CAPÍTULO 18 - NEM QUE EU QUISESSE PODERIA TE ESQUECER

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SETH

Aconcheguei meu rosto entre sua clavícula e seu pescoço. Ali seu cheiro era mais intenso. Ficamos um tempo assim, abraçados, normalizando nossas respirações. Como eu pude resistir tanto tempo? Não tinha mais dúvidas: eu a amava.

***

DEBORAH

Acordei emaranhada nos lençóis de minha cama. Somente então notei que ainda estava com o vestido do baile. Sorri e levantei. Preparei minha banheira com um banho relaxante e assim que entrei, entre o deslizar da espuma delicada sobre minha pele nua as memórias da noite anterior se intensificaram.

Início do flashback

Antes que a música terminasse senti um par de mãos quentes me puxar. Olhei aturdida.
- Precisamos conversar! – disse somente me arrastando com ele.
Seth estava me puxando pelo braço em direção a algum lugar que logo percebi ser a oficina.
Mas o que ele achava que estava fazendo? Ficava com aquela loira e ainda queria conversar comigo?
- Me solta! – falei e ele me olhou enquanto abria a porta.
- Só aqui dentro! – falou.
Nisso me puxou para dentro e fechou novamente a porta.
- Não temos nada para conversar! – esbravejei.
- Não? Então você pode me explicar o que foi aquela sua ceninha mais cedo aqui? – perguntou.
Mas eu não acredito nisso! Fui eu quem fiz cena?
- Eu não fiz nada! Você é que estava de amassos com aquela mulher. – falei irritada.
- E precisava sair daquele jeito? – perguntou.
Mas é um ridículo mesmo!
- E o que você queria que eu fizesse? Me oferecesse para um menáge? – perguntei ironizando.
- Até que não seria má idéia. - falou com a maior cara de pau.
Não consegui reprimir um rosnado.
- Seu idiota! – falei.
Eu não precisava ficar ali. Ia sair nem que precisasse arrancar aquela porta.
- Aonde você vai? – perguntou segurando meu braço.
- Onde você acha? Vou embora. – respondi.
- Não! Você não vai! – declarou - Para começo de história... Você não viu nada do que acha que viu. Kate e o namorado terminaram e ela precisava de um amigo. Só isso. - explicou.
Há! E ele esperava mesmo que eu acreditasse! Ah tá! E eu sou a chapeuzinho vermelho! Conta outra!
– E por isso você estava a consolando quase sem roupa. – disse e ele riu.
- Não estava muito mais vestido que agora. – falou apontando somente a gravata que estava frouxa.
Só então me dei conta de como estava apetitoso naquela roupa. Aqueles músculos...
Foco Deborah! Não é hora de perder a linha. Ele é um idiota!
Suspirei.
- Me deixa sair. – pedi.
- Não! Ainda temos que conversar. – falou teimoso.
- Já disse que não temos nada para conversar! – falei tentando sair mas ele não deixou.
Seth me apertou mais e foi inevitável sentir o calor de seu corpo junto ao meu. Algo estranho acontecia comigo. Eu não tinha mais forças para sair dali. 
Olhei-o com intensidade. Seu cheiro me prendia no lugar. Não conseguia sair do caminho de seus lábios perfeitos. Estes se encontravam entreabertos como se pedissem algo. Os meus não estavam diferentes, pois clamavam por serem cobertos pelos seus novamente.
Como que entendendo meus anseios, Seth colou seus lábios aos meus e sem demora sua língua já pedia passagem. Não podendo resistir mais, cedi e concedendo seu pedido. Deixei-me vagar nesse misto de emoções urgentes e ao mesmo tempo delicadas.
Quando me dei conta, Seth já havia me levantado do chão sem dificuldades e já me encontrava sentada em uma mesa desfrutando de tudo o que podia ter no momento. Uma vontade insana de morder aqueles lábios vermelhos me tomou. Contendo a parte vampira em meu ser, contentei-me em mordiscar levemente seu lábio inferior, o que foi suficiente para fazê-lo arfar.
