Cap. 64

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Jhonatan P.O.V.

Subitamente virei meu tronco para trás, assim podendo ver melhor o cara que me ajudaria. Olhei de soslaio para Henrique, que ainda se mantinha inseguro com aquela minha decisão.

Eu só precisava achá-la, apenas isso. Ele entendia, certo?

Balconista: Você chegou na hora exato. - pronunciou, ao olhar o homem alto parado em nossas frentes. - Esses dois estão precisando de um serviço seu. - anunciou.

Engoli em seco com seu olhar tão frio sobre mim, me encarando diretamente como se quisesse enxergar meus segredos mais ocultos.

- Conheço você. Não é filho do cara que foi preso? - indagou num tom rouco.

Eu: Sim. O... - fui interrompido.

- Thiago. Sei quem é seu pai. - proferiu e se sentou no banco ao meu lado. O balconista logo lhe trouxe um uísque. - Ele me pediu favores também, há algum tempo atrás, mas nunca vi o pagamento. - seu maxilar trincou e um gole longo da bebida desceu pela sua garganta. - Você fará o mesmo?!

Eu: Ér... É claro que não, senhor. Quer dizer... - me enrolo com as palavras.

- Me chame de Dylan. Esse é meu nome. - balbuciou e me fitou. - Do que precisa, garoto?

Ele me dava certo medo, um arrepio incontrolável pelo corpo. Suas tatuagens estavam espalhadas por toda parte. Sua jaqueta, luvas e botas de couro transmitiam um ar de perigo e intimidação.

Eu: Preciso encontrar minha namorada. - digo firme.

Dylan: Certo. - exclamou e colocou o copo vazio sobre o balcão. - Tem uma foto que eu possa reconhecê-la, caso a veja em algum lugar?

Estava surpreso com a pressa e agilidade dele. Seria tão fácil assim?

Assenti e peguei meu celular, abrindo na galeria onde havia inúmeras fotos da Elena. Percebi o olhar de Henrique sobre o aparelho, observando cautelosamente em silêncio. 

Eu: Aqui está. - mostro ao mesmo.

No primeiro momento ele afastou-se um pouco e arregalou os olhos, impressionado com o que via. Franzi a testa e o olhei com certa curiosidade, querendo saber o motivo de sua reação. Mas logo ele se ajeitou no banco e se recompôs. 

Dylan: Essa é a tua namorada? - questionou e balancei a cabeça em positivo. - Bela garota. - elogiou.

Eu: Obrigado. - sorri fraco.

Dylan: Não vou perguntar o que ocorreu com ela, se foi sequestrada ou algo parecido. Isso não me importa. Apenas entrarei em contato com meus meios de comunicação e vou tentar rastrear o paradeiro dela. - informou e se levantou, prestes a ir embora. - Caso eu não ache ela, sinto muito. - disse e me deu as costas. 

Eu: Espera. - intervir e ele parou no meio do bar. Me olhou por cima do ombro, como se não ligasse para minha mera existência ali. - Quanto te devo por isso?

Ele sorriu amarelo para mim e pensou durante alguns minutos, até que colocou as mãos no bolso da jaqueta e virou - se.

Dylan: Quando encontrar ela, e vou fazer isso, viva ou morta, acertaremos o pagamento. Mas não pense que será barato, seu pai também me deve muito. - ressaltou.

Henrique: Isso é arriscado. - murmurou.

Eu: Como saberei notícias dessa investigação? Aonde posso achá-lo? - pergunto com um semblante determinado.

Dylan: Não achará, eu te acharei quando descobrir algo. - disse com desdém e se voltou para a porta. Acenou e saiu do estabelecimento.

Henrique: Isso é arriscado demais, Jhonatan. - reforçou outra vez. - Pense nas consequências de tudo isso.

Eu: As consequências será eu ficar pior do que já estou, se não achar Elena. - digo sério.

Henrique: Sobre isso, não me contou que estavam namorando. Desde quando ela deixou de ser a esquisita que você odiava, e passou a ser sua namorada que parece tanto amar? - juntou as sobrancelhas.

Eu: As coisas mudam, cara. - suspiro e apoio minha mão em seu ombro. - E você não faz ideia do que ela conseguiu fazer comigo.

Paguei pelas cervejas que ingeri e me despedi de meu amigo, indo em seguida para casa outra vez, aonde teria apenas o imenso vazio e solidão.

(...)

No dia seguinte, acordei e me arrumei para ir ao colégio, já que não podia mais faltar, senão iria repetir no último ano. Minha animação não estava uma das melhores, mas pelo menos uma nova chama de esperança havia nascido em mim com a aparição de Dylan, que me ajudaria.

Passei pelo extenso corredor, parando no meu armário para apanhar meus livros das respectivas aulas. Olhei para o armário de Elena, que não havia movimentação desde seu sumiço.  Optei por não comentar com ninguém sobre aquele ocorrido, não queria envolver mais pessoas naquela tragédia.

Fechei a porta e me virei disposto a ir para a sala de aula, mas acabei esbarrando em alguém, resultando em derrubar seus livros.

Eu: Me desculpe. Não vi você. - digo e me agacho para ajudar a recolher.

Levantei meus olhos ao ver uma cabeleira loira, seus olhos se encontraram ao meu e percebi serem esverdeados. Sua pele era tão clara, podia ser facilmente confundida com um perfeito branco límpido.

Ângela: Obrigada. - proferiu e terminou de recolher seu material.

Eu: Ângela, não é mesmo? - indago, enquanto coço a nuca.

Ângela: Sim. - assentiu e contraiu os livros contra seu peito.

Eu: Eu sou... - fui interrompido.

Detestava isso.

Ângela: Jhonatan. Sei bem quem você é. - ressaltou sem expressão alguma.

Eu: É alguma fã minha? - pergunto num tom divertido. 

Ângela: Não, mas já conheço sua fama de pegador por essa cidade. Aliás, meu pai é advogado, e ele depôs contra o seu pai.

Meu corpo enrigedeu de repente, fazendo com que meus punhos se fechassem involuntariamente. Odiava me lembrar daquele cretino, que foi tão canalha comigo e com minha família, que por um segundo quase feriu minha amada.

Eu: Ah... Ângela Miller, não é esse seu nome então? Bem que você era familiar. - balbucio.

Ângela: É, eu estava no auditório no dia do julgamento do seu pai. Até fiquei admirando você, por ser tão bonito. - revelou.

Eu: Obrigado. - agradeço envergonhado.

Ângela: Bom, tenho que ir. Até mais. - a mesma sorriu fraco e passou por mim.

Tive a improvável vontade de me virar e olhá-la se afastar, mas o sinal me impediu. Peguei minhas coisas e me dirigi o mais rápido possível para minha classe.

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Olá, pessoal!

Aqui está mais um capítulo de O Inesperado, espero que gostem, fiz com muito amor e dedicação.

Se possível, votem e comentem.

Um beijo do coração, e até a próxima... 😘👽🌟

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O Inesperado (Em Revisão)Onde histórias criam vida. Descubra agora