Cap. 88

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Jhonatan P.O.V.

Desço do veículo e fecho a porta, travo o automóvel e caminho lentamente até a grade. Sou liberado para entrar e encaminhado a sala de visitas. Não me sentia confortável naquele ambiente, principalmente ao vê-lo vindo em minha direção. O ar se prende nos pulmões e o clima torna-se mais denso com sua aproximação. Era possível ver um sorriso amarelo em seu rosto. 

Sua aparência, após meses, não havia mudado muito. Estava com os cabelos emaranhados e tinha o aspecto de não lavados há um tempo. Suas órbitas ainda com a mesma coloração, reluzente e brilhante. Pele mais morena e alguns, poucos, ferimentos nos braços. Seu uniforme estava amassado e com resquícios de sujeira. Isso era incomum para ele antes. 

Thiago: Veio me ver, filho? - o mesmo abre um sorriso convencido. 

Eu: Precisamos conversar. - digo, ríspido. 

Nos sentamos em uma mesa, com outras ocupadas por outros presidiários. Suas mãos repleta de calos são postas sobre a madeira, podendo visualizar as algemas em seus pulsos. Desvio o olhar por um instante, relembrando os ocorridos que nos levaram a estarmos naquela situação. Dava desgosto saber que ele era uma pessoa cruel e sem escrúpulos, capaz de qualquer coisa. 

Ninguém havia se animado quando disse que o visitaria, depois das barbaridades que ele me causou e a minha namorada. Mas era preciso. Tinha que tirar minhas próprias dúvidas e concluir algo que desde o natal vinha me perturbando. Aliás, querendo ou não, ele era infelizmente meu pai e o último sujeito que tinha alguma ligação familiar. 

Thiago: Então, o que devo a honra de sua ilustre visita? - questionou, tão cinicamente, que minha vontade era de socá-lo. 

Eu: Feliz natal e ano novo. - proclamo, deixando uma pequena perto dele. 

Thiago: O que é isso, um presente? Tem um bomba aí dentro? - indaga, desconfiado. 

Eu: Odeio você, só que nem tanto a ponto disso né. É apenas chocolate e bolachas, que dona Glória que preparou. 

Thiago: Quem? - arquea a sobrancelha. 

Eu: A mãe de Elena. E caso não acredite em mim, pergunte aos policiais, eles revistaram antes que pudesse lhe entregar. - justifico, brevemente. 

Thiago: Tá. - dá-se por vencido. - Por que disso? Acha que acredita que é um bom filho e faz essas coisas por mim? - interroga. - Não sou besta, Jhonatan, diz de uma vez o que veio fazer aqui. 

Eu: Estou tentando esquecer o que aconteceu, pai. Não pode cooperar pelo menos um pouco? - sorrio forçado. 

Thiago: Ainda está com aquela garota, não é mesmo? 

Eu: Isso é uma pergunta estúpida. - cruzo os braços, na altura do peitoral e o encaro. - Sabe que amo ela. 

Thiago: Patético. - rosna. - Ela é uma garota qualquer, dormiu com vários e duvido ser fiel à você. Logo, logo ela te larga e procura outro, pois é assim que mulheres desse estilo agem e sua mãe estava tornando-se igual. 

Eu: Não acho que seja ela que tenha feito isso. - declaro, mantendo a calma. - Quem ficou com outras foi você e levou uma delas para nossa casa também, abrigou por dias e prejudicou nossa família. O único sem caráter é você, então não coloca a culpa na Diana. 

Thiago: Acho é pouco que tenha morrido tão facilmente, devia ter sofrido mais. - ressalta, cruelmente. 

Eu: Escuta, o único motivo de estar nesse muquifo, falando com um imprestável como você, é que sei que teve algo haver com a suposta morte da minha namorada. - decreto, fitando profundamente sua íris. 

O Inesperado (Em Revisão)Onde histórias criam vida. Descubra agora