00 • All too well

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Kate precisou usar a sua própria mão como proteção quando o vento despenteou o seu cabelo escuro, ainda tendo consciência do instante em que Roman sorriu ao seu lado e não demorando muito tempo até que pudesse acompanhá-lo, com as risadas de ambos acompanhando a música que tocava no rádio naquele mesmo instante. Era uma boa forma de dissipar o nervosismo que parecia ter tomado conta de si desde o instante em que colocou os seus pés para fora do pequeno prédio onde morava em Bern.

Conhecer os pais do namorado parecia um passo importante em seu ponto de vista, apesar de achar que ainda era um pouco cedo para um passo tão importante.

Passou horas com Nina no facetime, tentando escolher algo que parecesse realmente apropriado e confortável para o momento, assim como passou a última noite quase que inteiramente em claro, tentando convencer a si mesma que era uma boa ideia.

Entretanto, Roman parecia tão empolgado com tudo, que preferiu não voltar atrás, mandando uma mensagem e inventando algo de última hora relacionado a Universidade. Nina estava certa quando a alertou que o amigo era extremamente adepto a relacionamentos e aquilo incluía seguir todos os passos de um. Perguntava-se constantemente se era tão errado sentir-se insegura acerca dos próprios passos, mas ele era tão seguro de si que a estudante preferia apenas fechar os olhos e confiar.

Era aquela típica fase inicial de namoro.

Os dois se conheceram através de Nina apenas alguns meses antes e algumas várias mensagens depois o Goleiro Suíço a convenceu que ir ao cinema era bem melhor que escolher algo no catálogo da Netflix para que o final de semana passasse mais rápido. Não poderia negar que ele havia sido insistente ao segui-la em suas redes sociais ou quando deu um jeito de conseguir o seu telefone com Nina. Também foi pega completamente de surpresa quando todas aquelas flores foram entregues em seu nome no dia do seu aniversário.

Roman Bürki venceu Catherine Hemmings pela insistência e todos sabiam sobre. Kate gostava de algumas das suas manias e teve consciência do instante no qual ele ultrapassou o sinal vermelho, por ter sua atenção completamente focada nela, enquanto escutava uma das suas histórias sobre um trabalho que precisava apresentar na faculdade e de como estava tendo trabalho com a sua conclusão. Roman mantinha os olhos sobre si o tempo inteiro e as piadas feitas pelos amigos eram frequentes.

Naquele momento, conseguia observar a cidade passando diante dos seus olhos, com as folhas alaranjadas das várias árvores caindo e se acumulado ao lado das mesmas, entrando em contraste com os tons neutros que pareciam ser parte da arquitetura medieval Bern. Os chafarizes continuavam nos mesmos lugares de sempre, assim como as ruas estreitas e torres históricas, que dividiam lugar com os bares, boutiques e pequenos cafés.

Os cafés de rua definitivamente estavam na lista de lugares preferidos de Kate e todos que a conheciam sabiam do seu enorme vício por cafeína e tudo que a envolvesse. Era algo bom para iniciar o dia ou desestressar depois de uma das semanas de provas e Roman tinha conhecimento sobre, porque ele costumava aparecer em seu apartamento quase todas as manhãs, levando consigo uma embalagem com descafeinado.

Precisou esfregar as suas mãos uma contra a outra quando chegaram ao destino final naquele final de tarde e não foi apenas pelas temperaturas mais amenas daquela época do ano na cidade. Sorriu gentilmente quando Roman retirou seu cachecol e passou ao redor do seu pescoço, ainda deixando um beijo na ponta do seu nariz ao se afastar. Era o mesmo o qual eventualmente era esquecido no apartamento que dividia com Nina e Gabrielle e o qual pegava para si na primeira oportunidade.

Roman Bürki era carinhoso e apreciava o contato físico, sempre buscando uma maneira de se aproximar, mesmo que minimamente.

Quando entraram na casa, com as mãos entrelaçadas, Kate primeiro conheceu Martin e logo em seguida Karin. Marco a cumprimentou em reconhecimento, pois já se conheciam havia certo tempo.

Roman era ligado a família e era algo que admirava, porque também era extremamente apegada a sua família e sempre encontrava um tempo para ir até Dortmund.

O interior da casa era aquecido e qualquer pessoa sentiria-se bem-vinda. Kate identificou o cheiro de chocolate quente e biscoitos se espalhando pelo ambiente e respondia às perguntas curiosas de Karin o mais sinceramente que poderia.

Eles eram uma família parecida com a sua e Kate descobriu que o motivo de Roman ser goleiro era o seu pai. Sentaram no sofá um lado do outro e o olhar curioso dos seus pais não passou despercebido, ainda mais por ser a primeira garota a qual ele levava para casa. Os pais de Kate se sentiriam da mesma maneira no instante em que ela tomasse a sua decisão e o levasse para casa consigo no próximo feriado ou final de semana.

Karin não perdeu a oportunidade de mostrar um álbum de fotos cheio de fotos antigas. Kate passou cada uma das páginas com atenção e foi inevitável não sorrir de algumas, conseguindo notar o constrangimento estampado no rosto de Roman. Em muitas delas, ele estava com Marco e em outras estava começando a treinar com o BSC Young Boys. Pegou o celular e fotografou uma delas para si, com a desculpa que precisava mostrar para Gabrielle e para Nina o quanto ele havia sido uma criança adorável. Sua mãe contou as mais variadas histórias sobre aquela época e Kate sorria quando seus olhos encontravam os do namorado. Ela sabia quando ele estava sem jeito e aquele era um dos momentos.

Eles eram um casal e as características de um eram facilmente notadas.

Kate perdeu as contas de quantas manhãs acordou com Roman dormindo ao seu lado ou usando uma das suas camisetas, que nela se assemelhavam bem mais a vestidos. Ela gostava de usar as roupas dele e sentia-se confortável com o fato. Roman tinha algumas das suas coisas em seu apartamento e era algo que ela preferia ignorar, para não se permitir pensar que as coisas estavam ficando sérias bem mais rápido que deveriam. Lembrava-se de sorrir por horas seguidas depois que dançaram na pequena cozinha, quando ele achou que era uma boa forma de consolo após um dia ruim.

Porém, também recordava-se de quando as coisas começaram a desandar e de como as brigas ou discussões bobas se tornaram frequentes dia após dia.

Lembrava-se de como as desculpas se tornaram comuns e de como as roupas dele foram sumindo aos poucos do seu armário pelos meses seguintes. Os telefonemas se tornaram mais raros, assim como as mensagens de boa noite ou desejando um bom dia.

Tomou a decisão final por conta própria quando os caminhos passaram a se tornar distante um do outro. Kate nunca soube como lidar com relacionamentos e lidar com eles a distância parecia uma ideia absurda para aquele momento da sua vida. Ela definitivamente nem mesmo estava pronta para um relacionamento daqueles.

Roman queria uma coisa e ela queria outra completamente diferente. Colocar um ponto final em tudo não foi uma das decisões mais fáceis da sua vida, mas, ainda assim, aquela parecia ser a decisão mais sensata e ela acreditava que era o melhor para ambos.

Gabrielle estava certa quando afirmou que eles estavam em fases diferentes e dificilmente duas pessoas poderiam caminhar juntas daquela maneira. Um telefonema foi o que mudou tudo e então estavam em definitivo um fora da vida do outro.

KÜSS MICH #01 BÜRKIOnde histórias criam vida. Descubra agora