ㅤEu estava sentada em minha cama encarando as paredes. Eu olhava frequentemente pro relógio na mesinha de cabeceira, mas por incrível que pareça a hora não passava, era como se eu tivesse parado no tempo. Eu não sei como, mas em algum momento desde que vim pra essa cidade o mundo parou de fazer sentido e eu agora estava perdida.
ㅤㅤㅤㅤEu me sentia presa, perdida entre o certo e o errado, ambos me convidando pro seu lado, mas eu não sabia que caminho seguir. Eu tinha vindo pra Sacrifice pra fugir do inferno que era minha casa, a parte irônica disso tudo? Era que o inferno estava bem aqui comigo. Em forma de um homem, atraente e convidativo, e é claro muito mau.
ㅤㅤㅤㅤAs palavras dele, ditas em nosso ultimo encontro me atormentavam todo o tempo. “Eu não vou desistir de você”, “você ainda vai implorar pra ser minha”. Essa ultima me fez revirar na cama a noite toda. Quando eu me lembrava meu corpo entrava em chamas e um desejo insuportável fazia todo meu corpo doer. Ai eu ouvia. “Você vai pro inferno comigo” e ficava a beira da insanidade. Como eu ia fazer pra conciliar todas aquelas sensações que ele me causava? Desejo, ódio, raiva, dor... Mais desejo.
ㅤㅤㅤㅤ- Ar, você precisa de ar Dalila. - Resmunguei pra mim mesma.
ㅤㅤㅤㅤAchei que uma caminhada me faria bem, livraria minha mente daqueles malditos pensamentos. Mas teve o efeito completamente contrário. Eu sabia que agora que Amanda estava morta Dominic procuraria uma outra vitima, eu tentei não considerar muito essa possibilidade pra não enlouquecer, mas quando o vi parado naquela praça, abraçado a Celeste, meu mundo simplesmente desabou. Caiu sobre a minha cabeça e senti que estava sendo esmagada como um inseto.
ㅤㅤㅤㅤVermelho. Tudo que eu via estava vermelho como sangue. O ódio e o desespero dentro de mim fizeram tudo parecer um grande borrão vermelho e sem sentido. Meu coração bateu forte contra minhas costelas, me causando dor e ameaçando me sufocar. Fiquei encarando estática enquanto ele a abraçava e murmurava coisas em seu ouvido. Ela sorria feliz, derretida com as palavras doces que eu podia imaginar bem quais eram. Ele podia estar dizendo “eu vou matar você”, com aquela voz ela acharia totalmente romântico e sorriria pra ele.
ㅤㅤㅤㅤAntes de pensar no que eu estava fazendo caminhei apressada na direção dos dois, o ódio era evidente em minha face, mas eu não estava ligando pra parecer calma. Eu queria matá-lo, por sequer chegar perto da minha prima.
ㅤㅤㅤㅤ- Dominic. - Eu praticamente gritei o nome dele.
ㅤㅤㅤㅤEle olhou pra mim imediatamente e sorriu. Celeste não deu sinal de ter notado minha presença, mas eu não parei.
ㅤㅤㅤㅤ- Oi Dalila. - Ele sorriu pra mim como se fossemos amigos íntimos. Meu ódio só fez aumentar.
ㅤㅤㅤㅤ- Fique longe dela. -Eu ordenei, incapaz de conter a ira dentro de mim.
ㅤㅤㅤㅤCeleste finalmente olhou pra mim, e não pareceu contente com o que ouviu sair da minha boca. Ela me fuzilou com os olhos e estava prestes a começar a me insultar, eu podia sentir isso, mas Dominic apenas olhou pra ela, então ela se calou. Ele segurou meu braço com força e começou a me arrastar pra longe, um lugar onde não nos veriam.
ㅤㅤㅤㅤ- O que pensa que esta fazendo em Dalila? - Ele perguntou não muito contente.
ㅤㅤㅤㅤ- FIQUE LONGE DELA! - Eu gritei descontrolada, incapaz de conter minha raiva, nem estava ligando para o que ele provavelmente faria comigo. - Eu juro por Deus que se você machucá-la, eu te mato. Não interessa se você não é humano, eu mando você de volta pro inferno, não importa como. - Eu acusei dando tapas nele.
ㅤㅤㅤㅤEle não se mexeu, nem mesmo piscou enquanto eu o enchia de tapas e o xingava de todos os nomes possíveis. Só ficou lá parado esperando que eu terminasse de extravasar. Teve uma hora que me cansei, e então parei, dando um passo pra trás pra olhar pra ele, então lágrimas caíram de meus olhos, sem que eu pudesse evitar.
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Sacrifice ✅
ParanormalDalila é uma garota normal, com uma vida normal e problemas normais como todo adolescente. Mas com as brigas constantes e a separação dos pais, ela decide passar um tempo com os tios. Assim ela se muda para a pacata cidade de Sacrifice. Lá ela conhe...