ISAAC
Não dormi direito. Sentia-me estranho. Estava nervoso, angustiado. Tomei um longo banho e vesti um moletom. Descia para o desjejum quando o telefone tocou. Atendi rapidamente.
- Alô! – falei.
- Alô? É da casa dos Black? – uma voz suave perguntou.
Suspirei e meu coração acelerou um pouco.
- Sim. É o Isaac. Com quem deseja falar? – perguntei.
- Oi garoto. É muito bom falar com você finalmente. É a Heloise. Seus pais estão? – perguntou.
Heloise... Eu não acredito nisso! Um desconforto tomou conta de mim. O que falei a seguir foi mais estranho ainda.
- O-o-oi. Não... – respondi sem graça.
Não sei o porquê, mas eu estava encabulado. Eu estava sozinho. Todos estavam em Nova Iorque para um evento da tia All. Como eu tinha aula não pude ir e vim direto para casa.
- Puxa... Eu estou chegando do Brasil e ainda não me acostumei com as estradas dos Estados Unidos. Esperava que eles pudessem me buscar ou me indicar como chegar. – falou.
- Hum... - soltei.
Fiquei em silêncio escutando somente sua respiração. Era estranho, mas eu não sentia a costumeira raiva ou desprezo. Era como se ela fosse uma pessoa diferente do que eu imaginava. Depois de alguns segundos ela completou.
– Bom... Acho que eu estou te incomodando. Acho que vou desligar... – falou parecendo envergonhada.
Só então me toquei.
- Oh me perdoe. Onde está a minha educação? – perguntei retoricamente – Eu posso buscá-la. A que horas chega? – perguntei.
- Eu não quero que se incomode. – falou.
- Não é incômodo algum. Que horas chega seu vôo? – perguntei.
- Às 14 horas. – respondeu.
- Vamos fazer assim... Você me passa o número do vôo e eu te espero lá. Ok? – pedi.
- Sim. É vôo número 554984, Rio de janeiro – Seattle. - falou.
- Certo. Ah... E como saberei quem é você? – perguntei o óbvio.
Ela riu. Sua risada era gostosa. Soava como se fossem sinos badalando numa noite de natal.
- Não se preocupe com isso. Eu te conheço por foto. A Debbie me mostrou a família toda. Em todo caso, estarei usando uma blusa com listras azuis e brancas. – falou.
- Ah... – é claro que minha irmãzinha querida tinha que mostrar para todo mundo nossas fotos - Então até depois. – falei.
- Até. – disse desligando.
Não consegui retornar ao que estava fazendo. Meu coração batia descompassado. Olhei o relógio e eram dez horas ainda. Comi e resolvi me arrumar. Terminei rapidamente. Seattle não ficava longe, mas mesmo assim peguei meu carro e saí. Quando cheguei à cidade meu celular tocou.
- Alô. – atendi parando em um posto de combustível.
- Ei! Não era para você estar em casa fujão? Onde você está? – Debbie perguntou debochada.
- Olá para você também. Estou em Seattle. Enquanto vocês estavam fora a Heloise ligou avisando que estava chegando. Vim buscá-la. – respondi simplesmente.
- Hummm... – ela falou.
Se eu bem conheço minha irmã, ela está mordendo o lábio inferior nesse momento.
- Eu não entendi esse “hummm”. – falei.
- Nada não. Mande um beijo para ela e eu espero os dois “logo” em casa. – falou.
- Pode deixar. Até depois. – me despedi.
Debbie era estranha. O que ela estava pensando será? Resolvi deixar essa pergunta para depois. Fui direto para o aeroporto. Estava estranhamente nervoso e ansioso. As horas se arrastavam. O horário marcado já havia passado e nada. Depois de meia hora foi anunciada a chegada do vôo. Coloquei-me em pé e olhei atentamente ao portão de desembarque.
Em meio à multidão de pessoas que se amontoavam um cheiro de orquídea invadiu o ambiente. Era o aroma mais perfumado que eu já havia sentido. Por um instante me esqueci do porquê estar ali. Fechei os olhos e apreciei o perfume que estava cada vez mais intenso me deliciando com a fragrância. Quanto mais intenso ficava o perfume, mais meu coração acelerava.
- Isaac? – a voz suave me despertou.
Abri meus olhos saindo de meu transe. Não podia acreditar no que os meus olhos viam. O mundo ao meu redor sumiu. Era como se um anjo tivesse caído na terra e resolvesse falar comigo. Eu simplesmente não conseguia desviar o olhar dela. Eu não tinha forças suficientes para isso. Algo aconteceu quando aqueles belos olhos escuros se encontraram com os meus. Era como se eu estivesse em um mundo preto e branco e enxergasse tudo colorido de repente. Como se visse a luz pela primeira vez.
Naquele momento, “Todas as linhas que me seguravam na minha vida cortadas ao meio em pequenos pedaços como se recortado as cordas de um punhado de balões. Tudo que havia me tornado aquilo que eu era - meu amor por minha família, minha lealdade para com ela, meu ódio pelos meus inimigos, meu lar, meu nome, eu mesmo - desconectado de mim naquele segundo - afundando, afundando, afundando - e flutuando pelo espaço. Não apenas uma corda, mas um milhão. Não apenas cordas, mas vários cabos. Um milhão de cabos roubados, todos tentando me levar para uma coisa - para o centro do universo. Eu podia ver agora - como o universo conspirava para este único ponto. Eu nunca havia visto a simetria do universo antes, mas agora era um plano. A gravidade da Terra não mais me prendia ao lugar onde eu estava. Era aquela garota a minha frente que me segurava aqui agora.” (citação de Breaking Dawn).
A garota tinha a pele dourada, lábios cheios e delicados, cabelos longos e escuros. Seu corpo era esguio e delicado. Trajava uma jaqueta azul claro com detalhes dourados sobreposta a uma blusa listrada preta e bege, short jeans e sapatilhas douradas.
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New ties of dawn - Part II
FanfictionDEBORAH Fiquei ali parada, olhando o mar. As lágrimas grossas escorriam por meu rosto embaçando minha visão. O desespero tomava conta do meu ser. Comecei a lembrar de todos os momentos em que vivi com Caleb. O que mais doía, foi estar tão perto e te...