Capítulo 18

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-Como assim, Lúcio te batia e você nunca quis denucia-lo?~Pergunto a Kátia que estava chorando a minha frente.

Estávamos na minha casa e Maria também estava ao meu lado.

A coitada quase infartou ao saber o que eu fiz no aeroporto.

Mas ainda não havia lhe contado o motivo de ter batido nele.

-Eu o amava.~Ela responde algum tempo depois.

-Isso não é amor. Você é doce, simpática, linda... Como pode ama-lo?~Questiono e ela sorrir amargo ainda chorando.

- Esse é o problema Juliana. Quando eu o conheci, ele era doce... um lindo rapaz de olhos verdes. Meu coração acelerou e eu não detectei o perigo.
O problema é que a gente não escolhe por quem vai se apaixonar. A pessoa pode ser a pior do mundo,  ainda será a mais bela aos seus olhos.~Responde com novas lágrimas.

-Ainda o ama?~Pergunto e ela abaixa a cabeça.

Mas se ainda o amava seria por pouco tempo.

-Tá certo. Espero ouvir a resposta depois de te contar meu passado.~Falo e Gustavo aparece na sala.

Logo entende o que estou prestes a fazer e senta ao meu lado segurando a minha mão. Maria segura a outra mão porque já espera que algo ruim estava por vir.

Então eu fecho os olhos e novamente conto tudo...

Eu estava cansada de guardar aquele segredo.

Talvez tivesse se passado horas enquanto eu contava.

Kátia não parou de chorar em nenhum momento. E Maria coitada, passou mal duas vezes.

Mas cada vez que eu contava aquilo parecia que meu corpo ficava mais leve.

Porque diferente de Carlos, eles não me julgavam.

Sentiam minha dor comigo.

E após terminar de contar Gustavo beija minha testa e sai da sala.

Ele sabia que eu ia precisar daquele momento com as meninas.

-E foi isso.~Falo minha última frase suspirando.

Maria Corre e me abraça e depois para minha surpresa começa e me dar tapas.

-Mais que droga Maria. Endoidou? ~Pergunto enquanto ela aumenta a força nos tapas.

-COMO PODE TER ABANDONADO SEUS PAIS ?~Pergunta e eu começo a chorar.

-Maria, calma! ~Kátia pede baixinho e Maria não para.

-EU SINTO MUITO PELO QUE VOCÊ PASSOU E EU JURO QUE VOU MATAR ESSE SEU EX NOIVO. EUUUU VOUU O MATAR OU NÃO ME CHAMO MARIA BAIANTY THINT .~Ela grita e então para de me bater e me abraça com força.

Ambas choramos.

Sinto as mãos de Kátia nos envolver E o abraço se torna mais aconchegante.

***

-Vamos ter que denucia-lo. Pelo que ele te fez e pelas vezes que  ele me bateu.~Kátia fala minutos depois de conversas e lágrimas.

-Então você vai denucia-lo?~Pergunto e ela sorrir triste.

-Claro Juli. As vezes a gente só precisa de alguém que nos mostre o quanto a pessoa que achávamos amar não merecia esse amor. Eu vou superar. Acredite.~Ela fala e eu afirmo com a cabeça.

-Então vamos todos a delegacia. Vou chamar Gustavo.~Maria fala e sai em direção a cozinha.

-Ainda não sei se estou preparada para voltar ao passado. Maria tem razão, talvez eu devesse ter procurado meus pais ou devesse ter denunciado Lúcio. Mas eu era apenas uma garota e não sabia o que fazer.~Falo levando as mãos a cabeça e Kátia senta ao meu lado colocando a mão em meu ombro.

-Calma. Você amadureceu com o tempo e isso é bom. Agora está na hora de fazer justiça. Sabe-se lá quantas garotas também sofreram nas mãos dele? Eu sei mais que ninguém o que é ser iludida por palavras falsas de amor, sei o que é se ver aprisionada a esse alguém. Mas eu mudei. Na verdade estou mudando porque como dizem: pior cego é aquele que não quer ver e eu quero ver. Quero colocar Lúcio atrás das grades pelo que ele fez a mim, a você e outras pessoas e vamos conseguir. Vamos sim.~Ela Sussura e então me abraça.

Logo Gustavo e Maria aparecem na sala.

Nos levantamos enquanto enxugo minhas lágrimas e Gustavo segura em minha mão com força.

-Vai ficar tudo bem.~Ele Sussura daquele jeito rouco que faz meu corpo arrepiar.

Eu estava rodeada de pessoas que dizia que tudo ia ficar bem então porque não confiar?
Vai ficar tudo bem ~ouvi meu subconsciente afirma e então sorrir.

Sim, ia ficar tudo bem.

***

Saímos da minha casa e íamos em direção ao carro de Gustavo quando vi uma pequena garota se aproximando de mim.

Ela parecia ter uns dois anos.

Todos entraram no carro mas eu ainda estava fixada na garotinha de cabelos negros.

Eu a conhecia. Mas de onde ?

Então ela sorrir para mim e segura na barra de meu vestido.

A pego no colo e mesmo olhando para os lados não via ninguém.

-Olá baby. Cadê sua mãe? ~Questiono mais para mim que para ela ainda olhando para os lados.

Então a garotinha me mostra um papel em suas mãos e eu a coloco no chão.

O que era aquilo?

Estava a ponto de ler quando ela sai correndo.

Gustavo desce do carro e me olha sem entender.

-Quem era aquela Juliana? E o que é isso em sua mão? ~Pergunta no modo mandão e eu saio correndo atrás da garota sem lhe dar explicações.

Eu conhecia ela. Mas da onde?

Pensa Juliana. Pensa.

Enfiei o papel no bolso e corri e mesmo ouvindo os gritos de Gustavo, Maria e Kátia eu não me importei.

A pequena garotinha entrou em um beco e sumiu.

Como uma garota com aparência de apenas dois anos podia ser tão esperta?

Procurei em todos os lados mas não a vi.

Logo Gustavo aparece no beco com uma cara nada contente. Ótimo outra discussão.

-Enlouqueceu Juliana? Saí por aí atrás de uma garota que você nem conhece?  Poderia ser uma armadilha.~Fala e eu levo as mãos a cintura.

-Claro, com uma garota de apenas dois anos.~Falo e ele suspira frustrado.

-Vamos embora Juliana.~Pede nervoso e eu nego com a cabeça.

-Antes eu vou achar a garota.~Falo começando a vasculhar  o beco e ele segura meu braço com delicadeza e firmeza ao mesmo tempo.

-Vamos embora agora Juliana! ~Diz ele com um certo tom de irritação na voz. Sim, ele estava tentando controlar a raiva.

Eu nunca ia entender esse homem. Hora era um amor hora um completo idiota.

Me solto de seu braço e saio andando rápido. Eu já havia perdido a garota de vista mesmo.

Então entrei no carro e após ouvir umas brocas de Maria e Kátia dizendo que podia ser amarção de algum bandido com a intenção de me assaltar eu tentei esquecer a pequena garota.

E assim seguimos para a delegacia.

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