Cap. 66

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Jhonatan P.O.V.

Sabe, eu podia ter acordado no outro dia e não ter chorado, nem sequer ter lembrado daquele depósito explodindo. Mas é que não era um simples acontecimento quando havia provas.

Encontraram roupas queimadas; roupas da Elena. E não foi um acidente o incêndio, quiseram fazer aquilo, foi proposital e isso me deixava mais intrigado. Dylan havia me dado um nome: Marcos.

Será que ele teria feito mesmo aquilo?

Quando abrir minhas pálpebras, a luz forte preencheu meus olhos. Levei um tempo até me acostumar com a claridade, e notar aonde estava: Hospital. Sentei na cama com dificuldade, sentindo pontadas na barriga.

Meus braços tinham agulhas injetadas, tanto para o soro, quanto para reposição de sangue. É, devido a todos os fatos da noite passada, havia desperdiçado muito sangue.

Levantei a blusa que usava e olhei minha barriga, um pouco abaixo das costelas, ao lado do umbigo, havia alguns pontos.  Suspirei e tentei sair da cama, mas a porta foi aberta em questão de segundos.

Henrique: Você acordou. - constatou e sorriu.

Eu: O que foi que aconteceu? - perguntei, sentindo minha cabeça latejar de dor.

Henrique: Não estou permitido a ter contar os detalhes. - ressaltou.

Eu: Na noite passada... Eu... - pronuncio e paro assim que meu amigo me interrompe.

Henrique: Já passou. Você está bem agora. - desviou o assunto.

Franzi minha testa e o encarei, tentando decifrar o porquê de não querer conversar sobre o ocorrido. A porta se abriu novamente e uma enfermeira entrou.

A mesma acenou para nós com a cabeça e um sorriso nos lábios, me entregou uma porção de remédios para tomar, que diminuiria a dor e uma bandeja onde tinha o café da manhã. 

Em seguida ela saiu, nos deixando a sós novamente.

Henrique: Todos estavam preocupados com você.

Eu: Todos? - indago de boca cheia.

Henrique: Judete... Luísa... Justin... Até mesmo Raphael. - explicou.

Eu: Como você... - fui interrompido.

Henrique: Judete me contou brevemente a história de vocês e tudo que ocorreu.

Ergui minhas sobrancelhas em forma de surpresa. Ele então deu de ombros, demonstrando seu desinteresse em relação àquilo.

Eu: Onde eles estão? - questiono.

Henrique: Na sala de espera. Quiseram ficar aqui até você sair da cirurgia. Quer vê-los? - proferiu.

Dei de ombros, como se aquilo não importasse ou não fizesse diferença alguma para mim.  Havia perdido minha mãe, meu pai, um dos meus melhores amigos e minha namorada. Estava sozinho, de novo.

Henrique sorriu e disse que os chamaria, então saiu do quarto. Terminei de comer e deixei a bandeja sobre o criado mudo. Ouvi batidas na porta e a maçaneta girou, logo avistei Judete entrando.

Judete: Jhonatan! - exclamou e caminhou até mim, me envolvendo num abraço apertado. - Estou feliz que esteja bem.

Eu: Pois é... - digo um pouco envergonhado.

Judete: Como você se sente? - questionou, e sentou na ponta da cama.

Eu: Bem, eu acho.

Na verdade, não estava nada bem e isso estava explícito na minha cara triste. Por dentro estava destruído, abalado, desmoronando aos poucos.

Judete: Escuta, não se culpe pelo que aconteceu, tá bom? - diz singela e segura minhas mãos. - Sei o quanto ela te amava, e os planos que ela tinha com você. Nunca pensei que veria minha amiga tão apaixonado por alguém, principalmente por uma pessoa que ela dizia odiar.

Sorri abobado ao lembrar de nossas lembranças, de nossas brigas, de nossos bejjos, de nossos momentos juntos na cama. Aquele seu sorriso contagiante estava regristrado na minha mente, que jamais me deixaria esquecer.

Uma lágrima solitária escorreu pela minha bochecha e Judete a secou. Mas era inevitável não chorar naquele momento. Abracei ela e apoiei minha cabeça em seu ombro, deixando toda aquela mágoa sair de dentro de mim.

Judete: Não se esqueça que construiu uma história linda com ela aqui, a ajudando sempre que podia e fez novos amigos, uma família na verdade. Você pode contar comigo sempre que quiser. - aconselhou.

Assenti e pedi que ela me deixasse sozinho, mesmo não querendo permitir, Judete saiu do quarto. Me encolhi na cama e solucei entre o choro desesperado e agoniante, como uma criança indefesa.

(...)

Depois de dois dias, pude receber alta e ser dispensado do hospital. Ainda teria uma cicatriz para me lembrar da coragem que obtive durante um assalto, e agora mais do que isso, teria que frequentar psicólogos e terapeutas.

Por que? Bom, durante o tempo que estava me recuperando, jurei ter visto Elena perambulando pelos corredores e entrando em meu quarto durante a madrugada. Mais do que isso, ela também falou comigo.

Luísa ficou preocupada comigo, assim como todos os outros e a conclusão mais convincente era que eu estava enlouquecendo após a morte dela, pois ela estava morta.

Seria difícil ter que contar aos pais dela e ao seus irmãos, mas me encarreguei de fazer isso por ela e pela consideração que tinha por sua família. 

Judete: Tem certeza que ficará bem? - perguntou pela milésima vez.

Eu: Sim. Não se preocupe comigo. - sorri.

Judete: Ligue para mim quando chegar e caso precise de ajuda, não hesite em telefonar. - informou séria, me fazendo gargalhar.

Eu: Tudo bem. - assenti e abracei ela. - Obrigado por tudo que tem feito por mim.

Judete: Somos amigos, mais do que isso, você é da família. - sorriu.

Eu: Tchau, pessoal. - me despedi do restante das pessoas que estavam ali.

Hoje embarcaria para Los Angeles, para ir até a casa dos Bittencurt e dar a notícia bombástica que desestruturaria todos. Seria complicado, mas era necessário. 

Quando meu vôo foi informado no alto-falante, segui em direção ao portão de embarque. Olhei para trás e acenei para eles, que estavam tão emocionados quanto eu. De longe avistei uma silhueta conhecida, era ela.

Meu corpo petrificou e a vontade de ir atrás me contagiou, mas já havia feito isso uma vez e não deu muito bem, pois não era ela e sim uma pessoa parecida.

Entende uma coisa, Jhonatan, Elena Bittencurt está morta!

Suspirei fundo e me voltei até o balcão, onde entreguei toda minha documentação. Jamais pensei que visitaria os pais da Elena sem ela, ainda mais para dar uma notícia de seu velório.

É, não tinha corpo para enterrar, pois virou pó no incêndio, então seria um caixão vazio apenas simbolizando. E algo me dizia que quando esse dia chegasse, seria o pior dia da minha vida.

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Olá, pessoal!

Aqui está mais um capítulo de O Inesperado, espero que gostem, fiz com muito amor e dedicação.

Se possível, votem e comentem.

Um beijo do coração, e até a próxima... 😘👽🌟

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O Inesperado (Em Revisão)Onde histórias criam vida. Descubra agora