Um Olhar (COMPLETO)

Capítulo 19

Após dar meu depoimento na delegacia eu me convencia mais ainda que  deveria procurar meus pais.
Mas o estranho era que eles nunca tinham dado nenhuma queixa de desaparecimento meu.

Saímos de lá a tarde e após levar Kátia e Maria para suas casas Gustavo me levou na minha.

Entramos ainda sem nos  falar e eu vou em direção a cozinha beber água.

Ele senta em meu sofá e começa a olha fixamente para a janela onde dar para ver o sol se escondendo atrás das nuvens. A noite logo ia chegar.

Respiro frustrada e sento ao lado dele.

-Me desculpe.~Falo e ele me olha com  uma expressão indecifrável.

-Pelo quê?

-Sei lá. Você simplesmente surtou só porque uma garotinha veio me abraçar e depois vem discutir comigo então não sei só me desculpa .~Falo e ele me abraça colocando o rosto em meu pescoço.

-Você não entende. Eu só não quero que nada de ruim te aconteça. Esse é meu jeito de cuidar de você. ~Fala e eu inspiro o perfume inebriante.

-Você não sente vergonha de mim?~Pergunto e ele se afasta olhando em meus olhos como se quisesse saber se eu falava sério.

Mas eu falava sério. Depois de tudo que ele havia descoberto.

-Vergonha? ~Pergunta e então me surpreende ao levantar do sofá e me puxar junto pelas mãos.

Então leva as mãos ao meu coque desarrumado soltando meus cabelos longos. Seus olhos brilharam nesse momento e meu coração começou a acelerar.

Gustavo me guiou até a frente de um espelho comprido que tinha perto da minha televisão.

-O que está fazendo? ~Pergunto deixando um leve sorriso escapar.

-Olha bem esse espelho. Olha só que imagem linda tem nele. A cor dos olhos dessa pessoa. Seus lindos cabelos longos e seu belo corpo curvilíneo. A doçura que ela tem no olhar e o desafio que se faz presente no mesmo. E os lábios? Percebeu que lábios lindos e tentadores? Ela é hipnotizante. ~Fala e me vira ficando de frente para ele.

Suspiro sentimental.

-Vergonha seria se eu encontrasse você e não quisesse que fosse minha.
Vergonha seria não admirar a bela mulher que se tornou. Vergonha seria não gostar de você. ~Sussura aproximando os lábios dos meus.

Não aguentei e o segurei pelo pescoço o beijando com desejo. Uma de suas  mãos agarraram meu cabelo e a outra minha cintura. Saímos em um beijo com amassos até que logo eu estava perto do sofá. Tropeço caindo no mesmo e ele cai em cima de mim.

Meu coração ameaçava parar de bater mas ainda assim batia descompassado.

Você ainda não está pronta para avançar. ~Meu subconciente avisa.

Guardo ele no bolso e volto a beijar Gustavo. Nenhum dos que  haviam tocado em meu corpo me fazia sentir como ele.

Suas mãos vão para a barra de meu vestido e ele começa a levanta-lo aos poucos. Meu coração acelera e eu fico tensa. Seus beijos se tornam mais intensos e por mais que eu estivesse gostando do momento eu senti que ainda não estava pronta.

Maldito subconsciente.

Coloquei minha mão sobre a sua a parando no ato. Ele para então de me beijar e começa a me olhar com os olhos culpados.

Se levanta e eu faço o mesmo sentindo uma dor desconhecida no maldito coração.

-Sinto muito. Não quiz forçar a barra.~Fala passando as mãos pelo cabelo e eu abaixo a cabeça.

-Desculpa.~Falo frustrada.

-Ei.~Ele chama se aproximando e levantando meu queixo com a mão.

-Vamos com calma tá legal? Não é culpa sua. Eu sei o que passou e não deveria ir com tanta pressa. Temos todo o tempo do mundo.~Fala e me da um selinho.

-Tudo bem.~Respondo.
-janta comigo essa noite?~Pergunto meio sem jeito. Ele praticamente havia passado o dia comigo e eu ainda tinha faltado a tarde toda no trabalho.

-Claro.~Fala sorrindo e eu vou tomar um banho enquanto ele resolve pedir uma comida por ligação.

Começo a tirar o vestido e jogo o mesmo no cesto de roupa. Minutos depois estou relaxada deixando a água descer por meu corpo.

Depois de sair do banho e colocar uma calça jeans e uma blusa azul cheia de estrelas começo a pentear os cabelos. Deixo o mesmo solto e passo meu perfume Eggeo que eu amava. Então vou para a sala e o vejo mechendo no celular.

-Oi.~Falo meio sem jeito e ele me olha levemente surpreso.

-Como é possível que esteja ainda mais linda?~ Questiona vindo em minha direção e eu sorrio.
-Ja pedi um jantar para nós. Vamos.~Fala pegando em minha mão e me levanto até a mesa.

Sentamos e vejo que havia uma variedade de opções.

-Tudo isso? ~Pergunto surpresa  e ele parece  se envergonhar.

-Eu não sabia o que você ia querer então pedi várias coisas.~Fala e eu afirmo com a cabeça sem querer estragar o momento.

Então começamos a comer e falar de coisas cotidianas.

Ambos rimos de situações engraçadas de nossa infância e eu sentia meu coração acelerado a todo momento.

Aquele  era outro Gustavo.

Então eu lhe faço uma pergunta que o faz fechar a cara na hora.

-E seu passado? Agora você sabe tudo de mim então certamente deveria me contar seus segredos. O quê escondes?~Questiono e ele fecha os olhos inspirando fundo.

-Não vamos falar sobre isso Juliana.~Responde e eu franzo as sobrancelhas.

-Mas é justo tendo em vista que você sabe tudo sobre mim.~Falo indignada e ele abre os olhos me olhando com o habitual olhar frio.

-Eu disse que quando estivesse pronta poderia me contar mas eu ainda não quero nem estou. Então vamos mudar de assunto.~Fala friamente.

-Mas eu...~Começo a falar e ele me corta.

-Já chega. Estou indo embora.~Fala se levantando e eu seguro em seu braço.

-Tudo bem me desculpe. Quando estiver pronto. Mas não vá ainda.~Falo e ele suspira.

Então o puxo para a sala e sentamos no sofá.

-Então hoje.. a noite.. nós dois... foi uma espécie de encontro? ~Pergunto colocando minha cabeça em seu ombro e ele me abraça.

- Não. Ainda não.  ~Responde fazendo meu coração parar.

Fecho os olhos irritada comigo mesma por ser tão idiota e ele fica em silêncio como se estivesse pensando.

Não sei se em algum momento aquele homem ia perder seu jeito frio. Talvez eu não conseguisse salva-lo de seu passado.

Ficamos assim por um tempo até que sinto o sono chegando e a fraqueza me tomando.

Acabei dormindo.

Sinto que estou sendo carregada por alguém e logo sinto minha cama macia.

-Boa noite.~Sussurra uma voz em meu ouvido e após me dar um beijo na testa parece ir embora.

Mas eu estava cansada demais para abrir os olhos e ver.