CAPÍTULO 30 - NOVAS ESTRATÉGIAS

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SETH

As apostas estavam sendo feitas. Tinha que lutar com todas as armas disponíveis. E com certeza eu assim faria. O prêmio valia a pena!

***

Um velho ditado popular vinha à minha cabeça insistentemente: “Quando se perde algo, se aprende a dar valor”. Infelizmente eu havia perdido a Debbie. Estava confuso e confesso que ainda me sentia perdido. Mas era hora de colocar a cabeça no lugar.
Meu coração se corroía em pensar nela com Caleb. Por mais que eu odeie essa situação, não posso condená-lo. Eu fui um babaca, fraco e covarde. Agora estou colhendo os frutos de minhas más escolhas.
Eu havia prometido à Hana que buscaria minha felicidade. Refleti muito sobre o assunto e cheguei a uma conclusão. O único modo de eu ser feliz é tendo aquela garota petulante de volta. Se fosse preciso implorar, me humilhar, eu o faria. Se eu preciso ser o que corre atrás nessa história eu seria. E se no final eu percebesse que a felicidade de Debbie não é comigo eu a libertarei. Nada me importa mais do que ela estar bem. Mas também não vou ser hipócrita. Antes disso acontecer eu lutaria com armas disponíveis. E não seria um jogo limpo!
Eram quase cinco horas quando saí de casa. Estava ansioso e nervoso demais para enrolar. Cheguei à praia com o coração na mão. Pelo visto todos resolveram ir a praia. Não demorei muito para encontrar Isaac e os outros. Resolvi cumprimentá-los.
- Olá! – falei ao me aproximar.
- Oi. – responderam em uníssono.
- Quem é vivo sempre aparece! – Collin falou – A que devemos a honra de sua presença? – brincou.
- A praia é pública. – respondi com ar zombeteiro.
Conversamos sobre amenidades. Debbie não estava ali e aquilo já estava me deixando aflito, pois sabia que ela estava com Caleb.
Senti uma mão suave na minha e olhei. Era Sarah.
- Posso falar com você? – pediu usando o seu dom.
Assenti a seguindo. Nos sentamos um pouco distante do grupo.
- Sou todo ouvidos senhorita. – falei brincando.
Ela suspirou.
- Vamos falar usando o campo, pode ser? – pediu e eu assenti - Primeiramente... Quero te pedir perdão e quero que saiba que foi sem intenção. – falou e eu não estava entendendo nada – Depois que você voltou do Japão, eu estava com o campo aberto e sem querer captei seus pensamentos sentindo tudo o que se passou contigo. – arregalei os olhos assustado.
- Você contou a alguém? – pedi.
Mesmo sabendo que a resposta era uma negativa, precisava ter certeza.
- É lógico que não! - falou ofendida - Já te disse que foi uma falha grave. Eu não estava concentrada o suficiente e foi muito rápido. Você estava sofrendo com tanta intensidade que suas memórias preencheram minha mente e eu não consegui evitar. Me desculpe. – falou sincera.
- Tudo bem. Eu confio em você e sei que será discreta quanto à isso. – respondi.
- Agradeço sua confiança. Deve ter sido difícil passar por aquilo tudo sozinho. Me considero sua amiga e quero que saiba que pode confiar em mim para o que precisar. – ofereceu.
- Eu agradeço e digo o mesmo. – respondi.
- Já que estamos sendo francos eu tenho que te falar. Eu entendo os seus motivos e sei também que você é louco pela minha irmã. O que não entendo é porque você continua fugindo dos seus sentimentos? – perguntou.
Suspirei.
- Nossa relação é confusa. Não consigo conversar com ela sem brigar. Eu não consigo me concentrar em nada perto dela. Por mais que eu tente falar com ela coerentemente, as coisas nunca saem como o planejado. – revelei frustrado.
Ela sorriu.
- Debbie não é fácil. Ela é impulsiva. O ditado “É oito ou oitenta” se aplica bem a ela. – falou - Preciso fazer uma pergunta e espero que seja sincero. - pediu e eu assenti - O que realmente sente por minha irmã? - perguntou.
- Eu amo a Debbie. - respondi sem titubear.
Sarah abriu um imenso sorriso.
