Visitando o papai

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Música: Good grief- Bastille.

No dia seguinte, assim que meus sogros pegaram a estrada de volta para Suffolk, Ed e eu começamos a empacotar nossas coisas que iriam voltar para LA, providenciamos as passagens e pedimos que Marie deixasse tudo arrumado para a nossa volta.

Arrumamos nossas malas, separamos o que seria despachado por Stu alguns dias depois e nos despedimos de quem foi possível antes de embarcar de volta para nossa casa. Foi um vôo complicado, com Cecília tão pequena, mas finalmente chegamos a Los Angeles. O sol estava quente quando chegamos e eu quase chorei de tanta alegria.

Iza nos buscou no aeroporto e nos deixou em nossa casa, que estava impecável, graças a Marie. Entrar ali outra vez me fazia sentir maravilhosamente em paz e uma das primeiras coisas que eu fiz, foi levar Cecília à seu novo quarto, que eu havia decorado minuciosamente meses atrás.

-Feliz agora?- Ed entrou sorrindo no quarto da nossa filha, enquanto eu apontava para ela os bichinhos de pelúcia enfileirados na prateleira em cima do berço.

-Muito feliz, meu amor.

-É, eu até que gosto daqui.- Deu de ombros.

Semicerrei os olhos, rindo de Ed, que jamais teria coragem de dar o braço a torcer e assumir que aquele era realmente o nosso lar.

-Até que gosta... Entendo.

-Não é como se a gente estivesse em Londres, mas dá pro gasto.- Sorri de lado, antes de se aproximar um pouco mais e passar o braço pela minha cintura.

-Você não cansa de ser implicante?

-Nunca.- Deu uma piscadinha.

-Como prêmio por essa implicância, você troca a fralda da Ceci, enquanto eu vou desfazer as malas.- Entreguei nossa filha para ele, que fez careta sentindo o cheiro da fralda, enquanto eu saia do quarto.

A virada do ano novo passamos na nossa casa, com Iza, Alex, Sophie e alguns amigos do escritório. A meia noite, fiz algumas promessas que eu sabia que não ia cumprir e assim que nossa casa ficou vazia, verifiquei Cecília, que dormia tranquilamente em seu quarto e me deitei também, completamente exausta, embora que por pouco tempo, já que Ceci chorou algum tempo depois, com fome.

Passadas as festas de fim de ano, Ed voltou a frequentar a gravadora, enquanto eu ficava em casa com Ceci, visitava Iza e recebia visitas em casa também. Todos os nossos amigos e vizinhos vinham até nossa casa para conhecer a pequena, o que era ótimo, já que eu tinha companhia praticamente todos os dias. Além disso, o clima ajudava e eu conseguia passear com Cecília. Nós duas íamos ao parque e eu observava as crianças brincando enquanto ela dormia no carrinho. Ela também me acompanhava ao mercado, farmácia e qualquer outro lugar sem grandes transtornos.

Como havíamos voltado para LA recentemente, Ceci ainda não tinha ido ao médico na cidade e depois de sua primeira consulta, após confirmar que ela estava perfeitamente saudável e sem a menor vontade de voltar para casa, segui com ela para a gravadora, na intenção de surpreender Ed.

Assim que entrei no prédio ja conhecido empurrando o carrinho de bebê, Stacy, a recepcionista saiu de trás do balcão e veio me abraçar, com um sorriso imenso.

-O que você esta fazendo aqui, garota?

-Resolvi fazer uma surpresa.- A abracei de volta.

-Ed vai adorar ver vocês. Tenho quase certeza que ele esta em reunião, mas não deve demorar.

-Ja que meu marido esta ocupado, o que acha de um café?

Ela olhou o relógio em seu pulso e de volta pra mim.

-Bem na hora da minha pausa.- Abriu um sorriso enorme.

Seguimos para a cafeteria na esquina da gravadora e passamos ali todo o seu intervalo, jogando conversa fora enquanto ela fazia gracinhas para Ceci. Quando o horário de pausa de Stacy acabou, voltamos para o prédio e eu subi até o meu antigo escritório. Entrei na sala sem bater e para minha surpresa, Jerry estava ali.

-Hey.- Sorri amistosa.

-Ana... Ed não disse que você viria.- Ele se levantou e veio ao meu encontro.

-Ele também não sabe...

-Mas tenho certeza que vai adorar. Essa é a Cecília?- Olhou dentro do carrinho.- Céus, ela é linda. Eu disse ao Ed que iria visitar vocês, mas tudo aqui está bem corrido e...

-Não precisa se preocupar, Jerry.- O interrompi.- Então agora você usa a minha sala?

Olhei em volta, procurando pelas minhas coisas.

-Oh, sim.- Ele pareceu sem graça.- Tudo que é seu está com Ed. Achei que você soubesse... Espero que não se importe.

-Claro, acho que ele esqueceu de mencionar. De qualquer modo, vou encontrar com ele agora. Nos vemos depois?

-Com certeza.- Ele deixou um beijo em minha bochecha e eu sai da sala, empurrando o carrinho.

Cheguei a sala de Ed e dessa vez bati antes de entrar. Ele abriu a porta e sorriu ao me ver.

-Por que diabos eu não tenho mais uma sala?

-Eu também estou muito feliz de te ver.- O sorriso se desfez.

-Desculpa, eu vim te fazer uma surpresa, mas ai encontrei o Jerry na minha sala e fiquei meio irritada.

-Irritada por que?- Ele se afastou, permitindo que eu entrasse.

-Era a minha sala.

-Bom, você vai ficar mais algum tempo sem trabalhar, certo.

-É, tudo bem. Mas depois disso eu quero o lugar de volta.- Fiz bico.

-Mimada mais uma vez.- Gargalhou.- Agora eu posso aproveitar a minha surpresa?

Ed pegou Ceci no carrinho e se sentou ao meu lado no pequeno sofá que ele mantinha ali.

-Ceci e eu fomos ao pediatra hoje.

-Esta tudo bem?- Sua expressão era apreensiva.

-Tudo ótimo. Temos uma bebê saudável e gordinha.

-E ruiva.- Piscou pra mim.

-Castanho arruivado.- Retruquei.

-A mamãe é invejosa.- Deu risada, falando para Cecília.

Não demorou muito para que Ed saísse pela gravadora mostrando Cecília a todos como um prêmio. Cada funcionário que passava por ele era parado e a apresentado a nossa filha. Eu apenas ria da situação e aproveitava para conversar com todas aquelas pessoas que eu eu não via à meses.

Ed acabou não trabalhando pelo resto do dia e no fim do expediente, voltamos para casa juntos.

Vivendo o AcasoOnde histórias criam vida. Descubra agora