Capítulo Vinte e Quatro - Stella

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Estou sentada na grama em volta do que parece ser uma clareira, com os livros jogados pelas bruxas espalhados ao meu lado e Mayra andando em círculos a minha frente. Ela me pediu para trazer o material bruxo que consegui recolher, e agora discursa sobre tudo que sabe sobre esse tipo de sobrenatural:

"Bruxas são sobrenaturais poderosas e tradicionais. Ser uma bruxa é de família, mesmo que pule uma ou mais gerações. Toda a bruxa deveria pertencer a um coven, palavra original em inglês que significa grupo de bruxas. Juntas, as bruxas são mais fortes. Não se sabe exatamente como surgiram, mas sempre estiveram aqui. Na idade antiga, nos tempos de disputas entre Atenas e Esparta, quem sabe? Alguns dizem que são mulheres vítimas de uma praga que lhes concedeu encantamentos, mas que lhes tirou o amor, e portanto desde então fazem rituais mágicos e procuram meios de voltar a ser como eram antes. Mas nisso eu não consigo acreditar."

Concordo com suas palavras e folho mais algumas páginas do livro antigo posicionado a minha frente.

– Aqui fala sobre as províncias. O que é isso? – questiono, buscando aprender tudo que posso.

– Há alguns anos houve uma caça as bruxas junto a uma guerra. Elas ficaram devastadas, e o número diminuiu muito. De acordo com uma profecia, jovens nascidas entre a ruína iriam trazer o poder de volta, cada uma para uma província. Por isso, as bruxas se separaram em três, de acordo com astros. Há a província Estrelar, a Lunar e a Solar.

– E essas jovens... São as rainhas das províncias?

– Isso, são chamadas de imperatrizes. Elas também têm suas vice-principais e outros vários cargos que não interessam muito.

– Como você...

Começo a falar, mas sou interrompida por um borrão rápido que passa confuso por onde estamos. Quando olho de volta para Mayra ela já está com uma faca de caça em sua mão direita, enquanto a esquerda segura o revólver em seu bolso traseiro.

– Mostre-se! – ela grita.

O borrão para, e eu reconheço Brandon, ofegante e trêmulo entre feições rudes e pelos. Mas não é possível. Apenas Aiden poderia ir tão rápido assim. De repente me lembro da conversa que os dois tiveram no Hotel Sauders, sobre o pai de Mayra querer caçar Brandon e o moço ter que mudar seu sobrenome. Agora faz sentido.

– Brandon, que susto! – Mayra guarda sua faca, mas continua com a mão presa à arma no caso de emergências. – O que aconteceu? Você não parece bem. Diferente, perdido...

– Eu estou ótimo! Preciso ir! – Tão rápido quanto chegou, ele desaparece, e olho para Mayra pedindo por explicações.

– Brandon é um lobisomem.

– Sério?! Eu nem tinha reparado...

– Desculpa não ter falado antes. Você sabe, esse não é o tipo de coisa que se conta do nada.

– Você pode me contar qualquer coisa quando quiser. – Sorrio, e Mayra também. – Agora vamos para a parte prática do treino! O que você acha que posso fazer antes?

– Pensei em você tentar me silenciar. Acho que é algo fácil, mas muito precioso. Muitos feitiços precisam ser ditos em voz alta, mas não esse, que impede que outras bruxas usem as magias que dependem da voz. Lembre-se que apenas quem fez o feitiço silenciador consegue revertê-lo, então acho bom você conseguir direito, ou nunca mais vou falar.

– Confie em mim! – Rio. – Como eu faço esse feitiço? É só metalizar e focar, como antes?

– Exatamente. Você é ótima com foco, vai conseguir.

The Walls Of The City - As paredes da CidadeOnde histórias criam vida. Descubra agora