Capítulo sete

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Corremos pela floresta, tropeçando em pedras e em galhos quebrados. As árvores entortam em uma curva de uns quarenta graus, que as faz parecer uma vara de pescar. Gritamos pelos outros, nome por nome, mas temo que os gritos estão sendo abafados pelo vento demasiado forte e violento.

- Aqui! Estamos aqui Charles - ouço Max gritar à alguns metros. Corremos até eles desesperados.

- Graças a Deus! - exclama Sarah.
- O que tá acontecendo aqui? Ouvimos vozes vindo da meio da floresta - grita Ana, pra sua voz não ser abafada.
- Não temos tempo pra conversar agora, precisamos sair daqui já! - Diz Emma.
- Mas em qual direção devemos sair? Estamos perdidos! - Diz Beatriz.
- Não estamos não, moro aqui à muitos anos, sei como sair daqui! E é melhor irmos logo, acho que as coisas vão piorar.

Vamos correndo as cegas pela densa floresta seguindo apenas o som dos passos de Emma. Beatriz chora à cada raio que cai e a cada trovão que ecoa ao redor. A chuva volta a cair, só que mais forte, mais intensa, mais volumosa. Ouço um grito, e vejo Beatriz agachada perto de uma árvore. Ela chora como se estivesse sentindo muita dor, mas é o pavor que faz suas lágrimas cairem e os gritos vazarem de sua garganta automaticamente à cada raio que cruza o ar.

- Vem Beatriz - todos gritam.
- Por favor, Deus! - grita ela.
- Não precisa desse desespero todo Bea - diz Max.

Outro raio cai, só que dessa vez no tronco da árvore que Beatriz está escorada. Ouço seu grito agudo seguido pelo enorme estrondo da árvore caindo no chão. Vejo que Beatriz correu antes de ser esmagada.

- Vamos! Corram! - Grito.

Aumentamos o passo ao máximo que podemos. O vento fica mais forte, tão forte que um carvalho de três metros voa acima de nossas cabeças, e cai em nossa frente, dificultando nossa passagem. Ao tentar pular o tronco da árvore recém arrancada, Sarah tropeça e torce o tornozelo. Nicollas a leva no colo nos fazendo diminuir a velocidade. De repente uma névoa nos cerca, e a voz de antes volta a ecoar em nossa frente.

- Crianças! Vocês sentiram a minha ira!
- Ai meu Deus! o quê que é isso? - murmura Max.

A névoa começa a se transformar em fogo, como gás de cozinha. Estamos cercados, a chuva e o vento da tempestade, não diminui as chamas que se alastram em um círculo cada vez mais estreito.

- Me desculpe quem quer que esteja tentando nos matar! Mas eu não vou morrer aqui nessa floresta com a minha namorada machucada - murmura Nicollas - Ou a gente morre aqui parados, ou morremos tentando viver. Se preparem, vamos passar pelas chamas.
- Tudo bem - concorda Shopia - espera aí, o quê?
- Isso mesmo, melhor morrer com esperança, do que morrer assim, totalmente em rendição. Preparados?

Ninguém responde, mas corremos contra as chamas que estão cada vez mais altas. Sinto o calor se aproximar do meu rosto, até que o calor chega ao seu clímax. Nossas roupas se incendiam rapidamente, nos fazendo ficar quase nus. Nós nos batemos e rolamos pelo chão, na tentativa de apagar as chamas antes que comece a queimar de verdade nosso corpo. Encontro uma enorme poça d'água, e me jogo completamente sobre ela. Todos fazem o mesmo.

- Todos bem? - pergunto.
- Estamos bem sim, as chamas não chegaram a atingir nossa pele, só um detalhe da pulseira de Ana que derretou sobre o seu pulso - diz Shopia ofegante.
- Tudo bem, Ana?
- Arde muito, mas vou ficar bem.
- E você Beatriz, está mais calma?
- Um pouco! - responde ela enquanto limpa as lágrimas.
- Gente, Olha! - diz Emma.

Naquela adrenalina toda nem percebemos que estávamos na estrada, à alguns metros da casa. Entramos com as roupas totalmente deformadas, mas o que temos de fazer agora é entender o que aconteceu, e por quê.

Sete Medos(Em Revisão)Onde histórias criam vida. Descubra agora