CAPÍTULO 1 - SÓ SE AMA UMA VEZ!!! SERÁ???

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DEBORAH

"Um alívio tomou conta de mim. Estava em outro lugar. Um lugar calmo, sereno e tranqüilo. Perguntei-me se aquilo era real ou fazia parte de uma ilusão criada pela minha mente para tentar se proteger. Eu estava me sentindo bem. Como a muito não me sentia. Deixei-me levar. Era isso o que eu queria. Sumir para que não machucasse mais ninguém!"

***

Senti algo quente me puxar e grãos de areia tocar minha pele. Fui invadida por uma fragrância que misturava orvalho e almíscar. Nunca havia sentido tal cheiro. Recobrando a consciência me deparei com um lindo par de olhos escuros. Era um belo rapaz de cabelos negros, compridos e molhados que caiam em seu rosto perfeito. Usava somente um jeans escuro. A ausência de uma camisa revelava músculos primorosos. Não pude deixar de notar que ele usava um brinco discreto e um colar no estilo indígena.
Não sei o que estava acontecendo. Tive uma sensação estranha como se meu corpo se desprendesse e se conectasse a esse desconhecido. Seu olhar era hipnotizante. Não conseguia parar de admirá-lo. Aquele belo rapaz, aparentemente quileute, me olhava aflito e ao mesmo tempo, maravilhado? Ok! Aquilo já estava estranho. O que ele fazia ali?
Senti meu corpo clamar por ar e expulsar a água que estava nele.
- Hum... - gemi.
Obriguei-me a recobrar a consciência. Precisava saber quem era ele, embora, agora que o enxergava melhor, não me parecesse totalmente desconhecido. Ele era tão lindo que um sorriso fraco brincou em meus lábios. A chuva fina embaçava meus olhos. Mas o calor que emanava dele me invadia. Ele permaneceu me olhando fortemente. Porém tudo mudou. Analisando percebi que agora ele parecia em pânico.
- Você está querendo se matar garota? - falou baixo, mas alterado.
- Eu... Eu estou bem... - minha voz falhava.
- Bem? Você chama isso de bem? - apontou o meu estado.
- Não se preocupe. - falei.
- Não me preocupar? Você não está bem. - falou exasperado e ele já estava me irritando.
Livrei-me de seus braços e me coloquei em pé.
- Estou bem sim! Olha! - estiquei os braços.
- Aposto que sim... Se estivesse bem não precisaria que eu a salvasse! - revirou os olhos me deixando indignada.
Que grosso!
- Eu não precisava e não preciso de você! - declarei agressiva.
Foi ele quem começou!
- Escuta aqui menininha... - falou com raiva - Da próxima vez deixarei que você se afogue então! - sibilou.
- Quem você pensa que eu sou? - perguntei indignada - Você não sabe de nada! - falei.
- Bom a julgar pelas suas roupas de grife, você deve ser mais uma dessas patricinhas ricas e mimadas que vem a La Push achando que vão fazer caridade para índios. - falou debochado.
Mas que idiota! Como ele podia achar isso!
- E daí que eu tenha dinheiro? Está com inveja? - falei irritada.
- Em absoluto. - declarou - Eu não tentaria suicídio por causa de uma unha quebrada. Vocês são todas iguais mesmo. - devolveu.
Já chega! Eu não ia ficar aqui aguentando desaforos.
- Mas não se preocupe. Não haverá próxima vez por que pretendo nunca mais cruzar seu caminho. - falei saindo, mas estranhamento meus pés vacilaram.
Isso nunca havia acontecido antes. Meu equilíbrio era ótimo. Ele me segurou rindo.
- Infelizmente eu vejo que terei que acompanhá-la. - falou.
