A gente tira isso na sorte... Agora, a igreja.

-Nós ainda vamos ficar um bom tempo no Brasil, mas eu posso falar com os meus pais e pedir que eles arrumem tudo.

-Por que com os seus pais?- Franzi o cenho.

-Porque eles estão mais perto...

-Edward Chistopher Sheeran.- Me sentei na cama e aumentei o tom de voz, irritada.- Ela vai ser batizada aqui, na mesma igreja que eu e meus irmãos e ela provavelmente não vai poder ser batizada na vigília de páscoa, mas será logo na semana seguinte e eu espero que não haja uma discussão sobre isso.

-Eu só pensei que seria na Inglaterra.- Ele ergueu os braços em um gesto de rendição.

Me deitei outra vez e ele me abraçou.

-Eu não queria ser agressiva nem nada, é que eu espero que ela tenha alguma ligação com o Brasil também, entende?

-Você não precisa se explicar...- Deixou um beijo no topo da minha cabeça.

Sorri, apertando mais nosso abraço e ambos deixamos que o sono tomasse conta. Na manhã seguinte acordei um pouco culpada pela minha explosão com Ed na noite anterior, mas ele parecia nem se lembrar e quando eu citei em nossa conversa que o batismo seria em breve, ele não esboçou reação nenhuma.

Visitei a igreja que minha família costumava frequentar e nos inscrevi no curso obrigatório do batismo, totalmente consciente na dificuldade que teríamos já que o meu lindo marido ainda não tinha se interessado em aprender português. 

Nos próximos dias, o planejamento do batismo ja estava completo, incluindo igreja, padrinhos e a recepção que teríamos. Faltava apenas a chegada da família de Ed, Iza e Alex e alguns amigos vindos de fora.

Faltando mais de uma semana para o evento, Iza e Alex chegaram ao Brasil animados por terem algumas semanas de férias com a família dela e é claro que nós nos reunimos também aos antigos amigos em uma nostálgica, que celebrou porém as grandes mudanças na vida de todos nós.

Iza, Alex, Ed e eu fizemos o curso obrigatório de batismo e minha melhor amiga nos entregou a roupinha que escolheu para o batizado da ruivinha. Um vestido branco de detalhes rendados, com a saia rodada de tule,  acompanhado de sapatinhos e um acessório para o cabelo da mesma cor. Iza me conhecia muito bem e escolheu algo que obviamente me agradaria.

A páscoa chegou e foi celebrada com muito chocolate, além de como já era costume em minha família, churrasco. No decorrer dos dias, a família de Ed chegou ao Brasil, assim como Stu e Liberty e surpreendentemente, alguns dos nossos amigos, incluindo Tay, que por um milagre, não estava brava com o fato de não ter sido escolhida como madrinha.

No domingo, todos nós nos arrumamos e seguimos para a igreja, toda decorada de flores e cheia de gente. A missa foi comum, mas batizar ela ali, na igreja onde eu frequentei toda a minha vida, era especial para mim, principalmente pelo fato de que anos atrás, eu visitava aquele lugar todos os sábados.

Depois do batismo, fomos todos para uma chácara, onde tudo estava decorado pela minha mãe de maneira meiga... Ela nunca decepcionava. Foi servido um almoço com pratos bem brasileiros nos esperava. É claro que boa parte dos nossos convidados estanhou, mas eu um contexto geral, eles pareceram animados em experimentar pratos como feijoada e tomar caipirinha.

Eu amamentava Ceci em um canto afastado, quando Ed se aproximou de mim, com um sorriso grande demais, provavelmente provocado pela bebida que ele carregava.

-Hoje foi muito bonito.- Falou um pouco mole.

-É, foi sim...- Concordei, rindo de seu estado.

-Minha mãe está procurando vocês. É importante.- Soltou de maneira esperta, junto com uma piscadinha.

-Algo me diz que você sabe o motivo.

-Ela tem uma coisa pra Ceci.

-E outra coisa me diz que isso era pra ser surpresa.- Arqueei uma das sobrancelhas, com o sorriso aberto.

-Você ia descobrir logo.- Deu de ombros.

Assim que terminei, fui ao encontro de Imogen, que mantinha seu sorriso doce e carregava uma pequena caixinha branca, com um laço em um tom de cor de rosa bem claro. John estava ao seu lado, com uma das mãos no bolso e outra segurando uma garrafa de cerveja.

-Você vai estragar o momento carregando essa bebida, querido.- Im o repreendeu, sem tirar o sorriso do rosto.

-Todos nós estamos habituados à bebida, Im... Não se preocupe.- Dei risada, a tranquilizando.

-Mãe, você esqueceu que ela se casou comigo...- Ed se aproximou de nós, com um novo copo.

Ela revirou os olhos contrariada, mas continuou sua fala.

-Oh querida, John e eu compramos um presente para a pequena Cecília... 

Ed pegou a caixinha e abriu, me mostrando a pulseirinha dourada e minúscula, que caberia apenas em um pulso de bebê. Dois pingentes caiam discretamente da pulseira: uma cruz e um coração. Talvez fosse o momento, mas a atitude me emocionou e meus olhos se encheram de lágrimas enquanto Ed se esforçava para colocar o presente em nossa filha.

O resto do dia seguiu em plena paz, com muitas risadas, bebidas, muita comida e gente conhecida e amada. Eu observava muitos dos meus amigos antigos tietando Taylor e como ela agia de maneira simpática, abraçava pelo máximo de tempo a minha família, já com certa dor no coração por ter que partir em breve e curtia aquele raro e único momento.

Cansados, voltamos para casa naquela noite e não restou ânimo para fazer outra coisa senão  nos jogarmos na cama, exaustos.

-Estou velha para festas.

-Eu sou bem mais velho que você, então vou fingir que não me sinto ofendido.- Fiz um biquinho.

-Você nem é tão mais velho.- Revirei os olhos.- De todo modo... Estou muito cansada, mas muito feliz.

-Eu também estou.- Ed me abraçou e deixou um beijo no topo da minha cabeça.

Adormecemos dessa maneira, sem mais forças para continuar nossa conversa. 

Os dias passaram convidados estrangeiros aos poucos deixaram o Brasil e então chegou também a nossa vez. Com as lágrimas de todas as despedidas, voltamos todos para LA, sem  menor previsão de retorno.

Vivendo o AcasoOnde histórias criam vida. Descubra agora