Jhonatan P.O.V.
Desço do veículo e fecho a porta, travo o automóvel e caminho lentamente até a grade. Sou liberado para entrar e encaminhado a sala de visitas. Não me sentia confortável naquele ambiente, principalmente ao vê-lo vindo em minha direção. O ar se prende nos pulmões e o clima torna-se mais denso com sua aproximação. Era possível ver um sorriso amarelo em seu rosto.
Sua aparência, após meses, não havia mudado muito. Estava com os cabelos emaranhados e tinha o aspecto de não lavados há um tempo. Suas órbitas ainda com a mesma coloração, reluzente e brilhante. Pele mais morena e alguns, poucos, ferimentos nos braços. Seu uniforme estava amassado e com resquícios de sujeira. Isso era incomum para ele antes.
Thiago: Veio me ver, filho? - o mesmo abre um sorriso convencido.
Eu: Precisamos conversar. - digo, ríspido.
Nos sentamos em uma mesa, com outras ocupadas por outros presidiários. Suas mãos repleta de calos são postas sobre a madeira, podendo visualizar as algemas em seus pulsos. Desvio o olhar por um instante, relembrando os ocorridos que nos levaram a estarmos naquela situação. Dava desgosto saber que ele era uma pessoa cruel e sem escrúpulos, capaz de qualquer coisa.
Ninguém havia se animado quando disse que o visitaria, depois das barbaridades que ele me causou e a minha namorada. Mas era preciso. Tinha que tirar minhas próprias dúvidas e concluir algo que desde o natal vinha me perturbando. Aliás, querendo ou não, ele era infelizmente meu pai e o último sujeito que tinha alguma ligação familiar.
Thiago: Então, o que devo a honra de sua ilustre visita? - questionou, tão cinicamente, que minha vontade era de socá-lo.
Eu: Feliz natal e ano novo. - proclamo, deixando uma pequena perto dele.
Thiago: O que é isso, um presente? Tem um bomba aí dentro? - indaga, desconfiado.
Eu: Odeio você, só que nem tanto a ponto disso né. É apenas chocolate e bolachas, que dona Glória que preparou.
Thiago: Quem? - arquea a sobrancelha.
Eu: A mãe de Elena. E caso não acredite em mim, pergunte aos policiais, eles revistaram antes que pudesse lhe entregar. - justifico, brevemente.
Thiago: Tá. - dá-se por vencido. - Por que disso? Acha que acredita que é um bom filho e faz essas coisas por mim? - interroga. - Não sou besta, Jhonatan, diz de uma vez o que veio fazer aqui.
Eu: Estou tentando esquecer o que aconteceu, pai. Não pode cooperar pelo menos um pouco? - sorrio forçado.
Thiago: Ainda está com aquela garota, não é mesmo?
Eu: Isso é uma pergunta estúpida. - cruzo os braços, na altura do peitoral e o encaro. - Sabe que amo ela.
Thiago: Patético. - rosna. - Ela é uma garota qualquer, dormiu com vários e duvido ser fiel à você. Logo, logo ela te larga e procura outro, pois é assim que mulheres desse estilo agem e sua mãe estava tornando-se igual.
Eu: Não acho que seja ela que tenha feito isso. - declaro, mantendo a calma. - Quem ficou com outras foi você e levou uma delas para nossa casa também, abrigou por dias e prejudicou nossa família. O único sem caráter é você, então não coloca a culpa na Diana.
Thiago: Acho é pouco que tenha morrido tão facilmente, devia ter sofrido mais. - ressalta, cruelmente.
Eu: Escuta, o único motivo de estar nesse muquifo, falando com um imprestável como você, é que sei que teve algo haver com a suposta morte da minha namorada. - decreto, fitando profundamente sua íris.
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O Inesperado (Em Revisão)
Teen FictionElena Bittencourt é uma adolescente de dezesseis anos que não leva uma vida muito boa. Há alguns meses ela se mudou para Califórnia, Estados Unidos, morando atualmente com sua melhor amiga, Judete. Ela mudou-se após conseguir uma bolsa de estudos n...