Voltando ao trabalho

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Música: Rockabye- Clean bandit.

Faltando pouquíssimos capítulos para o fim e com uma autora que enrola pra postar... Tenham uma maravilhosa noite. Beijos da Ana :)

-Cecília, pelo amor de Deus, eu já disse pra você soltar o rabo da gato.- A repreendi pela milésima vez e vi seu sorrisinho sapeca enquanto ela se afastava do animal.

-Oi, amor.- Ed apareceu na sala onde eu estava, carregando o violão.

-Oi.- Sorri sem mostrar os dentes.

-Todo bem por aqui?

-Sim, tirando o fato de que a Cecília acha que é a Felícia e não para de perturbar o gato.

-Ele não parece estar se importando...- Soltou uma risada quando viu que o bichano agora seguia a pequena.

-Acho impressionante como tudo parece lindo quando você chega na sala e eu fico com cara de louca e exagerada.- Resmunguei.

-A sua cara é assim, mas eu posso te pagar uma plástica.- Me provocou.

-A louca exagerada vai se transformar em louca agressiva.

-Não está mais aqui quem falou.- Me lançou uma piscadela.

-CECÍLIA!- Repreendi outra vez quando ouvi o miado vindo do canto da sala.

-Mamãe.- Ela me devolveu, sapeca.

Ela correu para longe do animal, rindo do que ela mesma aprontou e sem se importar com a bronca. Passaram- se alguns minutos sem que nada além da televisão fosse ouvida e eu me distraí o suficiente com o programa para esquecer que Cecília e o gato ainda estavam perto um do outro. Só percebi a presença deles outra vez quando ouvi as risadas de Ed.

-O que foi?- Acompanhei seu olhar e encontrei o gato antes inteiro branco, agora colorido de canetinha.- Ah não...

-Nossa filha é uma artista.

-CECÍLIA. Sai de perto do gato, agora.- Me levantei do sofá já emburrada e a peguei no colo.- Muito feio, não pode fazer isso com o gatinho.

-Gatinho?- A pequena virou seu rostinho, ao perguntar, me fazendo derreter um pouco antes de continuar com a bronca.

-É, o gatinho... E ele fica triste.

A ruivinha formou um biquinho, como se estivesse chateada pelas minhas palavras.

-Você vai fazer ela chorar.- Ed franziu o cenho. 

Lancei um olhar o fuzilando pela falta de ajuda e me voltei outra vez para minha filha.

-Não precisa chorar... Só não faz mais, ta bom?

Ela concordou com a cabeça e eu a coloquei no chão e voltei para o lugar onde estava. Demorou apenas dois minutos para que o gato pulasse no sofá, fugindo dela e eu respirasse fundo, antes de a encarar e encarar Ed logo em seguida.

-O que foi?- Ele deu de ombros.

-É sua vez... Eu vou limpar o gato.

-Ah, é divertido ver ela brincar com ele.

-Eu já a teria matado se fosse o gato.

-É só um animalzinho.- Ele riu, negando com a cabeça.

-Eu ainda acho que gatos são rancorosos e que ele planeja matá- la durante a noite.

Deixei Ed conversando com Cecília e fui para a lavanderia, dar um jeito nas muitas cores que enfeitavam o gatinho.

No dia seguinte, tudo estava certo para que eu voltasse à trabalhar na gravadora e durante a tarde, Cecí ficaria na casa de Iza, que estava mais animada com a ideia de Sophie ter companhia do que a própria menininha. O restante do dia passou, a manhã do próximo também e no horário combinado, segui com Cecília para a casa da minha melhor amiga, que abriu a porta já sorridente.

-Oi, mozi.- Me deu um beijo longo na bochecha.

-Oi,mozão.- Sorri, colocando minha filha no chão.

Sophie e Ceci se viram e correram uma ao encontro da outra, esquecendo das mães, que continuavam na porta, levemente enciumadas, embora nenhuma das duas fosse admitir.

-Quer entrar?

-Preciso ir pra gravadora... De certo modo, é meu primeiro dia.

-Mas você é esposa do chefe.

-Mais um motivo pra eu correr pra lá né, Iza? Ed está me esperando.

-Abandona a melhor amiga mesmo.

-Queria dizer que o título de drama queen é meu. Além disso, eu vou jantar aqui hoje.

-Vai?- Franziu o cenho para o aviso.

-Vou e vê se faz alguma coisa que eu goste de comer.

Ela resmungou alguma coisa que eu não entendi enquanto me abraçava. Soprei um beijo para as meninas, que praticamente me ignoraram e continuei meu caminho.

Assim que estacionei, desci carregando as minhas pastas e de maneira preguiçosa passeei pelos corredores, cumprimentando à todos, até chegar a sala de Ed.

-Finalmente a minha funcionária favorita chegou.

-Ué, tem alguém atrás de mim?- Me fingi de boba, procurando alguém.

-Por que não deixou as coisas na sua sala?- Ignorou minha piada sem graça e analisou tudo que eu segurava.

-Porque eu não sei mais onde ela fica.

-Ahn... No lugar de sempre?- O que era para ser uma afirmação, saiu em tom de pergunta.

-Pra sua informação, da última vez que eu vim aqui a minha antiga sala esta ocupada.

-Bom, mas ele tem um escritório novo.

-Eu não acredito que vocês tiraram ele de lá, Ed.

-Era o seu escritório... E na verdade ele nem se importou.

-É, imagino que não.- Devolvi cheia de ironia, imaginando a cara do Jerry quando foi avisado de que teria que deixar sua sala, sem ao menos poder contrariar.

-Pode arrumar tudo por lá, eu já vou ver como você está.

-Porque eu realmente preciso de uma babá.- Fiz careta antes de sair da sala.

Abri a porta do meu antigo escritório e deixei a pasta maior no pequeno sofá que eu mantinha ali. A persiana clara havia sido trocada por cortinas escuras que tampavam toda a minha visão do corredor e o ambiente parecia frio e sem vida. Enruguei o nariz já pensando em tudo que eu precisaria fazer para tornar o lugar a "minha cara" outra vez e tinha acabado de deixar alguns papéis na mesa quando Ed entrou.

-Tudo em ordem?

-Vai ficar quando eu tiver post- its, canetas coloridas, agendas, porta- retratos, um tapete, trocar a cortina... Coisas básicas.

-Básico... Como se algo com você fosse básico.

-Cheio de gracinhas.

-Ah, você não faz ideia de quantas gracinhas então na minha cabeça agora, meu amor.- Ele mordeu o lábio inferior.

-Senti saudade dessa mesa...- Sorri maliciosa, me sentando na beirada dela, enquanto Ed espelhava o meu sorriso e se aproximava.

-Da mesa ou do que nós fazíamos nela, senhora Sheeran?

-Fazer nela? Não me lembro de nada.- Fingi inocência empurrando as poucas folhas que estavam ali em cima.

-Acho que posso te lembrar.

Ed se encaixou entre as minhas pernas e beijou meu pescoço lentamente, sem pressa nenhuma, me permitindo sentir seu toque e também sentindo os meus. Nossa sessão de amassos foi longa, mas não pode passar de beijos, já que batidas na porta interromperam o nosso momento e nos obrigou a voltar ao trabalho.

O dia foi curto e passei analisando os processos em andamento, apenas me situando ao que deveria fazer a seguir. Ed foi comigo até a casa de Iza, onde jantamos e voltamos juntos para casa, muito menos cansados do que eu imaginei.

Vivendo o AcasoOnde histórias criam vida. Descubra agora