Capítulo Doze - Stella

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Ou todos parecem ter o dom de complicar as coisas ou o problema está em algo pessoal meu. Eu só queria um emprego; era tudo que eu mais precisava quando cheguei de volta a esse mundo sem direção certa a seguir. No entanto, agora vejo que o meu, em especial, me proporciona nomes esquisitos de biscoitos e conversas nada agradáveis com policiais nem um pouco simpáticos.

Estou sentada em uma cadeira de madeira quase quebrada ao lado de Mayra. Aiden está em pé, apreensivo; não para de mexer seu pé, demonstrando sua agitação. Já Mayra parece uma das antigas estátuas gregas. Pensativa, ela não move um único músculo ou esboça uma sequer expressão. Logo um homem entrará na sala pronto para nos encher de perguntas, e Mayra é o alvo principal. Não sei ao certo do lado de quem ficar. Mayra queria proteger a si e a sua irmã, mas Aiden é inofensivo, não oferecia ameaças à ninguém.

– O que achou do Erik? – Aiden tenta quebrar o clima. Rio.

– Detesto quebrar corações, mas o achei muito oferecido. – Sorrio, Aiden também. – Como ele sabe sobre...

– Sobre você ser uma banshee? – Mayra finalmente fala alguma coisa. – Aiden deve ter contado para ele, é claro.

– Eu? Entendo que você está prestes a ser expulsa de casa pelos seus pais e talvez até seja presa. Quer dizer, não entendo – diz Aiden. – Mas do mesmo jeito você não precisa ficar brava. Eu nem sabia que Stella era uma banshee. Diferentemente de você, não tive aulas sobre os símbolos sobrenaturais e como matar os portadores.

Mayra suspira, deixando Aiden vencer essa batalha. Coloco minha mão sobre as pernas de minha amiga e olho em seus olhos azuis esverdeados.

– Aiden não é perigoso. Ele só é irônico. Não há nada demais em uma figura de linguagem – falo, e Mayra abre um pequeno sorriso. – Você defende a crença de que nem todos os sobrenaturais são maus, isso deveria aplicar-se aos vampiros também. Já passou. Você já tentou matá-lo, nós já estamos aqui. Agora podem tentar conviver amigavelmente.

Aiden ri.

– Um bom começo seria começando a ensaiar exatamente que história vamos contar – ele diz.

– Vou contar a verdade – fala Mayra. – Aprendi do pior jeito que mentir não traz boas coisas. Vou falar que estava procurando Hayley e achei outra vez Stella, então vi Aiden e sua marca e eu soube que minha flechas não tinham realmente acabado. Eu tinha uma reserva. – Ela olha fixamente para Aiden. – Você estava com minha irmã, e ela é tudo que me sobra nesse mundo. Não podia correr o risco.

O doce amor entre irmãs soa como uma boa justificativa para mim ou até mesmo para Aiden, mas não parece suficiente para o tipo de pessoa prestes a nos colocar atrás das grades. Ao ter meu primeiro contato com os tiras de Stormswood, já pude reparar que não são doces como os de alguns romances clichês e nem raivosos como os de alguns filmes policiais ou de suspense. Eles não ligam para você, nem para suas histórias. Eles só qurem fazer seu trabalho e voltar para casa e dormir suas quatro horas até o próximo turno.

– Eles vão te mandar para um hospício. Já adianto que não é nada legal lá – falo.

– Acha que eles vão acreditar? Isso é burrice. Quer dizer que você está pretendendo falar para os policiais do mundo sobrenatural? – diz Aiden em tom baixo. – Caso forem sobrenaturais também, vão tentar te matar ao saber que é uma caçadora. Acho melhor inventar outra coisa.

– Gente – sussurro. –, eu ainda quero saber como Erik sabe que sou uma banshee. Se está assim tão óbvio, posso correr perigo. – Minhas palavras e o modo sério como as pronuncio fazem Mayra e Aiden gargalharem.

– É o seu colar – diz a caçadora.

– A maioria dos vampiros são como são por causa da família, então os mais velhos lhes dão uma aula sobre símbolos, algo para levar para a vida toda. Eu não tive essa mesma sorte, mas me viro com o pouco que sei – fala Aiden, olhando para a marca em sua mão.

The Walls Of The City - As paredes da CidadeOnde histórias criam vida. Descubra agora