Capítulo três

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Na manhã seguinte estou exausto. Lavo o rosto, escovo os dentes, desço em silêncio e me sento em um dos sofás da sala. O clima misterioso que a casa tem, não passa mesmo com a alegria que as manhãs geralmente refletem. Eu não paro de pensar no ocorrido na noite passada. A sombra que eu vi realmente era uma pessoa? Ou era a sombra de um galho que a luz da lua refletia sobre a janela? Vizinhos por menos de quarenta quilômetros não temos. Talvez foi uma peça que minha mente me pregou por causa da tensão, ou então minhas suspeitas de que algo ou coisa estranha convive nessa casa estão certas.

A velha de ontem chega varrendo o chão numa pressa que me assusta.

- Tudo bem com você? - pergunto.
- Tudo, por que? - responde impaciênte.
- Nada não, e comigo também está tudo bem - brinco.
Ela me olha com um olhar ameaçador.
- Você fala português muito bem, onde aprendeu? - digo pra quebrar a tensão.
- Não me lembro - responde ela.
- O quê?
- Não-me-lembro !
- Então ta né. Você não nos falou que ia ficar na casa.
- Também não disse que ia sair. E isso não é da sua conta garoto - retruca ela.
E depois sai.
-  Toma Charles ! - penso.

Me pego lembrando da figura de ontem outra vez, até que alguém me interrompe.
- Charles ! - diz Ana.
- acordou cedo hein? -
- Pois é - digo. E permaneço em silêncio como se ninguém estivesse ali.

O resto do pessoal, desse alguns minutos depois.
- Que cara é essa, Charles ? - pergunta Nicollas.
- Não é nada - respondo indiferente

Percebo o que eu Fiz e me desculpo.
- Foi mal, é que não dormi bem.
- Então, bom dia flor do dia ! - diz Max.
- Cala a boca - digo jogando uma almofada em seu nariz. Nesse momento, um menino de uns nove anos desse correndo as escadas.
- O que foi isso ? - diz Shopia.
- Eu não sei, só sei que aquela peste está com os meus tênis da sorte nas mãos - responde Beatriz - Vou pegar esse muleque.

Uma linda garota ruiva mais ou menos da nossa idade desse as escadas. Provavelmente procurando o menino.

- Desculpa gente, meu irmão é muito engraçadinho. Eu vou dar um jeito nele - diz a garota docemente.
- Você é? ...  - pergunta Beatriz.
- Emma, me chame de Emma.
- Então EMMA, diz pro seu irmão devolver meus tênis por favor.
- Eu digo sim. Me desculpe.

Emma me da um sorriso e eu retribuo. Depois sai.

- Por acaso estamos numa pousada ? - Diz Ana.
- Desculpa gente, quando achei o anúncio num catálogo velho lá em casa, eu vi que a avó e dois netos continuariam na casa depois de alugada - diz Sarah.

- Ai gente, deixa isso pra lá - diz Shopia - tá na hora de ver o que vamos fazer hoje, vamos todos pra sala de estar; tomar um café e decidir onde vamos.

Eu levanto e pego Shopia pelo braço enquanto todos saem. Nicollas olha por cima dos ombros com um sorriso zombador. Mando ele sair despistadamente e me viro pra Shopia.
- Você não quer sair por ai hoje a tarde? Só eu e você.
- Charles, não vai rolar. Você é bonito mais é so meu amigo, e aliás você é bem dizer meu irmão. E eu não te vejo sendo mais que isso pra mim. E tenho certeza que você também não.

Ela sai balancando seus cachos castanhos exuberantes. E me deixa tentando entender o que aconteceu. Depois de uns segundos pensando, o que eu sinto por ela é amor, mas não é amor entre um casal, mais sim um amor entre amigos... entre irmãos. Creio que o mesmo que sinto por todos os outros. Só confundi tudo na minha mente. Decido ir pra sala de estar. Tomo meu café, e começamos a discutir sobre quais atividades na floresta fazeremos hoje a noite.

- Eu sugiro um acampamento na beira de um rio por ai - diz Max.
- Pode ser. Deixamos pra subir as montanhas outro dia - diz Ana.
- Gente esperem um segundo, vou buscar meu celular no quarto - diz Beatriz. E depois sai.
- Mas não combinamos que íamos ficar sem tecnologia? Diz Nicollas.
- Era né, mais aqui não tem rede e aquela senhora não vai nos dar a senha do wifi. Então o celular vai ser inútil, só falta ela perceber isso - diz Sarah.
Todos riem.
Continuamos a discutir sobre as atividades para o próximo mês até que um grito estridente de Beatriz ecoa do andar de cima. Todos correm.

Sete Medos(Em Revisão)Onde histórias criam vida. Descubra agora