Cedo demais, seus lábios deixaram os meus ofegantes. No entanto, sua boca não se permitiu sair de minha pele indo em direção ao meu pescoço trilhando um caminho de beijos que estava me ensandecendo. Mordiscou levemente minha orelha e não pude conter um pequeno e fraco gemido. Voltou a minha boca beijando-me com uma intensidade alucinante.
Não sei o porquê, mas ele tentou se afastar. Não! Eu não podia permitir aquilo. Agarrei em sua gravata e o puxei com força fazendo com que nossos corpos se chocassem.
Imediatamente travei minhas pernas atrás dele prendendo-o onde não deveria ter saído. Enlacei-o num abraço e beijou-o com toda a intimidade que o momento me permitia. Procurei seu pescoço beijando-o como se minha vida dependesse disso. Senti-o arfar com este ato.
Não sei se foi meu ato, ou sua vontade, mas suas mãos que, até então estava em minhas costas contidas, foram para minhas coxas apertando-as com firmeza. Devido ao desejo contido, gemi e percebi que ele também se encontrava no mesmo estado que eu.
Não podia esperar mais. Com agilidade vampírica, tirei sua camisa e joguei-a em um quanto qualquer. Minhas mãos pareciam ter vida própria. Tamanha era a intensidade do meu toque que sentia Seth estremecer abaixo deles. Seu cheiro inebriava meu ser.
Nesse momento percebi que esse cheiro me era conhecido. Então reconheci as características do cheiro maravilhoso que senti no meu sonho enquanto estava desacordada em Reykjavík.
Seu beijo era tão ardente que me desconcertava. Nossos corpos davam indícios de que iniciavam um caminho sem volta. Não pude evitar notar que Seth se animava cada vez mais. Como que temendo não conseguirmos parar, ele gentilmente nos afastou. Soltei-me dele colaborando.
Ofegantes, consolávamos abraçados. Com a cabeça entre minha clavícula e meu pescoço ele descansava tentando acalmar sua respiração. Seu cheiro estava impregnado na minha pele. Seu corpo quente abraçado ao meu repousava tranquilamente.
Por um tempo indefinido ficamos ali em silêncio abraçados. Só se ouvia o barulho de nossas respirações e o ritmo, que antes era desenfreado, de nossos corações desacelerando. Nossos corações batiam em seqüência. Era como se fossemos comandados ao mesmo tempo.
Seu telefone começou a tocar desesperado, mas ele não atendeu. Estávamos incapacitados de nos ausentar um da presença do outro.
Mais calmos, no entanto sem pronunciar palavra alguma, nos olhamos. Perdi-me naquele olhar. Dizem que os olhos são a janela da alma. Naquele momento eu podia confirmar aquilo. Através dos seus olhos era como se eu pudesse tocá-la. A sensação era indescritível.
Diferentes da urgência de outrora, nossos lábios se tocaram novamente. Com suavidade e carinho trocamos num beijo apaixonado e delicado. Passamos algum tempo entre beijos e carícias mais delicadas, digamos.
O celular continuava a tocar e eu fiz menção de pegá-lo. Ele não deixou dizendo aos sussurros sem deixar minha pele:
- Não se preocupe com isso agora! – mas o barulho continuava.
Podia ser importante.
- Pode ser importante Seth! – falei com um fio de voz.
- Nesse momento nada é mais importante para mim que você. – falou com carinho beijando minhas mãos.
Eu sorri. Porém o meu celular começou a tocar. Peguei-o e ri quando ele bufou ao me ver atender.
- Alô? – falei sem parar de olhá-lo.
