Dia seguinte - Aila

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O olhar de Celius pousou no homem adormecido no chão e em seguida para a jovem amarrada próxima a cama. O jovem de Landivia não sabia o que dizer para Safira ao olhar para a sua expressão ansiosa, algo que dificilmente conseguia vislumbrar no olhar da princesa. Desde que haviam ido para aquele reino descobrira novas expressões em sua face, e odiava pensar que nenhuma de suas novas expressões era para ele.

— Irá me ajudar? – a voz ansiosa de Safira fez com que Celius assentisse contra a sua vontade. Olhou para a jovem de estatura pequena tentar erguer Lucien sozinha, o que o fez sorrir – Não é para rir.

— Perdoe-me – sorriu mais uma vez antes de se abaixar e segurar o rei – Para onde devo leva-lo?

— Para os meus aposentos – respondeu observando a reação de seu amigo.

Celius hesitou por alguns instantes antes de concordar. Seu dever de protege-la deve estar acima de seu amor.

***
O corpo de Lucien repousava na cama de Safira, a qual olhava para Hadan com receio. Ela não sabia o quanto poderia confiar em sua dama de companhia. Ao lhe pedir para chamar por Celius não ponderou as consequências de seus atos, e agora a verdade lhe angustiava.

— Devo buscar alguma poção? – Hadan perguntou temerosa ao olhar para o rei – O rei não parece estar bem – murmurou. Safira sentia que Lucien estava bem. De alguma forma, ela sabia.

— Não precisa, apenas me deixe a sós com eles – disse referindo-se a Celius e Lucien. Hadan concordou, não demorando para sair do quarto ainda com o olhar assustado – O que pensa estar fazendo? – o timbre de voz de Safira fez com que Celius a temesse. Ela jamais falara com ele naquele tom de voz antes – Anda negligenciando a minha segurança. E eu espero que tenha uma excelente desculpa para isso.

—Me perdoe, princesa –fez uma reverencia que a deixou ainda mais nervosa. Desde nova não se sentia confortável quando faziam isso em sua frente, e ele sabia disso. – Permanecei ao seu lado.

— Eu sei o quanto deve estar sofrendo, mas lembre-se que veio me acompanhar para me proteger.

— Eu sei.

— E não faça mais isso – murmurou – Não me abandone mais, meu amigo.

Celius olhou para Safira sentindo-se mal pelo seu comportamento egoísta. Em seu íntimo já conhecia os verdadeiros sentimentos dela, mas ainda assim se enganava todos os dias ao imaginá-la como sua esposa. Desde criança sabia que ela jamais iria corresponder aos seus sentimentos, porém tinha esperanças.

—Não farei – prometeu incerto sobre a sua própria força de vontade. Ele ainda a queria. – E o que faremos com ele? O que aconteceu? – olhou para o rei ainda adormecido na cama.

Pela primeira vez após ter o vislumbre do futuro, Safira se perguntou se havia feito a escolha correta. Percebera tarde demais que a sua ação motivaria o rei a desejar o sangue da nobre de Vantis. Assim como em sua visão.

—Precisamos esperar ele acordar – se viu falando com a culpa corroendo o seu interior. – Eu posso ter sido a culpada pela morte da nobre. O que posso fazer?

— A culpa está em sua face – Celius falou ao observá-la. Após passar anos ao lado de Safira, já descobrira seus trejeitos quando se sentia desconfortável com algo – O que acontecer será culpa, única e exclusivamente, do homem deitado.

Safira sabia que ele tinha razão, mas ainda assim não se sentia confortável.

***
O gosto amargo, a desorientação e o desconforto foram as primeiras coisas que Lucien sentiu ao abrir os olhos e se deparar com o olhar de Safira em si. Olhou para si mesmo por reflexo e em seguida para ela, como se buscasse respostas.

Tentação Real [Completo]Onde histórias criam vida. Descubra agora