Capítulo catorze

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Desespero e angústia flui em meu peito.
- Cadê a Beatriz? - pergunta Nicollas.
- Calma, ela disse que ia passar no quarto dela.
- Passar no quarto? Você deixou ela ir sozinha? imbecil! - grito.
- Mas ela só foi...
- Cala a boca!... Desculpa cara mas cadê a Beatriz?

Beatriz entra no quarto. Ela para e observa nossas reações.

- Que caras são essas gente? - diz ela. Não me contenho e respondo:
- Você é muito idiota mesmo, né Beatriz? No meio desse caos todo você passa no seu quarto pra pegar...
- A foto dos meus pais, fui pegar as fotos dos meus pais!

O silêncio toma o quarto, até que eu o quebro.

- Não dava pra fazer isso depois? Caso você não saiba, tem gente que se preocupa. Mas como sempre você só pensa em si mesmo.
- Claro que não penso só em mim, pelo contrário, fui sozinha porquê se algo acontecesse comigo, aconteceria somente comigo!
- Tá bom, e fazer isso sem avisar não foi nem um pouco egoísta não é?
- Tá bom, desculpa, não tinha pensado direito.
- Mas deveria! - grito.

Não sei o porquê, mas quero gritar, quero xingar, preciso fazer isso. A vontade de colocar tudo pra fora me sufoca.

Nicollas segura o meu ombro e diz:

- Calma Charles, não precisa de tudo isso, já passou, já era.

Abro a boca pra responder, mas me contenho.

- Gente, foco aqui por favor! Sarah está apavorada! - diz Ana.
- Todos nós estamos apavorados! - digo.
- Não, não é isso, é como uma fobia!
- Sarah tem pavor de escuro! - murmura Nicollas.

Me sento na cama pra me livrar da raiva repentina. Os chutes param completamente, mas a escuridão permanece, só conseguimos nos enxergar com a lanterna do celular, cujo a bateria não vai durar muito tempo.

Nicollas abraça Sarah, e ela o agarra como se ele fosse um galho em um precipício. Sarah treme, chora e olha ao seu redor pra ter certeza que ainda estamos com ela.

Bea se senta ao meu lado.

- Me desculpa? Estava nervoso e preocupado.
- Não, o erro foi meu, você estava certo. Mas deixa isso pra lá.
- É melhor mesmo, me desculpe. Mas porquê Sarah tem tanto medo Bea? - sussurro.
- Não sei, mas não podemos julgar, medo é assim, sabemos que pode ser bobo mas ainda sim ele permanece.
- Entendi.
- Todos temos um medo bem pessoal que as outras pessoas achariam ridículo se soubessem. Ela se sente como eu me senti na floresta, no meio daquela tempestade minhas pernas travavam, e a todo momento sentia que um raio cairia sobre minha cabeça, sentia que eu ia morrer. E é assim que ela deve estar se sentindo, como se algo a puxaria e a mataria no meio da escuridão, não posso explicar.

Assinto. Beatriz vai acalmar Sarah.

- Todos fizeram o combinado? - pergunto.
- Como imaginavamos o telefone não funciona, ainda mais agora! - diz Nicollas.
- Nem sinal de saida, as janelas não quebram como se tivessem um campo de força, já as portas nem se mexem! - diz Max.
- E nenhum sinal do Koll! - murmura Paul.

Vejo os olhos de Paul se enxerem d'água com a falto do amigo.

A maioria de nós estão tão exaustos que nem expressamos o medo e o pavor que sentimos. São Meio-dia e a escuridão toma os céus. Max tenta quebrar a janela com uma barra de ferro, mas depois de um tempo desiste e tira a cortina para que entre a mínima claridade das poucas estrelas que à no céu.

Será que a escuridão só está ao redor da floresta? Ou ocupa toda a cidade? Não posso saber.
Sarah treme apavorada, e o resto está em extremo estado de choque, nem o pavor se manifestou sobre eles. Precisamos dormir, precisamos comer. Nara adula Tom para que durma, mas é obrigada a tampar os olhos do menino quando o corpo de Koll bate na janela no lado de fora. O corpo está pendurado por uma corda, seus braços balançam sem vida e os olhos ainda estão abertos.

Sarah grita.
Ana desmaia.
Paul chora.
Eu me desespero.

Sete Medos(Em Revisão)Onde histórias criam vida. Descubra agora