Cap. 63

333 11 0
                                    

Jhonatan P.O.V.

Contar a verdade. Nunca foi tão fácil para mim, considerando que sou uma pessoa de difícil demonstração de sentimentos. Qualquer vestígio disso, eu já encobria com extrema ignorância. Devia ser esse o motivo de ter transmitido tanta raiva pela Elena durante anos, na tentativa de esconder meu amor por ela.

E eu deveria ter cuidado mais dela. Deveria tê-la protegido.

E o que me restou foi a culpa dela ter sumido, sem que eu pudesse fazer alguma coisa.

Naquele instante senti meu corpo entrar em choque, enquanto ainda encarava o aparelho em minha mão. 

Luísa: Atenda, Jhonatan. - pronunciou.

Como contaria para a mãe de Elena que ela tinha desaparecido? Com toda certeza ela entraria em desespero, teria um infarto ou coisa pior.

Eu era uma péssimo genro.

Luísa: Jhonatan! - exaltou - se,  me olhando com a testa franzida.

Judete: Deixa que eu atendo. - Se protificou e pegou o celular de mim.

Estava sem chão, ainda pensamento em todos os xingamentos que recebia de dona Glória e seu marido Renato. Tinha me condenado a uma sentença dolorosa.

Judete: Oi, tia Glória. Sim, aqui é a Judete. Sim, é o celular do Jhonatan. - fez uma pausa. - Ah, você tentou ligar para a Elena? - a mesma me olhou. - É que o celular dela quebrou, e ela foi comprar um novo com o namorado, só que como eles estavam aqui, ele acabou esquecendo o celular.

Era impressionante a capacidade de Judete de conseguir mentir.

Será que foi por isso que conseguiu omitir muito bem seu caso com meu pai?

Ah, droga! Como isso me faz lembrar da minha mãe.

Depois de mais alguns minutos, ela finalizou a ligação e me entregou o celular de volta. Olhava incrédula para a mesma.

Eu: Por que escondeu isso da família Bittencurt? - franzo a testa.

Judete: Apenas não queria preocupá-los. - deu de ombros.

Eu: Judete, são os pais dela... - me aproximei.

Judete: Eu sei, e vai por mim, Jhonatan, é melhor deixá-los fora disso por enquanto. - suspirou e foi até Justin.

Um turbilhão de coisas se passava na minha cabeça. Não aguentava mais aquilo. Suspirei e saí daquele apartamento, ouvindo eles me chamarem, mas queria apenas tranquilidade para pensar.

Desci até o estacionamento e entrei no meu carro. Liguei o motor e dirigi pela cidade, que já estava tomada pelo fim de tarde. Da janela podia observar as crianças correndo pela calçada; brincando inocentemente, casais de todas as idades caminhando juntos; sorrindo; se beijando.

Isso me abalou ao saber que não a tinha comigo para beijá-la, desejá-la, amá-la. Acelerei mais o motor e segui para qualquer lugar. Parando justamente num bar um pouco distante do prédio onde agora morava.

Talvez não fosse o correto para se fazer numa situação daquelas, só que minha vontade maior era esquecer todo aquele pesadelo que estava ocorrendo nos últimos dias. Queria apenas acordar e perceber que tudo não passou de uma trama da minha mirabolante mente.

Passei pela porta e me dirigi até o balcão, sentando em um dos bancos próximos. Pedi uma cerveja ao balconista, que logo me entregou uma garrafa. Mas não parou por aí; foram garrafas atrás de garrafas, dando num total de dez.

Quando estava prestes a tomar mais uma, alguém segurou meu braço no exato momento que levaria o líquido até minha boca. Olhei por cima do ombro a pessoa que estava atrás de mim, vendo que era Henrique. 

Eu: O que está fazendo aqui? - balbucio, enquanto fico surpreso com sua aparição repentina. 

Henrique: Estava passando aqui por perto e vi você entrando. Te segui e estava te observando até agora. - respondeu singelo. - Já deu sua cota de bebida por hoje, Jhonatan. - disse sério.

Eu: Não tem mais o que fazer da sua vida não? - exclamou rígido. 

Henrique: Tenho, mas você é mais importante, por ser meu melhor amigo. 

Soltei uma risada sem humor e logo voltei a minha posição anterior, querendo novamente beber da cerveja quente.

Henrique: Para! - proferiu e arrancou a garrafa bruscamente da minha mão. Num ato de impulso acabei levantando e dando-lhe um empurro. 

Eu: Qual seu problema?! Me deixa beber em paz! - exalto-me.

Henrique: Você já bebeu o suficiente. Está na hora de você ir pra casa. Quem sabe tua namorada não esteja te esperando. - ressaltou.

Meu corpo estremeceu, meus olhos se encheram de água e eu sentei novamente, depositando todo meu peso sobre a cadeira de madeira. Logo estava chorando igual uma criança.

Balconista: Está tudo bem por aqui? - indagou, com uma expressão séria.

Henrique: Está... Ele é só meu amigo. - respondeu e repousou sua mão na minhas costas. - Cara, o que está acontecendo? Me conta.

Soluços saíram da minha boca, ao invés de palavras, pois não conseguia descrever o que sentia naquele momento.

Saudade. Tristeza. Medo. Desespero. Receio.

Era mil coisas ao mesmo tempo. 

Henrique: Ei, você brigou com a tua namorada? - questionou cauteloso.

Eu: Muito pelo contrário... - pronuncio e seco meu rosto. - A-A minha namorada foi sequestrada, cara.

Pude perceber a expressão de Henrique mudar tão de repente, que antes era tão tranquila, e agora só surpresa dominava tudo. 

Henrique: E-Eu sinto muito, Jhonatan. Por que não contou para mim?

Eu: É que diferença faria? - indago.

Henrique: Poderia te ajudar a procurá-la. - sugeriu.

Eu: Não adianta. A polícia já procurou, os amigos dela. Mas não encontramos nenhuma pista, nem de quem tenha sido o covarde pra fazer um absurdo desses. - proferi a ele.

Balconista: Quer um ajuda? - interveio. - Tem um cara que conheço que trabalha com investigação.

Eu: Sério? Quem é ele? - pergunto eufórico.

Henrique: Cara, não acho que seja uma boa ideia. Não confio nesse tipo de pessoa, que geralmente não faz um trabalho muito bom, pois só pensa em dinheiro. - murmurou.

Eu: Henrique, eu quero achar a minha garota, a Elena. - o mesmo se surpreendeu ao ouvir o nome dela. - Se não quer fazer parte disso, vou entender perfeitamente. Mas eu preciso dela.

Era perceptível pelo meu tom de voz e meu olhar o quanto suplicava por qualquer ajuda, ou qualquer meio que pudesse encontrá-la.

Balconista: Bom, vocês deram sorte. Ele acabou de chegar.

Henrique e eu nos entre olhamos, até que nos viramos em direção a porta do estabelecimento, avistando que era o tal cara.

•••

Olá, pessoal!

Aqui está mais um capítulo de O Inesperado, espero que gostem, fiz com muito amor e dedicação.

Se possível, votem e comentem.

Um beijo do coração, e até a próxima... 😘👽🌟

•••

O Inesperado (Em Revisão)Onde histórias criam vida. Descubra agora