Cap. 82

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Jhonatan P.O.V. 

Se aquelas palavras me chocaram? Totalmente. Pensei ser uma brincadeira sua gravidez assim que soube, mas estava enganado, ela realmente tinha um bebê no ventre que me pertencia; seja lá como e se era mesmo meu. Quando observei ela descendo do palco, quis correr em sua direção e abraçá-la, apesar de tudo ela ainda era uma pessoa importante para mim. Mas meus pensamentos foram impedidos pela cena que presenciei, ao ver que Ângela deu um tapa na cara de Elena, que me deixou estagnado. 

Ângela: Sua cachorra! Cretina! - desferiu com raiva. - Como pode voltar tão confiante que as coisas serão como antes?! Como pode achar que esse feto que carrega irá consertar tudo que você já estragou?! - indagou. - Acha que acredito que isso seja mesmo dele?! Quando passou meses com um sequestrador, que pôde ter molestado você?! - a atenção estava voltada para a garota enfurecida. - Quer saber de uma coisa, Elena? Nunca deveria ter voltado para a Califórnia, ficasse em San Diego que estava bem melhor, ou talvez não estivesse viva mesmo pois não agrada a ninguém sua presença neste lugar, sua vadia! 

Dizer que jamais tinha visto a loira naquele estado, seria uma bela verdade, mas já havia aturado inúmeras garotas surtando com bobagens. Só que aquela era diferente, ela estava insultando a Elena, a pessoa que fui apaixonado por bastante tempo e mesmo que tivesse superado, não era correto deixá-la ouvir tantas ofensas por não ter culpa do seu sumiço. Num momento de descontrole, me levantei de meu assento e caminhei em passos rápidos até ambas que ainda discutiam, ou melhor dizendo, Ângela ainda xingava a morena. 

Eu: Já chega, Ângela! - protesto, fazendo a mesma se calar. - Você tem merda na cabeça pra fazer uma idiotice dessas, garota?! 'Tá pensando o que? Em fazer showzinho pra chamar a atenção? - questiono, frustrado. - Realmente pensei que fosse diferente, que não fizesse esse tipo de coisa, mas está me provando que estou enganado. 

Ângela: Vai defendê-la? - franziu a testa. 

Sério que de tudo que falei, somente isso ela interpretou? 

Eu: Me poupe das suas crises de ciúmes, ela só estava discursando e você estragou tudo com esse barraco estúpido. - desfiro, rígido. - Cresce, Ângela. 

No instante seguinte, estava segurando a mão gélida e trêmula da morena, enquanto retirava a mesma daquele salão com todos os olhares voltados para nós dois. Não me importava o que pensariam, estava foda-se para suas opiniões, só que ela precisava de ajuda. Jamais apoiaria o opressor por achar que está correto, e a loira não estava. 

Paramos do lado de fora, onde só havia dois seguranças vigiando o local e havia também o frio, que era predominante naquela época de fim de ano. Elena abraçou o próprio corpo, tentando se esquentar. Era óbvio que aquilo não iria funcionar. Retiro meu paletó e ponho sobre seus ombros, ouvindo um agradecimento baixo. 

Eu: Não devia ter dito aquelas coisas em frente à todos. - pronuncio.

Elena: Que coisas? A verdade por trás do que vivenciei? - arqueou a sobrancelha. 

Eu: Sabe que tudo está diferente... - ressalto. 

Elena: Não sou burra, sei disso e tenho consciência que a culpa foi minha. - retrucou. 

Marrenta como de costume. 

Elena: Acha que queria ter ficado fora do país por meses, com um cara nojento e uma pessoa mesquinha que só me faziam mal, enquanto a minha afilhada e meu sobrinho nasceram? Fiz de tudo, o possível e impossível para voltar o quanto antes, mas... A vigilância era surreal naquele lugar, Jhonatan. Você não tem noção do que aconteceu comigo e o quanto quis estar morta para não presenciar cada absurdo. A questão era que não resisti por mim, mas por você e nosso bebê. - declarou e aproximou-se. 

Eu: Como tem tanta certeza que esse filho é meu? - pergunto, curioso. 

Elena: Semanas depois de ser mantida em cativeiro tive enjoos e tonturas constantes, e confesso que foram bons o suficiente para me levar até o hospital e constatar o óbvio, que estava grávida e não fui abusada sexualmente, porque sei que fiquei pressa o tempo todo sem ver ninguém durante esse tempo. - explicou. 

Eu: Quando a gente... - profiro, mas paro ao me lembrar. - O casamento do seu irmão. A gente transou no banheiro e não usamos preservativo, e nem você tomou a pílula. - passo as mãos no cabelo. 

Elena: Eu me esqueci. - defendeu-se. - Não coloca a culpa em mim, a ideia de fazer aquilo foi sua! - exclamou. 

Eu: Cara, você está grávida! - digo, sorridente. 

Elena: É, Jhonatan, já disse isso para você. - deu de ombros. 

Eu: Tem noção do quanto estou feliz com isso?! Nós vamos ter um filho, porra! - grito, recebendo o olhar confuso dos seguranças. 

Elena: Para de gritar, seu idiota. - repreendeu-me, se divertindo com a situação. 

Pego a morena no colo e a giro no ar, de tão emocionado e eufórico que estava com a notícia. Quando a coloco no chão, observo suas órbitas esverdeadas que ainda tinham aquele brilho encantador. Queria beijá-la, sentir seus lábios nos meus como a tanto tempo não acontecia. 

Elena: Por que disso agora? - questionou. - Soube disso antes que todos e só reagiu agora. 

Eu: Não acreditei antes... Quer dizer, não quis acreditar, pois estava bem com Ângela. - desdenho. 

Seu olhar caí sobre o chão e a mesma recua alguns passos para trás. 

Elena: Então, está namorando com ela? - indaga, abatida. 

Eu: Não sei mais se estou. - constato. 

Elena: Como não? - franziu a testa. 

Eu: Tecnicamente brigamos depois daquela cena bizarra que ela fez você passar. - ressalto e coloco as mãos no bolso. 

Elena: Jhonatan, sabe que ainda amo você, não é mesmo? - a mesma me olha. 

Suspiro fundo e desvio o olhar dela. Estava ciente disso, mas à partir do momento que assentisse, ela iria querer que correspondesse. E isso era algo que ainda não estava preparado para fazer, considerando os novos sentimentos por Ângela e os fatores que contribuíram para a minha indecisão e confusão mental. 

Glória: Filha, como você está? - indagou, ao vir até nós. 

Elena: Estou bem, mãe. Nada que deva se preocupar. - sorriu para disfarçar. 

Glória: Jhonatan, já estão entregando os diplomas. Vá receber o seu! - proferiu. 

Eu: Claro. - assenti e antes de entrar, olhei para a garota. - É, eu sei que você ainda me ama. Digo o mesmo... Ainda amo você, Elena. 

O Inesperado (Em Revisão)Onde histórias criam vida. Descubra agora