Cap. 69

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Jhonatan P.O.V.

Quanto tempo leva para se esquecer um verdadeiro amor? Horas, meses, anos...? Havia passado apenas minutos, e eu queria arrancar meu coração, para assim evitar qualquer sentimento. Tanto de compaixão, amor, alegria, quanto de sofrimento, dor, tristeza.

A chuva tinha parado um pouco e estava diante ao mar, que tinha uma brisa fresca naquele fim de tarde. Observava o horizonte, o pôr do sol, a grandeza da natureza, esperando que o dia acabasse logo, mas não somente ele; o pesadelo também.

Fecho meus olhos e respiro fundo, sentindo a ardência em minhas pupilas devido a tanto choro num único dia, sem contar os outros. O vento gélido preenche meu corpo, fazendo estremecer.

Direciono minha atenção ao mar, que ia e vinha. Retiro meu terno e a calça social, mesmo percebendo meus pelos levantarem. Caminho até a margem e sinto o contato da água com meus pés; estava gelada demais.

Não pensei muito, nem mesmo processei as consequências, somente mergulhei entre as ondas, tentando alcançar o mais fundo que conseguia. Parece loucura, mas ouvia alguém chamar por mim, e não tinha dúvidas de que era Elena.

Novamente fecho meus olhos e só abro quando sou retirado da água, posto sobre a areia, com inúmeras pessoas em cima de mim. Meus sentidos não funcionavam, estava entrando em choque e não tinha como evitar.

Chamem a ambulância, foi o que escutei, só que queria dizer que não, pois tinha que estar junto com Elena e morrer era a única maneira.

Não sei quanto tempo fiquei inconsciente ali, sem me mexer, só observando de algum jeito estranho as sombras ao meu redor desesperadas. Logo fui posto sobre uma maca e colocado no veículo.

Enfermeiro: Consegue me ouvir? - indagou.

O mesmo apontou uma lanterna dentro de meus olhos, que me incomodaram. Deu vontade de xingá-lo. Fomos em direção ao hospital, o qual pensei que não veria outra vez tão cedo, só que me enganei. 

Médico: Leve ele até a sala de exames, rápido, rápido! - gritou.

Muitas mãos tocaram no meu rosto, que mesmo frio, como se estivesse morto, ainda sentia. Eu estava vivo?

Médico: Peguem o desfibrilador! - ordenou aos ajudantes.

O aparelho foi carregado e depositado sobre meu peito, que eletrizou meu coração e o fez voltar a bater. Merda, por que ninguém deixava eu morrer em paz?! Tossi água salgada e cuspi a mesma, mas em instantes meu corpo foi tomado por uma convulsão.

Médico: Virem ele! Virem!

Aquele foi o ponto alto da minha sanidade, pois já não enxerguei mais nada, e um vazio tomou conta de mim. Me senti tão bem naquele momento, talvez tivesse conseguido sair de um mundo cheio de decepção. 

(...)

Abro meus olhos e encaro o teto branco e sem graça. Sinto vontade de vomitar, gritar e chorar. Não morri. Isso era bom ou ruim? Viro a cabeça de lado e lá estava meu corpo ligado em inúmeros aparelhos.

No sofá do quarto, que era um pouco maior, estava Henrique, dormindo desajeitado. Pela pequena janela percebi que estava de dia, com poucos raios solares entrando e iluminando o espaço. 

A maçaneta girou e a porta se abriu, revelando uma cabeleira loira. Franzi a testa e me perguntei o motivo de sua presença ali. Um sorriso se alastrou pelo seu rosto ao me ver e seu olhar foi direcionado ao meu amigo.

Ângela: Até iria brigar com ele, mas vou levar em consideração que ele não tem dormido muito, pois estava preocupado com você. - ressaltou. - Por falar nisso, é bom ver que finalmente acordou.

O Inesperado (Em Revisão)Onde histórias criam vida. Descubra agora