Fazia muito tempo desde que eu havia beijado uma boca pela última vez. Mas Mayra está aqui agora, no corredor do Hotel, caminhando com suas mãos entrelaçadas nas minhas em direção ao meu quarto. Sei que Stella nos viu. Chuto a porta do meu escritório mesmo, que está mais perto, e entramos. Estamos eufóricos, e nem cinco minutos podemos esperar.
– Esse não é o seu quarto – diz Mayra, apertando os olhos para enxergar no escuro. Ela tenta achar o botão para ligar a luz, mas a impeço. Já são quase oito horas da noite, o tempo passa rápido.
– Não, não, o escuro é melhor – sussurro, acariciando sua mão. Mayra senta em uma cadeira e observa o escritório, tentando adequar seus olhos a luz.
A coloco em cima da mesa e chego perto dela para beijá-la, mas sou interrompido por uma ligação.
– Alô? – diz Mayra, atendendo o celular. Ela franze a sobrancelha e me encara. – Você só pode estar brincando.
Espero ela falar quem é ou desligar, mas Mayra apenas vira– se de costas e continua conversando.
– Brandon, eu não ligo. Eu não vou pra minha casa agora, e eu vou desligar. Tchau.
– Quem é Brandon? – pergunto, mas ela me ignora. Penso no cara com quem arrumei confusão na escola no meu primeiro dia de aula.
– Como é que é? – pergunta Mayra para a pessoa do outro lado da linha. – Quem você pensa que é para me seguir até aqui?
Ouço batidas na porta.
– MAYRA! – Uma voz masculina grita. Reviro os olhos.
– Cai fora! – digo para o homem atrás da porta, e Mayra suspira.
– Mayra, por favor, abre a porta. – Olho para Mayra, que apenas assente com a cabeça e se senta na cama. Abro a porta.
– Quem é você? – diz o garoto atrás da porta, olhando para mim. Não acredito que é o mesmo Brandon da escola.
– Quem é você? – Pergunto, dando ênfase no "você". Ele ignora.
– A Mayra tem que vir agora, comigo – diz o garoto, que parece estar raivoso. Dou uma risadinha e cruzo os braços.
– Que eu saiba, ela está bem feliz comigo. Você pode esperar.
Ele trinca o maxilar.
Mayra vem para o meu lado.
– Brandon, o que aconteceu?
– Seus pais estavam preocupados com você e perguntaram para a Spencer onde você estava. Ela disse para eles que você foi para algum lugar com "um garoto" que ela não conseguiu ver o rosto muito bem. – Brandon passa a mão na testa para limpar o suor. – Adivinha o que ela disse? "Provavelmente é o Brandon Young". E, por causa do meu sobrenome, seu pai está procurando minha família, porque acha que sequestramos você. Só descobri que você está aqui por que dei um jeito de rastrear seu telefone durante nossa breve ligação.
Mayra respira fundo e olha para mim com um olhar inquietante. Devolvo o olhar.
– Tudo bem, Brandon, espere na recepção. Eu já vou indo – diz Mayra para Brandon, que assente. Ela fecha a porta e arregalo os olhos.
– O quê? Você vai embora com ele? Mas a nossa noite nem começou... – digo, me aproximando dela. Mayra se afasta.
– Você não acha que é uma questão urgente? – diz Mayra, tentando pentear os cabelos com as mãos . – O que aconteceu aqui pode esperar.
Reviro os olhos e acendo um cigarro enquanto a observo calçar os sapatos. Mayra parece ficar com raiva.
– Qual é o seu problema? Por que você não larga esse cigarro nunca? – Mayra se aproxima para tentar arrancar o cigarro de mim, e acaba sentindo o cheiro da fumaça
Mayra se afasta de mim.
– Eu nunca deveria ter vindo aqui. Isso foi um grande erro.
– Ei, cigarros não tem efeito em vampiros. – Pego meu cigarro, apago o fogo e o amasso embaixo dos meus pés. – E se quiser, eu não fumo mais.
Mayra parece aceitar minhas desculpas e a puxo para um último beijo.
– Espero que possamos repetir isso depois – diz ela, sorrindo por entre o beijo.
– Nós vamos. – Sorrio também, e paramos o beijo. Mayra caminha até a porta, e quando se vira com um pequeno sorriso brincalhão em seu rosto.
– O que eu vou dizer para o meu pai? "Papai, fui para um encontro com um vampiro que eu já ataquei antes e acabamos de beijar um ao outro no escritório dele. E descobri que ele fuma". – Mayra ri, e eu também.
– Ei, vai embora logo – digo, e Mayra dá um aceno e sai correndo atrás de seu amigo Brandon. Essa situação pode ser urgente e séria, mas o jeito de Mayra alegra tudo e todos por onde ela passa. Seria uma pena se alguém quebrasse seu pequeno e delicado coração.
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The Walls Of The City - As paredes da Cidade
Teen FictionAs paredes da cidade ampliam o medo espalhado pelas ruas de Stormswood, um pequeno município da Pensilvânia com características únicas. Quando Mayra, uma caçadora de nascença, redescobre seus ideais, uma nova visão de um mundo diferente se abre para...