Capítulo Vinte e Dois - Mayra

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Um novo sol nasce e um novo dia começa. São mais ou menos dez horas da manhã. Estou confusa e minha cabeça gira. Não me lembro quase de nada que aconteceu comigo e minha família, só lembro que quis sair um pouco de casa.

Pego uma blusa do Aiden no guarda roupa dele, está meio desbotada de tanto uso, mas não ligo. A camisa possui o cheiro dele, o qual estou deixando entrar aos poucos em minha vida.

– Está procurando alguma coisa, senhorita? – Aiden fala, me observando atentamente e mordendo os lábios enquanto olha minhas costas nuas.

– Apenas quero vestir uma camisa e parecer alguém normal.

– Hum, tudo bem. Só não mexa na segunda gaveta da porta à direita que é marrom e está sem o puxador, por favor. – Ele me provoca para despertar a vontade de abrir.

– Ah, por acaso é a blusa que estou procurando?

Abro a gaveta e vejo que a única coisa que está guardada ali é roupa íntima.

– Quem sabe? Talvez...

Fecho essa gaveta e lanço um olhar mortal provocante pra ele. Visto a blusa e desconecto meu celular do carregador, no qual ficou carregando a noite inteira. Pego meu jeans que estava usando nas noites passadas e também visto-o. Pego uma panqueca do prato de Aiden e abro a porta de entrada.

– Vou no quarto da Stella. Fica tranquilo, ninguém vai me atacar dentro do seu hotel.

– E por que eu iria me preocupar com alguém que possa te atacar?

– Ah, baixa a bola menino, crie vergonha na cara. Sou uma caçadora, poderia te matar agora mesmo.

– Ui, caçadora, por que não me mata? Você se importa comigo o suficiente para não querer minha morte, admite.

– E por que eu iria me importar com alguém que eu posso matar?

Revido e saio porta afora, atirando um beijo só pra mostrar minha vitória nessa discussão. Aiden revira os olhos. Vou andando lentamente pelo longo e bem iluminado corredor do hotel, passando meus dedos onde provavelmente Aiden passa todos os dias por estar marcado na parede. "Mania esquisita seria se ele realmente fizesse isso", eu penso. Demoro um minuto para perceber que já passei da porta do quarto de Stella. Volto, agora andando em passos mais largos para não perder meu tempo. Chego em frente da porta na qual marca o número 303, onde minha amiga reside. Bato na porta e nada de respostas. Nada. Bato novamente. Nada de novo. Resolvo botar em prática o que meu pai me ensinou, pego um grampo de cabelo que avisto jogado no chão e tento destravar a porta. Depois de alguns breves segundos eu consigo. Entro "delicadamente" no quarto. Atirando minhas chaves e meu celular na mesa e me jogando em cima de Stella, que está dormindo como uma pedra.

– Saia daqui, inferno! – diz Stella com voz de sono.

– Não, muito obrigada. Já são quase dez e meia e você ainda não acordou para me fazer companhia e não me deixar sozinha com o Aiden. Rolaram umas coisas anteontem e fiquei um pouco envergonhada, acho.

– Ihh, me conta tudo! – ela fala pulando e me tirando de cima dela.

– É que anteontem certas coisas podiam ter acontecido, mas não deixei, não sei por quê. Eu gosto dele, mas não quero admitir, e também tenho pena de Brandon, mesmo não sentindo nada a mais com ele.

– Não acredito que você fez isso! Você já teve maior rolo com ele e com o idiota do Brandon, essa era sua chance! Mesmo o Aiden sendo estupido e não admitir também, mas ele gosta de você, Mayra! Quando a ficha vai cair?

– Claro que não! Ele não é disso e eu também não, pelo menos acredito que não.

– Ah é, então depois não vem me contar coisas assim porque eu vou responder desse mesmo jeito – fala ela, indignada.

The Walls Of The City - As paredes da CidadeOnde histórias criam vida. Descubra agora