- Realmente não precisa se incomodar. Seu dia de Superman acaba agora. - falei debochando, mas ele não me soltou - Você é um idiota! Sai da minha frente! - rosnei.
- E se eu não quiser? - falou apertando os braços ao redor da minha cintura.
O calor de seu corpo me perturbava.
- Realmente você não me conhece. - sorri maléfica.
- Você acabou de se jogar de um precipício. Por acaso você acha que é a MM? - perguntou rindo e me soltou.
Saí com raiva.
- MM? - perguntei.
- Mulher maravilha. - falou rindo.
- Argh! - bufei furiosa - Idiota! - revirei os olhos e ele riu.
- Se eu sou idiota imagina o que você é MM? - perguntou debochado.
- Ninguém nunca te falou que suas piadinhas são ridículas? - perguntei irritada tirando minhas sandálias para que não caísse.
Havia me esquecido delas.
- Não costumo fazer piadas. - falou sério - Mas é que você é a piada. - terminou rindo.
- Você não deve ser humorista mesmo. Se não já teria morrido de fome. - falei debochada.
- Não mesmo. Sou o Superman não lembra? - perguntou rindo alto.
- Tchau idiota. - falei bufando.
- Ei! Onde pensa que vai? - perguntou.
- Embora. - segurou meu braço - O que você pensa que está fazendo? - perguntei o encarando.
- Certo... E não tem nada para me dizer? - perguntou.
- Não. - falei.
- Não te deram educação garota? Acabei de salva sua vida e você nem agradece? - perguntou indignado.
- Recebi uma educação exemplar. No entanto você não é digno dela. - falei desaforada.
- Garota eu vou... - falou ameaçadoramente me puxando mais para perto.
Pude sentir sua pele quente encostando-se à minha e seu hálito em meu rosto. O toque de nossas peles provocou uma corrente elétrica gostosa. Nunca havia sentido isso antes. Seu cheiro era tão maravilhoso que fechei os olhos. Então me toquei. O que eu estava fazendo com aquele estúpido ali?
- Vai fazer o que? - perguntei encarando-o.
Ele chegou mais perto me encarando de cima a baixo. Pude ver que ele mordeu seu lábio inferior e, quando achei que não tinha mais escapatória, ele me soltou bufando.
- Vai embora logo garota ou eu não respondo por mim. - falou fechando os olhos.
Parecia estar sofrendo. Não precisei de segundo aviso. Sai correndo dali e fui até minha casa. O que eu estava fazendo? Eu ia mesmo beijar aquele estranho? Está certo! Eu já fiz coisa pior... Mas não. Eu não poderia. E não quero me envolver com ninguém. Para mim o amor morreu junto com Caleb.
Entrei e Sarah já estava ao meu redor me chateando.
- O que aconteceu? Você está toda encharcada. - falou.
Odeio quando ela dá uma de irmã mais velha.
- Não enche. - falei fechando a porta do quarto em sua cara.
- Debbie... Deixe a gente entrar. - Isaac dessa vez.
- Me deixem em paz. Eu sou o monstro esqueceram? - falei irritada.
- Debbie... Só estamos preocupados. - Sarah falou.
- Não tem por que. Afinal eu só faço todo mundo sofrer. Me esqueçam! - falei.
- Por favor, Debbie. - os dois falaram juntos.
Pensei em como os fazer largarem do meu pé e resolvi conter um pouco minha raiva.
- Não aconteceu nada. Eu só fui dar um mergulho para esfriar a cabeça, e por acaso estava sem biquíni. Só quero ficar sozinha. Estou bem mesmo. - declarei.
- Ok! - responderam.
Tomei um banho demorado e vesti um pijama, pois não pretendia mais sair do quarto. Coloquei os fones e sintonizei uma rádio local. Fiquei ouvindo música.

