Quando cheguei em casa no outro dia, após o lobisomem me atacar, meu pai e minha mãe conversaram comigo. Me contaram tudo que estava acontecendo. Haviam suspeitando sobre uma nova alcateia de lobisomens estar invadindo a cidade. Ninguém sabe o real motivo, mas os caçadores especializados em pesquisas alertaram todos outros caçadores.
Minha família ficou muito preocupada, ainda está assim. Não sabem como agir ou o que pode acontecer. Acredita-se que esses novos sobrenaturais na cidade estejam em busca de algo de nós, porém o porquê é desconhecido.
Depois do incidente minha vida rotineira continuou normalmente. Agora estou na aula de literatura, escutando meu professor de cinquenta e sete anos falar como Shakespeare criou peças incríveis.
Um barulho irritante invade meus tímpanos e avisa que a aula acabou e está na hora de irmos para nossas casas. O alarme para de tocar e rapidamente a sala inteira está vazia. Levanto de minha classe e pego meus pesados materiais.
Encontro Spencer no corredor onde nossos armários ficam e vamos juntas ao shopping para finalmente comprar o presente de minha irmã mais nova.
– Estes sapatos estão me matando! - Minha amiga reclama ao chegar no local.
– Porque mesmo você vai de salto alto para a escola?
– Para manter a pose. Manter a pose!
Ao contrario de mim, Spencer é muito vaidosa e sempre liga para o que os outros podem pensar ou deixar de pensar sobre ela. A porta automática do shopping se abre e sinto o choque de temperatura quando o vendo gélido do ar condicionado bate em minha pele descoberta.
Vamos direito para a loja de brinquedos e quando entramos quase somos atropeladas por algumas crianças que correm para lá e para cá com seus brinquedos novos em mãos. Spencer murmura um pequeno xingamento e me puxa para irmos à seção de bonecas.
De primeira encontro a Barbie bailarina que minha irmã deseja e me assusto ao ver o preço. Duzentos reais por apenas um pedaço de plástico. Hoje em dia tudo está tão caro, penso.
Pego a boneca da prateleira e levo ao caixa para poder pagar. Retiro minha carteira da bolsa e entrego a quantia em dinheiro para a vendedora. Ela embala o presente em um papel cor de rosa chamativo e coloca o embrulho dentro de uma sacola plástica transparente.
Ao sair da loja Spencer pega minha mão e começa me puxar para irmos às outras lojas.
– Spencer! Eu disse que só vinha para comprar o presente de minha irmã.
– Ah, mas algumas lojas não vão fazer mal a ninguém.
– Vão sim! Preciso estar em casa antes do anoitecer, você sabe como meus pais são.
– Tá, certo. - Minha amiga resmunga brava. - Você pode ir, eu vou depois.
– Tem certeza? Não quer ir comigo?
– Não! – ela responde secamente.
Não me despeço dela e viro as costas para ir embora. O ar quente da rua penetra em mim e em segundos o frio que estava sentindo some.
Tudo aqui em Stormswood é perto. É uma cidade um tanto quanto pequena para precisar sair de carro toda hora. Estou a praticamente duas quadras de minha casa, mas resolvo pegar um caminho um pouco mais longo para poder conhecer novas ruas que pelas quais ainda não passei.
Dobro na esquina para ir pelo novo caminho e me deparo com uma rua com muitas poucas casas. Começo caminhar na rua deserta e um pequeno prédio cinza escuro chama minha atenção. Todo rodeado por grades e cercas, o prédio se parece muito com algo para detentos.
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The Walls Of The City - As paredes da Cidade
Teen FictionAs paredes da cidade ampliam o medo espalhado pelas ruas de Stormswood, um pequeno município da Pensilvânia com características únicas. Quando Mayra, uma caçadora de nascença, redescobre seus ideais, uma nova visão de um mundo diferente se abre para...