The Walls Of The City - As paredes da Cidade

Capítulo Vinte e Cinco - Mayra

Sempre acabo me machucando quando acredito demais na bondade das pessoas. Aiden não tinha nada comigo, tudo bem eu entendo isso, porém ele mentiu de certa forma para mim.

Entro no ginásio da escola para fazer minha aula de educação física que temos semanalmente e vejo Brandon no meio dos caras que fazem parte do time de basquete. Ele me vê e acena, depois vem até onde estou.

– Bom dia! - ele fala entusiasmado, mas logo perde a animação por ver meu humor. - Aconteceu alguma coisa?

– Bom dia. Nada de importante, só estou cansada.

– Ah, tudo bem. Ei, eu estava pensando... Será que poderíamos sair algum dia desses? Para um jantar ou cinema, o que você achar melhor.

– Claro. Ainda te devo a aula de física que prometi quando lhe conheci.

– Isso! Verdade.

– Brandon, me desculpe pelos dias que te deixei mal. Não fiz nada porque quis. Eu estava meio cega antes, mas agora já consigo perceber.

– Não faz mal. Sem mágoas.

– Sem mágoas.

O treinador nos chama e todos começamos a nos aquecer para começar os circuitos. Quando me sinto prepara os inicio. Pulo cem vezes na corda e descanso um pouco. Faço vinte barras e sessenta abdominais.

A aula hoje é praticamente isso, apenas teste de resistência. Nada que eu ainda não tenha passado em meus treinos com papai. Vejo Spencer conversar com as líderes de torcida e me encarar de vez em quando. Não dou bola para ela e sigo para o vestiário para colocar minha roupa normal.

O sinal toca para a troca de períodos e me direciono para a classe. Entro em uma sala e logo percebo que me enganei, entrei na errada. No entanto, noto que há uma pessoa dentro dela. Uma menina sentada no chão, encostada na parede. Ela olha pra baixo e respira fundo, quase sem fôlego.

Vou até ela e pergunto se ela está bem. A garota vira pra mim e no momento que vejo seus olhos percebo o que está acontecendo. Seus olhos de um azul anormal indicam sua transparência de lobisomem. A lua cheia é nesta semana, provavelmente está deixando a menina atordoada.

– Não se apavore, sei o que você é. O que está acontecendo? - pergunto rapidamente.

– Minha transformação... Não consigo controlar, sou nova nisso.

– Faz pouco tempo que virou lobisomem?

– Sim, ainda não entendi nada do que aconteceu, foi tudo muito rápido. Agora sofro com dor nos ossos querendo se modificar e minhas unhas crescendo para garras, enquanto caninos nascem do nada em minha boca.

– Isso é normal, logo conseguirá controlar. Respire fundo. Pense em algo que a deixe segura.

Relembro de meu pai falar o que deixa lobisomens calmos. Quando a menina se acalma, resolvo continuar a falar.

– Quantos anos você tem?

– Tenho quinze. - A desconhecida responde. - E você?

– Dezessete. Me chamo Mayra, prazer em te conhecer.

– Sou Annabeth, mas ninguém me conhece por esse nome. Todos me chamam de Annie.

– Que nome lindo.

– Obrigada, o seu também é. Preciso ir para a aula. Conversamos depois?

– Guardarei seu segredo. - Assinto.