- Deborah! Você pode me explicar onde está?– Vovô Edward atropelava as palavras nervoso. Pude ouvir uma risada ao fundo, que garanto vir de Embry dizendo “A pergunta correta é com QUEM ela está!”. E eu ri.  – O que há de tão engraçado? - ele interpelou mais nervoso ainda
- Calma, eu estou bem. - falei somente.
Não sabia se Seth queria que contasse que estávamos juntos.
- Você já viu que horas são? Porque não atendeu antes? – olhei no visor do celular.
Já passavam das cinco horas da manhã. Tinham mais de quinze ligações incluindo um número que me fez tremer.
- Ok. Desculpe-me vovô. – pedi.
Seth abriu mais os olhos em espanto.
- Tudo bem. Mas venha agora mesmo para casa mocinha! – comandou.
- Tudo bem. Já estou indo. – falei desligando e percebi Seth baixar a cabeça – Tudo bem? – perguntei.
- Tudo. – falou, mas senti que não era verdade.
- Não precisa esconder nada de mim. Fiz algo que o desagradou? – perguntei.
Ele suspirou.
- Não é nada... – falou.
- Seth... – falei com um olhar duvidoso.
- Tudo bem. É que você não mencionou que estava comigo. – falou genuinamente triste.
- Ohhh... Desculpe. Eu não sabia ao certo se poderia falar. Eu queria, mas não falaria sem sua permissão. - falei sincera.
Ele abriu um sorriso e me beijou terminando com selinhos.
- O que eu mais quero Deborah Cullen Black é que todos saibam que estamos juntos. – eu sorri.
- Eu também, mas agora tenho que ir. - disse e ele fez um bico emburrado.
- Não quero me separar de você. – falou.
- Que lindinho... – falei brincando com o dedo em seu “biquinho” lindo. Ele rolou os olhos -  Eu também não quero me separar de você. - disse.
- Então fique. – falou com olhos pidões.
- É tudo o que eu mais quero. – falei beijando-lhe demoradamente o rosto -Mas infelizmente não posso ficar. Uma das quinze ligações perdidas foi do senhor Jacob Black e este eu não pretendo irritar. – ele estremeceu e eu sorri – Esse é o efeito que o nome do todo poderoso da alcatéia provoca nos lobos! -  falei bem humorada.
Ele riu me ajudando a descer da mesa. Ajeitei minha roupa e então notei que ele ainda estava sem camisa. Mordi o lábio inferior ao analisá-lo. Não resisti e o puxei para mais um beijo dessa vez mais urgente. Terminei com um selinho demorado e ele riu.
- Ei! O que aconteceu com a parte de “infelizmente não posso ficar”? – perguntou rindo – Pensei que estava com pressa senhorita Black! – falou.
Eu sorri.
- É difícil resistir a você seminu à minha frente senhor Clearwater! – falei maliciosa analisando seus músculos enquanto procurava sua camisa.
Ele voltou com a camisa na mão sorrindo.
- Lembre-me de fazer isso mais vezes, ou melhor, de deixar fazer. – falou vestindo-se me fazendo sorrir.
Andamos de mãos dadas até “meu” carro que estava estacionado no pátio do ginásio. Nos beijamos novamente ambos não querendo sair dali. Mas era necessário.
- Até amanhã. – falei.
Antes que eu entrasse no carro, Seth segurou minha mão e falou:
- Promete que não vai me esquecer? – pediu com um olhar suplicante.
Não estava acostumada à esse Seth vulnerável. Aproximei-me dele.
- Nem que eu quisesse poderia te esquecer. Porém faço minha a sua pergunta. – falei. Ele sorriu.
- Nem que eu quisesse poderia te esquecer. – repetiu.
Entrei e quando saía do estacionamento olhei pela última vez ele que me soprava um beijo. Fingi que peguei com a mão e sai. Ambos sorrimos.
Essa seria uma das noites mais maravilhosas da minha vida. Como eu pude resistir tanto tempo? Não sei. Mas se antes havia dúvidas, agora não mais: eu o amava.

New ties of dawn - Part II Onde histórias criam vida. Descubra agora