- E o que está te impedindo? -perguntou.
- Sei que errei e que Debbie merece mais. Eu quero ser esse "mais" para ela. Mas eu não sei mais o que fazer. Tentei me aproximar por bem, mas ela me só me cortou. Quando tento falar com suavidade, ela me recebe com uma pedra. E se eu falo mais a sério ela respeita, mas voltamos ao papel de chefe e empregada. – desabafei.
- Entendo. – Sarah disse simplesmente.
- E agora com a volta do meu primo as coisas se complicam. Eu não sei como agir ou o que falar. Eu estou perdido. Eu preciso de ajuda Sarah. – pedi pegando suas mãos.
Ela sorriu dizendo:
- Em minha opinião, Deborah ainda ama você. Eu não entendo porque ela está com Caleb. Pode ser que ela tenha cansado de sofrer. Você há de convir que não é fácil ser rejeitado. – falou.
- Mas eu não a rejeitei. – falei.
- Agora que eu sei do que se passou no Japão, eu compreendo. Mas Debbie não sabe de nada. Ela pensa que você a abandonou para voltar para os braços de Hana. Você também não foi justo com ela. – falou.
- É verdade. Mas eu não posso chegar e despejar essa bomba em cima dela. Você conhece sua irmã. Ela pode se sentir culpada e aí sim, não olhar mais para mim mesmo. – declarei.
- Pensando bem, você tem razão. Meu conselho é que vá com calma. Não force nada. Continue aparecendo “por acaso” para ela se acostumar com sua presença. – falou.
- Pode ser que você tenha razão. – falei.
Ela me apontou uma direção com a cabeça e olhei. Meu coração palpitou. Debbie estava sentada abraçada a Caleb. Os dois se comunicavam com o olhar. Havia tanta cumplicidade em suas feições. Soltaram-se e ela levantou tirando seu minúsculo vestido revelando um biquíni que deixava suas formas ainda mais exuberantes. Perdi uns segundos admirando-a e somente então vi que não era o único. Caleb estava com uma cara abobada. Fechei os olhos tentando controlar meus ciúmes e minha respiração.
- Deborah precisa ver em você alguém que ela pode confiar. – ela falou concluindo o que eu estava pensando - É isso o que ela mais ama em Caleb. A  lealdade, poder conversar com ele. Nisso ele sai ganhando de você. Apesar do que houve em Reykjavík, ela confia nele. Quem sabe agora, depois de saber o motivo de sua saída, mais ainda. – falou.
- Você tem razão novamente. Farei o meu melhor. – falei.
- É assim que se fala! Mostre que você se importa com ela. Tente controlar os ciúmes de Caleb. Aos poucos ela confiará em você. – falou se levantando.
Instintivamente a abracei agradecido.
- Muito obrigada mesmo Sarah. Conte sempre comigo. – falei sincero.
- Digo o mesmo. – falou sorrindo.
Escutamos um pigarro alto. Soltei-a e vi Lucas bufar.
- Será que vocês não podem largar minha noiva? – perguntou a puxando para seus braços.
- Vocês? - perguntei rindo.
- Aff... - bufou.
- Calma, amor. Só estávamos falando da Debbie. – justificou.
- Sei... Acho melhor pedir para Isaac ajudar os pretendentes de minha cunhada. – resmungou.
- Calma aí, amigo! Sarah não olharia para ninguém além de você. – defendi ela.
- Sei... Ela não precisa olhar. Vocês a abraçam assim mesmo. – falou carrancudo.
Eu ri alto dessa vez. Lucas ficava engraçado quando estava com ciúme.
Olhei novamente para onde Deborah estava e a encontrei me olhando. Sustentei seu olhar e ela desviou rapidamente corando. Sorri ao perceber o efeito que causava nela. Dessa vez Caleb não estava com ela. Debbie se dirigiu ao mar mergulhando como uma sereia.
- Vai com calma. Não esqueça. – Sarah falou e eu assenti.
Fui em direção a praia e mergulhei por um bom tempo, mas não a encontrei. Quando emergi a vi não muito longe. Minha respiração se alterou. Tinha que me controlar. Não podia esquecer-me disso, mas infelizmente, como tudo quando o assunto era Deborah, o tiro saiu pela culatra. O que aquele cidadão estava fazendo? Respira Seth! Respira!

New ties of dawn - Part II Onde histórias criam vida. Descubra agora