Capítulo Dois - Aiden

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– Seja bem vindo ao Hotel Sauders! – diz Melanie, a recepcionista sorridente. – Esse é o melhor hotel...

– Com licença. – Abaixo o olhar e vejo uma mulher que parece ter cem anos a interrompendo. Ela não mostra nenhuma expressão, apenas olha para mim de cima á baixo. – Você deve ser o menino Aiden. Venha comigo. Eu sou a Sra. Strange.

Olho para ela. Sra. Strange? Bem, existem nomes melhores.

Caminho pelo longo tapete vermelho da recepção. Observo as portas e vejo uma garota ruiva com a franja lhe tapando os olhos, segurando um pirulito rosado. Seu leve sorriso parece me testar. Ignoro e continuo seguindo a Sra. Strange, enquanto ela abre uma porta dourada com uma pintura impecável.

– Esse é o seu quarto, menino Aiden. – Ela aponta para a janela. – E ali é onde vai estudar, quando não estiver administrando o Hotel.

A escola é o último lugar que preciso visitar agora. Não pretendo fugir das aulas para sempre, mas escolas são simplesmente detestáveis. Posso ter o que quiser, sou um vampiro e rico, e não preciso aprender nada mais. Sem falar nas fúteis líderes de torcida, nos jogadores arrogantes, nos valentões babacas e nos nerds nojentos. Não sinto que pertenço a grupo nenhum.

– Tudo bem – digo eu – Pode ir.

Sra. Strange concorda com a cabeça e sai do quarto. Caminho em volta e percebo que todos os meus pertences já estavam no lugar, até mesmo uma antiga foto minha e de meu irmão, Josh, quando tínhamos apenas cinco anos. Suspiro e sinto uma lágrima escorrer pelo meu rosto.

– É hora de recomeçar – falo para mim mesmo. Quando abro a porta do quarto, a garota ainda estava lá, dessa vez sussurrando algo no ouvido de um menino que é muito parecido com ela. Ela põe a mão na boca para dar uma risadinha, observo que ela tinha a mesma marca que tenho. Parabéns, Aiden. Você conseguiu ir para uma cidade que também tem seres sobrenaturais!

***

– Ei, pode sentar comigo e com meus amigos! – diz a sorridente Melanie (coincidentemente minha colega em biologia), puxando meu braço. Finjo um sorriso falso e sento ao seu lado na mesa do refeitório da escola.

Enquanto todos comem, fico olhando a maçã em meu prato, imaginando-a envelhecer. "Todos envelhecem, querido. Mas você tem o mesmo rostinho de anjo que sempre teve". Era o que minha mãe dizia, e agora ela está certa. O mesmo rostinho de sempre. Para sempre.

– Por que você não come nada? – pergunta um garoto musculoso e moreno que está sentado á mesa. Reviro os olhos.

– Não sou obrigado.

– A garotinha aqui está de dieta? Não quer engordar? – pergunta o garoto, provocando. Ele pega a maçã e tenta fazer malabarismos com ela, enquanto Melanie tenta pará-lo com suas mãos. – Ouvi boatos sobre você. O filho mais velho da família Sauders! Que alegria.

– Brandon, pare com isso! – fala Melanie, nervosa.

– Meu primo Nichols disse que você foi abandonado pelo seu pai porque teve uma gravidez masculina estranha. Até acredito. Qual vai ser o nome do bebê?

Sinto os olhares curiosos das pessoas ao redor. Arrumo minha jaqueta de couro em meus ombros e dou o meu melhor sorriso de vencedor.

– Por que não pergunta para sua mãe? Ela já escolheu o nome. – E os alunos explodem em risos. Brandon joga a maçã no chão. Levanto-me da cadeira e caminho pelo corredor, ouvindo os sussurros sobre mim ao redor. Saio da escola, e não pretendo voltar para a próxima aula. Não mereço continuar nessa escola medíocre até o fim do ano letivo.

Vejo os gêmeos ruivos no hotel quando saio. Observando e rindo, com suas marcas vampirescas, seus pirulitos de cereja e suas fofocas que não terminam. Algo naquele hotel me incomoda, e pretendo descobrir o que é.

The Walls Of The City - As paredes da CidadeOnde histórias criam vida. Descubra agora