Ontem foi quase o pior dia da minha vida. Quase. Tive de passar o dia inteiro fingindo estar bem comendo comida de pessoas normais, mesmo passando fome. Eu não queria decepcionar Mayra, mas ela sabe que sou um vampiro e que não posso passar muito tempo sem sangue. Nós havíamos voltado aos beijos que sempre conseguimos, mas acabou. Eu estou pensando melhor sobre a minha vida. Não quero depender de alguém para ser feliz; eu não preciso de um amor, principalmente de alguém pegando no meu pé, vindo passar a noite no meu hotel, sem me dar algum espaço para pelo menos respirar. Chega. Tive meu tempo com Mayra e está tudo bem. Ela não sente nada por mim, eu não sinto nada por ela, e eu quero explorar o mundo.
Hoje é segunda-feira. O pior dia da semana. Com certeza, meu dia será pior do que os outros.
Passeio pela cidade antes do sol nascer, e encontro uma casa de campo. Um homem, magro e pálido, abre a porta e rasgo sua garganta, sem hesitar. É muito bom sentir essa sensação de poder que o sangue traz.
Depois de me alimentar, vou para a escola e não acontece nada de interessante por lá. Vejo Nichols e ele passa os olhos algumas vezes por mim, mas não fala nada. Alguém deve ter dito a ele para deixar passar o meu desmaio esquisito do último sábado, porque sou um garoto problema. No fim da classe, Spencer diz que devemos fazer as aulas que o professor aconselhou na casa dela, e ela não parece estar feliz com isso. Pego carona com a garota e vamos direto para sua casa.
***
– Nós estamos aqui há duas horas, e não parece que você está escutando! – grita Spencer, irritada. Estamos sentados em sua cama, por causa das aulas extras que agora tenho que fazer com Spencer.
– Será que se eu te der um tiro agora, você fica calada? – pergunto, e Spencer suspira, mas rapidamente sorri e chega mais perto. Ela está dando em cima de mim? Sim, ela está dando em cima de mim.
– Você está ficando com a Mayra – diz ela.
– E você com isso? – Esboço um sorriso, e Spencer dá uma risadinha, do tipo que animadoras de torcida dão. Conheço esse tipo de garota. Quando elas acham um cara atraente, elas o conquistam, mesmo que o odeiem. E quem sou eu para impedir Spencer de fazer isso?
Começamos a chegar perto um do outro até darmos um beijo leve.
A campainha toca e Spencer me empurra abruptamente.
– Devem ser meus pais. Você nunca deveria ter vindo! – diz ela, com uma raiva súbita.
– Você é bipolar ou é uma chata mesmo? – pergunto a Spencer, indignado.
– Tá esperando o quê? Pula! – Ela tenta me jogar da janela, mas pego seu pulso. Spencer cruza os braços. – Tudo bem, podemos continuar isso depois.
Sorrio, vitorioso, e pulo. Mas não são os pais de Spencer lá fora. É Mayra.
Ah, não. Aiden, você não ficou com as duas! Aiden, você é um babaca completo.
Mayra está parada, encostada na cerca da casa de Spencer, de olhos fechados e as mãos firmes segurando sua bolsa junto ao corpo. Ela abre os olhos e pressiona os lábios. Mantemos o olhar fixo um no outro. A janela estava aberta, então ela deve ter visto tudo.
– Como pôde? – ela sussurra. Dou uma risada nervosa.
– Me poupe, Mayra, eu não sou seu namorado – Mayra suspira e se aproxima. Continuo imóvel, como uma estátua. E de repente, vejo sua mão se movimentar e penso que ela vai atirar uma flecha, mas ela não faz nada. Fico sem reação. Uma única lágrima escorre por sua bochecha esquerda.
Mas eu sou Aiden, eu não ligo para esse tipo de coisa. Saio correndo sem olhar para trás
***
Chego no Hotel e nem ao menos aceno para Stella quando passo. A senhora Strange vai até mim.
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The Walls Of The City - As paredes da Cidade
Teen FictionAs paredes da cidade ampliam o medo espalhado pelas ruas de Stormswood, um pequeno município da Pensilvânia com características únicas. Quando Mayra, uma caçadora de nascença, redescobre seus ideais, uma nova visão de um mundo diferente se abre para...