Tulius sempre soubera que o destino de suas filhas encontrava-se distante de Landivia, pois sua esposa havia lhe dito antes de dar seu ultimo suspiro. Seu olhar manteve fixo em Muriel pensando em formas de mante-la ao seu lado. Saber que Safira viveria longe dele já partira o seu coração em tamanhos suficientes, Tulius não suportaria perder mais uma de suas estimadas filhas.
— Eu vou voltar – Muriel sorriu ligeiramente ao abraçar o seu pai, aconchegando-se ao seu peito. Quando anunciou a sua decisão de ir a Vantis com Safira viu o desespero em seus olhos – Irei ajuda-la, meu pai e em seguida retornarei.
—E se não retornar? – Perguntou fraco ao abraça-la com força – Não posso perder mais uma filha.
—Não perdeu Safira. Acabou de ganhar um filho com um gênio pavoroso e logo um neto, não tenho duvidas.
Tulius sorriu levemente ao perceber a razão nas palavras de sua filha.
— Se eu pudesse as manteria para sempre em meus braços.
— Sabemos disso – Disse carinhosa ao fechar os olhos. Ela queria sentir aquele amor por mais um tempo.
***
Quanto mais Lucien caminhava por Landivia, compreendia o amor que Safira sentia pelo seu reino e pelo seu povo. Todos o saudava com alegria, pois desde que o vira com a princesa confiaram nele. Em Landivia não havia medo como em Vantis ou em qualquer outro reino. Aquele era um reino pacifico.A espada que mantinha em sua cintura, ele sabia que não precisaria usar em Landivia.
—Rei de Vantis – A voz graciosa de Lizia o fez parar e olhar para o lado. Ela sorria enquanto seus cabelos loiros voavam na direção do vento – Vejo que minha irmã não esta sendo uma boa anfitriã. – O sorriso dela se alargou ao se aproximar de Lucien, o qual mantinha a sua expressão séria. – Não precisa se preocupar comigo, sou inofensiva.
— Se é o que diz – Disse sem vontade ao olhar em volta. Ele preferia andar sozinho pelo reino. A companhia de Lizia não lhe deixava confortável por algum estranho motivo.
— Pode confiar em mim, Lucien – Ela se aproximou ainda mais dele, caminhando ao seu lado – Não está preocupado sobre onde Safira deve estar?
—Não.
— E por qual motivo?
—Confio nela – Disse ao lhe encarar com frieza – Se pensa fazer algo para nos separar, saiba que não hesitarei em mata-la com minha espada.
Lizia se assustou antes de gargalhar em resposta.
— O que acha de brincar comigo?
— Sobre o que está falando?
— Eu apagarei sua memoria sobre Safira e se ao vê-la se recordar dela, aceitarei esse casamento.
—Presumo com isto que não aceita a minha união com sua irmã.
— Acho que está usando-a. Pode não pensar nisso agora, mas é isso que fará. Homens como você faz o possível para ter o reino sobre o seu controle, e Safira representaria a vitória. Todos sempre nos usam e nos descartam quando lhe é conveniente.
— E é isso que pretende fazer comigo.
—Se não a amar, obviamente irá se esquecer dela – Sorriu convencida. Lizia sabia que a memória uma vez apagada não retornava. Apesar de enxergar uma estranha bondade em Lucien, temia pela sua irmã e preferia fazê-lo esquecer dela e ter a sua irmã afastada de si do que vê-la sendo usada por alguém que amava.
—Faça então – Lucien sabia que estava sendo louco, mas prometera para Safira que se casaria com ela, se a sua família o aceitasse.
Lizia sorriu ao morder o lábio antes de ficar na ponta dos pés, segurar o rosto entre suas mãos e olhar em seus olhos profundamente. O calor apoderou-se de seu corpo, a respiração tornou-se ofegante e seus dedos formigaram ao pensar em Safira. Quando apagava a memória de alguém precisava pensar no objeto ou na pessoa que deveria ser esquecido, pois um erro e a identidade da pessoa sumiria, talvez até a sua essência que a fazia ser humana. Ela permaneceu daquela forma por um longo período até se afastar dele, estranhando a forma como seu olhar se tornara avermelhado.
— Não vai mais tentar? – Lucien perguntou sorrindo, assustando-a. Seu poder funcionava com todos, incluindo com sua própria família.
— Como conseguiu ficar imune a isso? – Perguntou perplexa ao olhar para suas próprias mãos.
— Sei que estava mentindo.
— O que?
—Disse que iria me recordar dela se a amasse, mas era mentira. De alguma forma, eu vi isso quando tentava apagar a minha memória.
— Está dizendo que conseguiu ler a minha mente quando eu tentava apagar suas recordações? – Ele concordou sério – Isso... É impossível – Murmurou perplexa ao olhar confusa para os lados – Isso.. Não pode ser possível. Ninguém deveria conseguir isso. – Lucien deu de ombros ao levar a mão aos seus cabelos – Somente se, fosse o homem de quem li.
— Homem sobre quem leu?
—Sim – Murmurou cansada – Há uma antiga história sobre um homem capaz de anular qualquer poder. Este homem havia nascido com o proposito de acabar com as injustiças e trazer a paz entre os reinos. Ele não poderia ser derrotado, a menos que a pessoa que amasse fosse morta. Este seria seu ponto fraco.
— Que tipo de lenda é essa?
— É uma história que escutamos quando crianças, mas meu pai comentou uma vez que minha mãe havia lido em um livro sobre profecias. Um tipo de livro escrito por um dos primeiros do reino de Landivia.
—Esse homem da profecia parece muito bom.
— Na verdade, ele consegue ter o mal e o bem consigo. Ele é a existência das duas vertentes do mundo. Da mesma forma como pode salvar todos, pode destruí-los.
Lucien a olhou com incredulidade. Jamais acreditara em lendas, histórias ou profecias, pois para ele o que fazia algo alterar a história era trabalho árduo e estratégia.
— Sei que acredita nisso, mas não sou esse homem. – Disse ao virar de costas e ir em busca de Safira. A família dela se tornava cada vez mais louca.
— Na profecia, ele possuía olhos vermelhos que assemelhavam-se ao sangue que derramava dos seus inimigos e um cabelo que trazia o mesmo destino. Parece que está falando sobre você.
Lucien a ignorou ao seguir em frente. Ele não precisava de mais um problema para lidar.
Continua...
____________________
Sei que devem estar surpresos pelo cap e tristes pelo tamanho, mas espero que tenham gostado dessa pequena revelação.. rsrs E agora o que será que Lizia vai aprontar? Ela é amiga ou inimiga??
VOCÊ ESTÁ LENDO
Tentação Real [Completo]
RomanceSer uma princesa do distante reino de Landivia era considerado uma honra entre toda a população. Ninguém ousava contestar as decisões deles e muito menos desrespeitá-los. Ser da realeza de Landivia era uma benção divina. O único problema do reino er...