Prólogo

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Era mais uma noite das milhares que eu trabalharia. Estava saindo da casa da Judete, vestindo um vestido acima dos joelhos, preto. Carregava comigo um sobretudo bege e tentava caminhar com passos rápidos com aqueles saltos altos prateados, brilhantes. Era assim, o que me mandassem usar para o trabalho, usava. Mesmo que não estivesse acostumada.

O tempo na Califórnia era sempre ensolarado e fresco, mas naquela noite parecia que uma tempestade passaria pela cidade. O vento já soprava forte meus cabelos escuros que iam até meu quadril. Minhas lentes de contato já tinham um pouco de poeira que a correria permitia adentrar. Logo cheguei até o local combinado. Um restaurante.

Apanho meu celular da minha pequena bolsa e olho as horas, com a visão um pouco embasada. Nove horas e vinte minutos. O combinado era 21:30. Suspiro aliviada por não estar tão atrasada e entro no estabelecimento.

- Boa noite. No que posso ajudá-la? - pergunta-me a recepcionista.

- Ahn... Tenho que encontrar um senhor...

- Você chegou. - ouço uma voz familiar e viro-me.

O homem de ombros largos e uma aparência invejável adentrava o restaurante, usando um terno preto impecável. Era feito nos mínimos detalhes. Seu cabelo parecia ter sido cortado recentemente e seus olhos azuis não paravam de me fitar. Aquilo deixou-me ruborizada.

- Eu tenho uma mesa reservada. - informou para a moça perto de nós.

- Claro. Me acompanhe, senhor. É por aqui. - gesticulou com a mão.

O mesmo ofereceu-me seu antebraço para segurar e me guiar pelo grande salão de mesas ocupadas, e assim fiz. Sentia um grande frio na barriga pois era um lugar chique para uma garota como eu, mas estava somente a trabalho.

- Você está belíssima, querida. - elogiou-me, sorri.

- Só vesti o que me enviou. Aliás, obrigada pelo presente.

- Não tem que me agradecer. Você merece. - o mesmo lançou-me uma piscadela.

A recepcionista apontou para nossa mesa e assim nos sentamos. Era um encontro de acionistas. E eu era sua acompanhante. Ele poderia ter trago sua esposa pois era casado, mas não podia fazer perguntas como essa: Por que eu e não ela? Com o tempo você aprende que caras como ele só querem uma mulher bonita e gostosa ao seu lado.

- Bom, ainda temos algum tempo antes dos acionistas chegarem, então vamos aproveitar. - disse e, logo senti sua mão áspera em minha coxa subindo até minha calcinha.

Sorrio para ele pois era assim que havia aprendido a lidar com tais situações. O que mais eu iria fazer? Era assim que eu ganhava a vida. Quando estou prestes a entrar no seu joguinho, vejo vários homens de ternos adentrarem o restaurante.

- Acho que isso terá que esperar um pouco. - sussurro em seu ouvido, mordiscando o lóbulo de sua orelha.

Ele olha na mesma direção que a minha, avistando os homens virem até nós e logo prontifica-se em levantar-se e cumprimentá-los. Faço o mesmo que ele e estampo o melhor de meus sorrisos. A reunião começa.

- Os dados da nossa empresa está crescendo bastante. As vendas estão aumentando. Estamos tendo um alto lucro. - escuto pela milésima vez aquela fala do mesmo homem, que tenta convencer o rapaz ao meu lado.

Estico meu braço até a taça de vinho tinto e a beberico. Quase me engasgo quando sinto uma mão em minha coxa, mas dessa vez não é áspera. É outra pessoa. Deixo a bebida de lado e viro o rosto para o lado esquerdo, encontrando um senhor de uns cinquenta anos. Ele parece tranquilo enquanto passa sua mão em mim.

O Inesperado (Em Revisão)Onde histórias criam vida. Descubra agora