TRILHA DO SOL

(Anjos do hangar)

Limpei, os teus olhos molhados de chuva.
E teu corpo queima insano por mil anos.
Chamei teu nome em vão, em vão pois não sabias quem
Era tua lua frente o sol nesses dias.

Quentes lábios de um anjo azul,
Primavera anil, a tempestade de novo
Eu não morrerei no fogo.

Antes de ver teu desejo lento me invadir, invade.
Vem, me livre da solidão que há em meu passado.

Limpei, minha alma de quem não me servia mais.
Hoje queria ficar contigo toda noite.
Provar o néctar dos deuses o vinho bom
De todos os pagãos, quedar em teu sexo doce e inocente
Hei anjo!

Só se ama uma vez o resto são paixões
Que se vão e vem tão rápidas quanto o sol do dia,
Brilha ao chegar da noite.

Antes de ver teu desejo lento me invadir, invade.
Vem, me livre da solidão que há em meu passado.

A música me chamou a atenção. Principalmente o trecho que dizia "Só se ama uma vez. O resto são paixões, que se vão e vem tão rápidas quanto o sol do dia". Pensei em Caleb. Nunca mais amaria alguém como ele. Dormi como uma pedra. Porém não tive pesadelos aquela noite. Somente aquele rapaz de olhos castanhos intensos veio assombrar meus sonhos. Sonhei com ele a noite toda. Estava intrigada. Quem será que era aquele ser detestável? Espero que seja de fora e que vá embora logo.

SARAH

Quase morri quando vi Debbie naqueles trajes beijando o meu Lucas. Depois de tudo explicado eu me sentia mal por ter duvidado do amor de Lucas. Estava abraçada a ele enquanto Isaac andava de um lado para o outro se sentindo culpado. Já fazia algum tempo que Debbie tinha saído e eu já estava ficando preocupada.
- Pare com isso Isaac! Está me deixando nervosa. - pedi.
- Eu não consigo Sarah. Eu não devia ter falado assim com ela. No fundo ela é uma criança ainda. - falou com os olhos tristes.
- Eu sei que a situação saiu do controle, mas Deborah precisa aprender a ter responsabilidade. - Lucas falou reflexivo e sério.
- Mas eu exagerei. - falou - Não vou me perdoar se algo acontecer com ela. - disse aflito.
- Que é isso? Não se martirize. Logo, logo ela estará aqui. - falei.
- E se ela não voltar Sarah? - perguntou com os olhos marejados.
- Eu não sei. Mas sinto que ela voltará logo. - ficamos em silencio.
Isaac foi para a cozinha e me deixou só com Lucas. Ele me olhava com uma expressão triste.
- Está tudo bem. Ela vai voltar. - falou me confortando.
Como ele podia ser tão doce?
- Não é isso... Você me perdoa? - pedi com lágrimas nos olhos.
- Lógico meu anjo. - falou compreensivo - Eu não sei o que faria se fosse o contrário. - falou e eu o beijei de leve.
Percebi que Isaac se movimentou na cozinha e me lançou um olhar. Já sabia o que era. Debbie estava voltando. Suspirei pesadamente e levantei. Observei-a entrar sem olhar para ninguém. Estava totalmente molhada e suja de areia com o calçado nas mãos. Fui até seu quarto com Isaac e Lucas me seguindo.
- O que aconteceu? Você está toda encharcada. - perguntei.
- Não enche. - falou fechando a porta do quarto.
- Debbie... Deixe a gente entrar. - Isaac pediu aflito.
- Me deixem em paz. Eu sou o monstro esqueceram? - falou irritada.
- Debbie... só estamos preocupados. - falei.
- Não tem por que! Afinal eu só faço todo mundo sofrer. Me esqueçam! - gritou.
- Por favor, Debbie. -falamos juntos.
Após um longo silêncio ela respondeu.
- Não aconteceu nada. Eu só fui dar um mergulho para esfriar a cabeça, e por acaso estava sem biquíni. Só quero ficar sozinha. Estou bem mesmo. - parecia mais calma e decidida.
- Ok! - respondemos.
Escutei o barulho do chuveiro. Ela estava bem. Chegando lá embaixo confortei Isaac que ainda estava muito triste.
- Ela está bem. Não se preocupe. - falei.
- Ela não vai mais querer olhar na minha cara. - desabafou.
- Dê um tempo para ela. Não sei o porquê, mas tenho uma boa impressão dessa saída dela. - falei.
- Tomara que você tenha razão. - falou saindo.
Eu não sei explicar, mas sentia que tinha acontecido algo. Minha irmã precisa parar de sofrer e algo me diz que hoje é o começo.

New ties of dawn - Part II Onde histórias criam vida. Descubra agora