Capítulo 20

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Acordo com o barulho irritante de meu despertador e levanto preguiçosamente.

Me olho no espelho e vejo que meus cabelos estavam uma bagunça completa. Vou ao banheiro tomar um banho e vejo a roupa do dia anterior. Meu vestido estava no cesto e eu ainda não tinha tido tempo de lava-lo.

Logo me arrumo e em menos de vinte minutos estou na empresa.

-Bom dia Leandro.~Falo e o mesmo me dá um sorriso levantando de sua cadeira e vindo em minha direção.

-Bom dia Juli. Tudo bem depois de ontem?~Fala após me dá um beijo na bochecha e eu fico surpresa com sua reação.

-Tive problemas pessoais, mas estou bem sim.~Falo e ele afirma com a cabeça.

-Soube de Kátia e do namorado maluco dela. Mas o me impressionou foi saber o que você faz com ele. Me lembre de nunca te deixar irritada.~Fala piscando e consegue me arrancar  um sorriso.

-Digamos que ele mereceu.~Falo sorrindo e então escuto o que parecia ser uma discussão vindo da sala de Gustavo.

-Lá vem. ~Leandro fala Suspirando.

-Quem está lá dentro?~Questiono e ele volta a sentar em sua mesa.

-Uma mulher com um lindo garotinho de olhos azuis chegou aí. Gustavo cancelou todas as reuniões e já estão aí dentro a um bom tempo.~Fala e eu franzo as sobrancelhas.

Garotinho de olhos azuis?

-Hum. Interessante. Mas deixa eu ir começar com a limpeza. Até mais.~Falo e vou em direção aos banheiros.

Começo limpando o primeiro e o segundo.... Não deu...

A curiosidade falou mais alto.

Peguei um espanador, vassoura e balde e fui em direção a sala dele.
Gustavo havia me falado para fazer a limpeza de sua sala duas vezes por dia, então essa era a desculpa.

Entro sem bater como sempre faço e consigo reparar umas coisas.

1-Ele estava irritado. ( Grande novidade.)
2-A mulher que estava alí era linda. Ruiva de olhos claros.
3-O gatotinho tinha lindos olhos azuis e cabelos negros, era a cara de Gustavo.

Senti meu coração gelar.

Logo todos estão olhando para mim.

-Venha fazer a limpeza outra hora Juliana.~Fala respirando fundo.

Eu sou idiota, não burra.

-Anda Gustavo eu já falei e estou esperando sua resposta ~A ruiva fala sem se importar comigo.

-Juliana por favor volte depois.~Volta a falar levando uma mão as têmporas.

-O Davi não pode esperar sempre. Você prometeu que ia nos ver.~Ela fala e eu arregalo os olhos.

Seria sua esposa ?
Seria seu filho?

-Roberta por favor eu tenho outras coisas a fazer não posso ficar indo visitar ele criando uma falsa ilusão.~Fala levantando e ela também  levanta irritada.

O garotinho que  aparentava ter cinco anos  estava assistindo tudo com um sorriso bobo no rosto.

-LEMBRE-SE QUE O GUILHERME MORREU POR SUA CAUSA ENTÃO VOCÊ ME DEVE ISSO.~Grita apontando o dedo na cara dele.

Gustavo a olha frio e com dor ao mesmo tempo. Enquanto eu apenas olhava a cena.

Eu não estava entendendo nada.

-Foi um acidente.~Ele fala e ela ri alto.

-Acidente? Isso é baixo até para você. Admita Gustavo, você queria a morte dele.~Cospe as palavras na cara dele e após pegar o garoto no colo sai em direção a porta.

Até que uma frase me faz paralisar assim como ela e Gustavo.

-Papai.~O pequeno fala sorrindo para Gustavo que arregala os olhos. A tal Roberta parece encher os olhos de lágrimas e sai correndo com o garotinho.

Meu coração estava a mil e eu não sabia o que fazer.

Ele não estava me olhando nos olhos.

Eu precisava de explicações.

-Gustavo...

-Sai dessa sala Juliana. Por favor só sai.~Fala respirando com dificuldade e eu saio batendo a porta com força.

Sinto meus olhos marejarem e corro em direção ao banheiro mas acabo esbarrando em Leandro que me segura pelos ombros.

-Opa! Está tudo bem Juli? ~Pergunta e eu nego com a cabeça.

Então ele me abraça. Não fala mais nada ou pergunta também. Apenas me abraça. E por mais que eu estivesse surpresa não recuei.

Minutos depois ele me solta e sorrir amigável.

-Um abraço sempre resolve o que palavras não são capazes. ~Fala e eu sorrio fraco.
-Sempre que precisar pode vir pedir mais desses.~Fala e eu afirmo com a cabeça.

Saio em direção a minha casa e sinto novamente a sensação de estar sendo observada. Dane-Se essa sensação. Gustavo não havia mentido e sim omitido uma parte de sua vida. Ele tinha um filho e talvez um esposa e nunca havia me contado isso. Eu o odiava com todas as minhas forças.

Chego em casa e respiro fundo. Se eu perdesse o emprego por ter saído na hora do expediente dane-se também.

Minha vida era uma droga. Uma grande e maravilhosa droga.

Vou ao banheiro e lavo o rosto tentando me acalmar. Carambolas, ele tinha um filho.

Olho para todos os lados sem saber o que pensar quando vejo o cesto.

As roupas.

O vestido.

O bilhete.

Droga! Como eu havia esquecido do bilhete que aquela menininha havia me dado?

Pego o vestido com pressa e vasculho o bolso encontrando o pequeno papel.
Abro curiosa e vejo que não há recado apenas um endereço.

Rua bernys 194
Última casa.
Espero.

Viro os lados do bilhete mas não havia mais nada escrito apenas esse endereço.

Espero? Quem estava me esperando? Será que Maria tinha razão em dizer que podia ser coisa de bandido?

Enfio o papel  no bolso e volto para a empresa.

Então limpo as salas de reuniões e o resto dos banheiros. Uso minha hora do almoço e termino toda a limpeza. Duas horas da tarde e eu já tinha acabado tudo. Não peço a Gustavo permissão para sair apenas vou embora avisando a Leandro que a sala do chefe poderia ser limpa no outro dia.

Passo em casa apenas para trocar de roupa e por mais que eu não devesse ir nesse tal lugar do bilhete a curiosidade falou mais alto.

Porque eu sabia que conhecia aquela garotinha.

A rua do tal papel era bem distante dalí. Ficava perto de uma favela e me senti com medo de ter ido sozinha.

Então cheguei lá. Na Rua, no mesmo número e na tal casa. Mas eu sou doida e não burra. Apenas fiquei observando de longe. A lâmpada da casa estava acesa e parecia ter apenas uma mulher lá dentro. Pela janela eu vi que de costas para mim ela pegou uma garotinha no colo.

Era a mesma.

Pego o celular pronta para ligar para alguém quando ela vira e eu finalmente a vejo.

Era ela.

Minha amiga.

Alí, diante dos meus olhos estava Natálya. Minha amiga que eu não via desde o meu estupro dois anos atrás.

Um Olhar  (COMPLETO) Onde histórias criam vida. Descubra agora