Capítulo 23

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-Como assim você matou seu irmão? ~Pergunto aflita e Gustavo respira fundo enquanto olha para o mar.

-Ele era o tipo de filho perfeito. O namorado perfeito e um exemplo como rapaz. Eu era sempre o que achava que amor era uma baboseira e que namorar era para caras idiotas.
Mas Guilherme não. Começou um relacionamento com Roberta  parou de saí comigo nas baladas, nas festas da faculdade e coisas assim. Eu ainda não tinha amadurecido e ficava no pé dele dizendo que ela não era garota para ele e que o melhor seria terminar. Foi quando fui surpreendido ao saber que ele já havia se deitado com ela. Foi a primeira garota com quem ele teve relação já que era bem certinho.

-Como nossa mãe morreu quando nos deu a luz e foi nosso pai que nos criou, ele achou certo que Guilherme casasse com a moça e a trouxesse para morar conosco em nossa casa, que por sinal era uma das maiores da região.
Meu irmão aceitou e a pediu em casamento. E eu? Praticamente explodi e não aceitei. Ela era uma das garotas que ja tinha ficado com praticamente todos da faculdade e só não ficou comigo porque respeitei meu irmão. Então, eu falei que ia sair de casa se isso acontecesse. E como meu irmão manteve sua palavra firme eu saí mesmo contra a vontade de meu pai.~Ele fala cabisbaixo e eu sinto uma brisa fria passar e me encolho.

Ele se aproxima mais e me abraça de lado passando as mãos em meu ombro. Não o afasto e ele volta a falar ainda tenso.

-Eles casaram e meu irmão gêmeo parecia estar feliz. Eu continuei na vida de sempre e mesmo meu pai insistindo para voltar para casa eu não quiz...
Então foi quando eu soube que Roberta havia traído meu irmão e que havia fotos dessa traição. Claro que eu consegui as mesmas. Eu estava
disposto a esfregar as fotos na cara de meu irmão...
Liguei para Guilherme e marquei um encontro com ele. Como meu irmão era bom, achou que iríamos nos reconciliar e que eu voltaria para casa então foi nesse encontro. Eu bebi muito na ida para lá. Quando cheguei no local marcado eu mostrei as fotos  rindo da cara dele. Ainda me lembro das palavras que usei.

-Isso é o que dá escolher uma vagabunda como esposa ao invés de uma moça direita...

-Issó pode ser brincadeira. Roberta não faria isso comigo.~Meu irmão fala com a voz embargada.

-Ah faria sim. Tanto que ela fez.~Falo rindo dele e ele amassa a foto com força.

-Ela está grávida Gustavo...~ Fala furioso e sai andando depressa em direção a um táxi que ele não havia vindo com seu carro.

Eu paro no lugar perplexo. Roberta grávida?

-Guilherme espera!~Grito e corro em direção a ele.

Me ofereço para levá-lo.

-Eu não acredito que ela teve coragem de me trair. Ela disse que havia mudado.~Ele fala furioso com lágrimas nos olhos enquanto eu dirijo.
-Acelera esse carro Gustavo. ACELERA PORRA.~Ele grita e eu obedeci.

Eu ia conseguir acabar com o casamento deles então por que eu não estava feliz?

-Guilherme talvez eu...~Começo a falar e ele explodio.

-Não precisa jogar na minha cara que você estava certo Gustavo eu sei disso. ACHA QUE EU ESTOU FELIZ EM SABER QUE MINHA ESPOSA ME TRAIU? QUE O FILHO QUE ELA CARREGA PODE NÃO SER MEU? O FILHO QUE EU AMO ANTES MESMO DELE TER NASCIDO?
ACELERA A PORRA DESSE CARRO E FAZ CHEGAR LOGO EM CASA POR FAVOR.~Ele pede e em um ato desesperado tenta aperta o em cima do meu para eu acelerar. Mas isso me faz pisar no freio e viro o volante com força.

Indo de encontro a um grande caminhão...

