CAPÍTULO 13 - CHEFE?

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DEBORAH

A vida continuava: chata e monótona. Nossos pais voltaram para Plascassier para resolver alguns assuntos. Lucas e Sarah não se desgrudavam. Isaac se dividia entre a escola, as rondas e suas experiências com nossos avós. E eu continuava entre a escola e a música. Estava indo tudo certo, mas eu estava entediada.
Não tínhamos aula, por isso estava em casa naquela tarde. Estava tocando uma nova composição em uma das gaitas que ganhei do meu pai quando tive uma idéia. Os problemas do meu tempo ocioso estariam resolvidos. Desci correndo me deparando com Isaac.
- Ei... Aonde vai com tanta pressa? - perguntou. Sorri.
- Viu Lucas? - perguntei sem responder a pergunta anterior.
- Deve estar na oficina. Por quê? - perguntou.
- Estou a fim de mexer em motores novamente. Acha que ele vai se importar que eu ajude na oficina em meu horário vago, né? - perguntei esperançosa.
- Creio que não. - respondeu.
- Ok. Vou atrás dele. Quero ver se começo hoje mesmo. - falei animada e ele me olhou estranho - O que foi? - perguntei sem entender.
- Debbie... Você tem certeza que vai assim? - perguntou apontando minha roupa.
Olhei-me e ri.
- Não. - respondi correndo para meu quarto.
Troquei meu vestido tomara que caia e as sandálias por uma blusa cinza, short jeans e um coturno preto. Coloquei no pulso uma pulseira preta e prata, prendi os cabelos num rabo e usei uma maquiagem leve.

