O primeiro aninho

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Música: Birthday- Selena Gomez

Em LA, a rotina era a de sempre. Durante a semana Ed trabalhava na produção de outros músicos e eventualmente produzia a si mesmo, Marie vinha à nossa casa algumas vezes na semana e Iza e eu nos víamos com muita frequência. Nos finais de semana, nós alternávamos entre passeios não muito longos e apenas aproveitar a companhia um do outro em nossa casa.

Aos poucos, a vida pacata e sem novidades que eu vivia estava me enlouquecendo e eu buscava milhões de alternativas para me distrair, tentando inúmeros hobbys diferentes, que não duravam muito tempo. 

Meses se passaram e o primeiro aniversário de Cecília já se aproximava. A minha menininha crescia esperta, cheia de sorrisos e curiosidade. 

Estava enquanto pesquisava por sugestões de temas para sua festa de aniversário, me peguei a observando dar alguns passinhos desengonçados antes de tropeçar cair no chão, formando um biquinho que me fez rir.

-Ela sempre faz esse biquinho.- Ed comentou por trás de mim, me fazendo pular assustada.

-Meu Deus do céu, assombração.- Levei as mãos ao peito, sentindo meu coração disparado.- Quase me matou de susto.

-Desculpa.- Ele riu da minha reação.

-De onde você surgiu?

-Eu estava lá fora.

-Fazendo o que?- Franzi o cenho.

-Correio.- Mostrou a caixa que carregava.

-Deus do céu, como eu não ouvi a campainha?

-Quando eu passei pra atender, você tava olhando pro nada e completamente distraída.- Ed deu de ombros.

-As vezes eu fico meio perdida na vida.- Soltei um risinho.- Enfim, ela sempre faze esse biquinho.

-É igual ao seu.

-Eu não faço bico.- Estreitei os olhos.

-É, claro que não.- Ed puxou a cadeira ao meu lado e se sentou.- O que você esta fazendo aí?

-Onde?- Perguntei perdida.

-No computador.- Apontou para a tela, com a expressão incrédula.- O que você tomou hoje?

Dei risada de mim mesma e balancei a cabeça em negação, antes de responder.

-Procurando sobre festas de aniversário.

-Você não está velha para festas de princesa?- Me provocou, quando viu o que er, na tela do computador.

-Besta.- Belisquei sua perna sem usar força.

-Mas falando sério... Isso parece ser coisa demais.- Torceu o nariz.

-Ah, qual é... É o primeiro aninho dela.

-Exatamente... Ela ainda nem vai entender direito nada disso.

-Mas vai ver fotos quando crescer e se sentir amada.

-Ela vai se sentir amada com um cupcake, Ana Laura.

-Olha, eu sei que em outros países é comum algo simples nos aniversários, mas no Brasil é um acontecimento e tanto e o primeiro aninho é comemorado com uma festa grande.

-E é claro que essa é sua desculpa pra fazer um evento enorme.

-Não é desculpa.- Mordi o lábio, com um risinho.

-Acredito em você.- O ruivo mentiu.- E então o tema será princesas...

-Todas elas.- Bati palmas, mais empolgada do que deveria.- Eu já consigo imaginar tudo.

-E você vai querer me contar?- Questionou com uma voz que imitava sofrimento.

-Claro e aliás, você vai querer ouvir tudo.

Ed resmungou, mas eu não me importei e o aluguei pela próxima hora, mostrando, contando e detalhando sobre o planejamento da festa.

No mesmo dia em que decidi o tema, reservei o salão e providenciei que os convites fossem impressos e enviados o mais rápido possível, já que grande parte dos convidados teria que planejar uma viagem.

No dia de seu aniversário, alguns amigos próximos já estavam na cidade, mas ninguém estava hospedado em nossa casa, então foi um dia intimista, com direito à cupcake e uma pequena velinha pela manhã, que Sophie assoprou depois de Ed e eu cantarmos parabéns. Seu dia foi cheio de mimos vindos de nós dois e naquela noite, meus pais e irmãos chegaram à nossa casa, prontos para mimá- la também.

No dia seguinte, a família de Ed chegou também, já entregando seus presentes e com a casa cheia de gente pronta para dar atenção a Cecília, eu acabei tendo muito tempo livre para acertar os últimos e mínimos detalhes da festa.

No sábado, fomos todos para o salão pouco antes do horário marcado e o ambiente estava completamente decorado por princesas, coroas, castelos e todo o tipo de coisa de contos de fadas. Haviam atores fantasiados, brinquedos para as crianças, muitos doces expostos que provavelmente enlouqueceria as crianças e espaço de sobra para que os adultos ficassem tranquilos. Cecília estava vestida de Merida, toda sorridente e empolgada com sua festa.

-Talvez se você tivesse feito a festa em um castelo real, teria sido algo melhor.- Ed provocou, cutucando minha costela.

-Você podia ter dado essa ideia antes... Aí eu ia te obrigar a se fantasiar de rei.

-Nem sob tortura.

-Tortura é bem medieval, bem castelo, bem conto de fadas, melhor não me dar ideias...

-Dependendo da tortura, eu até aceito.- Deu uma piscadinha.

Soltei uma risada e dei um tapinha em seu ombro, antes de me afastar para ver os detalhes da decoração.

Aos poucos os convidados chegaram e o salão se encheu de gente. Crianças corriam, adultos comiam e bebiam e Cecília era paparicada. O parabéns foi cantado e as velinhas sopradas por Cecília contando com a minha ajuda e a de Ed e então aquela festa foi ficando mais vazia, até que restássemos apenas a família.

Os funcionários colocaram os inúmeros presentes no carro e eu carreguei Ceci que ja dormia até lá. Estávamos tão cansados que o caminho foi em silêncio e depois de colocar nossa pequena na cama, ambos dormiram como bebês.

Os convidados vindos de longe viajaram de volta, e apenas meus pais e irmãos continuaram em LA por mais algumas semanas e enquanto Ed passava o tempo na gravadora, eu brincava de guia turística por Los Angeles. Foi só depois de eles irem embora que a rotina se normalizou.

Vivendo o AcasoOnde histórias criam vida. Descubra agora