Ainda me lembro de ver meu irmão gêmeo com a cabeça sangrando e o corpo sem vida. Eu me senti culpado. Me senti um mostro. Me senti a pior pessoa do mundo. Eu havia matado meu próprio irmão.A dor e a culpa me consumia.Então quando Roberta soube, esfregou o teste em minha cara me mostrando que o filho era de meu irmão e me provou que as fotos haviam sido tiradas na despedida de solteiro dela enquanto ela estava muito bêbada....~Gustavo Fala e as lágrimas começam a descer de seu rosto.

Me afasto dele com os olhos arregalados e ele me olha como se soubesse que eu ia querer distância dele.

-Sim Juliana. Eu o matei. Destruí a vida da esposa dele e do Davi, meu sobrinho. Era isso que eu não queria te contar porque eu sou um mostro que prometeu não amar ninguém desde aquele dia. Eu prometi não me casar ou criar uma família porque ja que eu havia tirado isso do meu irmão eu não merecia essas coisas. Mas você apareceu e eu me apaixonei loucamente... Eu queria cuidar de você. Mas como contar a garota que eu sou apaixonado que eu sou um assassino? ~Ele questiona e sinto que estou chorando.

O que responder a ele naquele momento?

-Por que Davi te chamou de pai?~Pergunto e ele abaixa a cabeça.

-Roberta sempre mostrava fotos de Guilherme a ele e como somos idênticos, ela queria que eu me passasse por ele para que Davi não sofresse ao saber que o pai estava morto. Ele é uma criança mais é muito esperto. Eu ia algumas vezes e ele ficava feliz ao me ver mais nunca me chamou de pai. Naquele dia na minha sala foi a primeira vez e eu fiquei em choque. Roberta tinha ido justamente reclamar que eu não estava indo ver ele com frequência e me fez lembrar que eu não merecia estar com você porque Não, não foi um acidente como eu tento me convencer. Eu fui o culpado na morte dele.~Ele fala e eu fecho os olhos sentindo a dor em meu coração.

A criança não teve culpa. E havia crescido sem o pai por uma ação de puro egoísmo de Gustavo.

Roberta errou mas talvez amasse Guilherme e realmente estivesse mudando.

Levanto do chão e ele também levanta assustado.

-Juliana eu..

-Eu quero ir embora.~Falo e retiro o paletó dele o entregando o mesmo.

-Minha linda, não faz assim. Você disse que queria saber do meu passado e aqui está. Eu te contei. Mas não se afasta por favor. ~Ele pede e eu sinto outra lágrima descer de meus olhos.

Já estava virando um hábito chorar.

-Eu quero ir embora. ~Volto a falar e ele respira fundo fechando os olhos. Ao abrir o mesmo seu olhar estava frio e distante.

-Tudo bem.~Responde e me leva para
casa em seu carro sem dizer mais uma só palavra.

Ao chegar na frente da mesma ele para e respira fundo.

-Precisamos de um tempo.~Falo e ele arregala os olhos mas depois volta ao estado frio em antes

-Tudo bem Juliana. Nunca estivemos namorando mesmo.~Fala friamente e eu me surpreendo. Eu queria um tempo para pensar. Estávamos passando por momentos muito difíceis no momento e precisávamos colocar os pensamentos  no lugar. Mas ouvi-lo falar assim me magoou.

Talvez nós dois estivéssemos magoados.

Desci do carro e bati a porta com força.

Entrei em casa e senti as lágrimas descerem de meus olhos. Ele saiu em velocidade máxima com o carro fazendo um enorme barulho.

Meu coração estava quebrado.
Eu não sabia o que fazer.

Então liguei para alguém que eu sabia que poderia me ajudar.

Ligação on.

-Alô minha linda...Que saudades.

-Maria preciso de você.~Falo e ela parece está pegando a bolsa correndo.

-Chego aí em dez minutos.~Fala e desliga a ligação.

Ligação off.

Caio sentada no chão e volto a chorar.

Minha vida era uma completa merda e eu nunca ia poder construir uma família, ter filhos ou ser feliz...

A felicidade não era para mim.

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