Capítulo oito

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Chegamos todos dentro da casa, ainda apavorados e alguns em choque. Me jogo num sofá e tento assimilar esses acontecimentos em minha cabeça. Penso na sorte que tivemos por não termos sido esmagados pelas árvores, atingidos pelos raios ou até mesmo queimados naquelas chamas. Quase não tivemos absolutamente nenhum arranhão. Com certeza pura sorte.

- Eu quero ir embora daqui agora! - Atira Beatriz.

A senhora da casa chega na sala e fica boquiaberta.

- O que aconteceu com vocês? Por que suas roupas estão queimadas? Ai Meu Deus!
- U-uma voz nos ameaçou na floresta e tinha passos atrás de nós e também veio a chuva e depois o fogo... foi tudo muito rápido! - Diz Shopia com a voz vacilante.

- Uma voz? - Diz a senhora incrédula.
- É.
- Não brinque com isso criança!
- Mas vó Nara, é verdade - Diz Emma - Eu vi, e ouvi.
- Cale a boca Emma. E vocês não toque mais nesse assunto.
- Mas vó...
Nara dá um tapa bem forte no rosto de Emma, que fica em silêncio enquanto vê a avó sair.

Sarah geme de dor, e é levada por Nicollas para dar um jeito no seu tornozelo torcido.

- Tom! Tom! Tom! - grita Emma.

O menino chega timidamente perto da irmã. Ele abre a boca mas Emma o interrompe.
- Tom! Quem escreveu a frase no quarto?
- Não fui eu, eu já disse!
- Eu sei que não foi você, mas quem é essa mulher que anda conversando com você ?

Ela agacha.

- Eu não sei, ela nunca me disse seu nome!
- O que ela quer Tom? - Emma grita.
- Ele - o menino aponta em minha direção.
- O que? M-mas por quê? - digo.
- Ela não me disse, ela não me disse! - ele sai chorando.
- Quero ir embora agora! - diz Ana.
- Não dá, a cidade é muito longe e está muito tarde! - diz Max.
- Então o que a gente faz? Ficamos aqui esperando sermos mortos por sei lá o quê?
- Gente, precisamos pensar com com calma. Eu também preciso tirar minha avó e meu irmão desse lugar, mas teremos de esperar até amanhã.
- Eu não vou esperar até amanhã! - fala Beatriz.
- Ah vai sim, à não ser que queira enfrentar aquela tempestade ou aquilo  de novo - diz Emma.

O vento lá fora abre as portas com um baque muito forte. Eu as fecho com dificuldade. Nicollas e Sarah voltam. Parece que Sarah está melhor.
- Teremos de subir pra um quarto e esperar até amanhã - Diz Nicollas.
Todos concordam meio apreensivos, mas sem opção.

A noite é longa, ninguém dorme e ninguém conversa. A chuva lá fora parece a mesma; com ventos muito fortes e raios cruzando o céu. Emma foi pro seu quarto, e nós sete continuamos deitados no mesmo quarto, olhando o relógio à todo momento. O tempo não passa. Olho em volta, e as três da manhã todos estão cochilando. Um vulto passa pela porta do quarto entreaberta, mas tento ignorar, até que olho novamente pro lado e dou de cara com um rosto, este tem a pele ressecada, uma aparência desnutrida e um olhar vazio. A figura abre a boca e se aproxima rapidamente. Acordo assustado e olho imediatamente para a porta, que se encontra entreaberta, como no sonho. Como também no sonho, todos dormem. Me levanto e ando pelo corredor em direção ao quarto de Emma. Abro a porta e à vejo deitada com os olhos abertos. Ela olha pra mim, e me manda entrar. Sento ao seu lado e ouço um longo suspiro vindo dela.
- Charles, acho que eu sei o que está acontecendo, e vocês precisam saber.

Sete Medos(Em Revisão)Onde histórias criam vida. Descubra agora