Não é porque eu queria trabalhar que iria desleixada

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Não é porque eu queria trabalhar que iria desleixada. Desci novamente as escadas e meu irmão suspirou.
- Debbie... Também não precisava se arrumar tanto! - falou.
Revirei os olhos e coloquei o óculos de sol.
- Não se preocupe irmãozinho... Posso me proteger sozinha. - falei e dei um beijo em seu rosto - Até depois.
- Até. - ele respondeu.
Fui para a garagem e tirei minha moto. Não demorei muito para chegar na oficina. Estacionei e percebi alguns olhares sobre mim. Suspirei. Acho que não me acostumaria com isso. Entrei e Embry veio ao meu encontro.
- Ei pirralha... - cumprimentou-me sorrindo e eu revirei os olhos - A que devemos a honra da visita? - perguntou.
- Oi... Preciso falar com o Lucas. Ele está? - pedi.
- Sim... Está no escritório. - respondeu.
Embry bateu á porta e Lucas mandou entrar. Entramos e ele discutia ao telefone.
- Sim. Eu sei. - respondeu algo à pessoa ao telefone.
Fez sinal para que sentássemos.
- Está entregue senhorita. - Embry falou - Nos vemos mais tarde. - disse.
- Obrigada. - agradeci.
Lucas continuava no telefone e eu percebi que falava com meu pai.
- Eu sei Jake... Mas está difícil... Eu não tenho mais quem contratar! - falou frustrado - Todos os mecânicos de La Push e da redondeza já trabalham para você! - falou. Ao que tudo indica meu pai argumentou algo. Lucas suspirou - Está bem. Farei o possível. Até mais. - falou desligando.
Em seguida me olhou surpreso. Certamente por saber que, desde que pisei em Forks, não havia vindo á oficina ainda.
- Problemas? - perguntei.
- Sim. A demanda está imensa e não estamos conseguindo funcionários capacitados suficientemente. Estamos tendo que fazer mais de uma função por vez. - falou.
Refleti um pouco sobre o assunto.
- Creio que posso contribuir. - falei
- Como assim? - perguntou.
- Você sabe que "cresci" em uma oficina não sabe? - perguntei fazendo sinal de aspas quanto a crescimento.
Embora rápido e curto, era verdade que na Islândia eu vivia dentro da oficina.
- Sim. - respondeu.
- Então vim te pedir se posso ajudar aqui. - falei.
Ele me olhou duvidoso e depois de um tempo falou.
- Debbie... Eu sei que você gosta de carros e não duvido de sua capacidade. Mas você estuda e não pode se comprometer desse jeito. - falou sensato.
- Eu sei. E é por isso que penso em trabalhar nos meus horários vagos. - falei.
- Não é uma má idéia... - falou pensativo coçando o queixo.
- Posso começar na oficina escola como qualquer um de vocês. Não preciso de regalias por ser a filha do chefe e cunhada do gerente. - falei séria - Quero crescer por mérito próprio. - falei convicta.
- É louvável, mas tenho que falar com Jake antes. - falou.
- Claro... Posso ligar para ele daqui? - pedi - Eu sei que posso convencê-lo. - disse.
- Pode. - falou - Vou deixar você sozinha um pouco. Tenho que acertar algumas coisas. Assim que terminar me avisa tá? - pediu.
- Sim. - falei - Ah... Lucas? - estava quase me esquecendo.
- Sim? - respondeu se virando.
- Obrigada pela oportunidade. - falei.
- De nada. Te devo uma lembra? - falou sorrindo.
- É. Deve mesmo! - respondi sorrindo.
Suspirei fundo e disquei para o celular de meu pai. Após o terceiro toque ele atendeu.
- Fala Lucas! Espero que tenha conseguido o que te pedi! - falou irritado.
- Oi pai... Sou eu Debbie. - falei.
- Oi princesa... - cumprimentou mudando automaticamente o tom de voz - O que está fazendo na oficina? - respirei fundo.
- Pai... Eu vim pedir para o Lucas me deixar trabalhar aqui. - falei. O telefone ficou quieto por um instante - Pai?
- Mas nem pensar! - falou - Você tem que estudar! - disse.
- Mas pai... Eu não vou comprometer os estudos. - falei.
- Como não? - perguntou.
- Eu só vou trabalhar nas horas vagas. - ele ficou calado.
Acho que estava refletindo.
- Meu anjo... Sei que você é boa em motores e me orgulho disso, mas você não tem a experiência que precisamos. - falou sério.
- Eu sei pai. É por isso que pedi ao Lucas para começar na oficina escola. - falei.
- Mas você sabe que a remuneração é baixa. - falou.
- Eu não me importo. Como eu pretendo cursar engenharia mecânica, estou encarando como um estágio. Só quero uma oportunidade - pedi.
- Eu não posso te diferenciar por ser minha filha. Não seria justo com os outros. - argumentou.
- Eu também não quero isso pai. Quero crescer por méritos próprios. Eu nem preciso ser paga pelo serviço. - falei.
Por um longo minuto o telefone ficou mudo do outro lado da linha. Ouvi um suspiro e meu pai falou:
- Eu tenho orgulho de você. - falou emocionado.
Uma lágrima escapou de meus olhos. Há muito tempo ansiava por escutar isso de meu pai.
- Eu é que tenho orgulho de ter um pai tão maravilhoso e honesto. - sorri ao falar.
- Então se considere contratada senhorita Black! - falou - Ah... E você vai receber um salário digno como qualquer um de meus funcionários. - falou
- Obrigada pa... Quer dizer chefe! - falei sorrindo e ele gargalhou.
- Longe dos subordinados só papai! - falou.
- Está bem papai. - falei.
- Chame Lucas para mim agora. - pediu.
- Sim. Te amo pai. - falei.
- Eu também princesa. - falou.
Eu corri chamar Lucas que entrou com um sorriso no rosto e pegou o telefone. Ouviu atentamente as instruções de meu pai e respondeu.
- Pode deixar Jake. Tratarei de tudo. Até mais. - falou desligando e se dirigido a mim - Quando pretende começar? - perguntou.
- Se possível agora! - falei animada.
- Ok! Vamos a oficina. Podemos ir a pé. Não fica longe. - falou.
- Vamos. - falei empolgada.
Fomos conversando o caminho todo e ele me explicou como as coisas funcionavam.
Chegamos e todos me olharam.
- Esqueci de contar esse detalhe: você é a única garota aqui! - Lucas sussurrou sorrindo.
- Ótimo. - bufei.
Ele riu.
- Pessoal... Embora ache que todos a conhecem, mas para os novatos, essa é Deborah. A nova colega de vocês. - falou e eles sorriram.
- Olá. - falei desconfortável - Podem me chamar de Debbie. - disse.
- Oi Debbie... - falaram em uníssono.
- Bom... Debbie é uma funcionária como vocês. Portanto a tratem com respeito e igualdade. - Lucas pediu severo - Ela é muito talentosa e creio que não haverá nada que vocês façam que ela não possa fazer. Entretanto... Peço a colaboração de todos no início. - pediu.
Observei que Jimmy saiu de trás de um carro e falou sorrindo:
- Pode deixar Lucas... Posso ensinar a Debbie tudo que ela precisa saber. - falou e eu sorri.
Jimmy era legal. Para falar a verdade, me senti aliviada em ver que tinha alguém conhecido ali, pois sabia que Lucas ficava na outra oficina. No entanto meu alívio foi embora quando ouço alguém falar.
- Não se preocupe Jeremy. O chefe, no caso eu, posso perfeitamente ensinar a ela o que precisa. - Seth falou sorrindo debochado.
Congelei e olhei para Lucas.
- Esqueceu de me contar outro pequeno detalhe? - sussurrei entre dentes.
- Desculpa. - falou baixinho.
Que ótimo! Minha maravilhosa distração acabava se tornar um pesadelo. Eu não mereço isso!

Continua...

New ties of dawn - Part II Onde histórias criam vida. Descubra agora