Chapter Six

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Eu estava sentada no banco da praça sozinha, apreciando o sol da tarde, eu tentava me manter focada em alguma coisa, qualquer coisa que me mantivesse ocupada e me impedisse de pensar no dia de hoje. Era uma data difícil pra mim.

Tentei me concentrar na festa de Halloween que estava próxima, no que eu vestiria e nas minhas unhas que estavam simplesmente horríveis, mas o mesmo pensamento me vinha á mente toda hora, como uma espécie de vírus que aos poucos se espalhava e ia levando embora a minha paz de espírito. Se bem que, pensando melhor, eu nunca tivera muito disso mesmo.

ㅤㅤㅤㅤEu estava distraída quando meu celular tocou me assustando, olhei o numero na tela, era minha mãe. Normalmente eu acharia estranho o fato de ela me ligar, geralmente você não telefona pra pessoas com as quais não se importa, mas hoje não era um dia qualquer.

ㅤㅤㅤㅤ- Mãe? - Atendi ao telefone sentindo meu coração se acelerar de forma estranha, acho que no fundo estava com medo do que ela iria me dizer.

ㅤㅤㅤㅤ- Oi Dalila. - Ela respondeu, a voz sem nenhum entusiasmo, bem, eu realmente não esperava que ela ficasse mais contente só por conversar comigo.

ㅤㅤㅤㅤ- Esta tudo bem? Como vão as coisas com o papai? - Perguntei curiosa, uma parte de mim esperando que ela dissesse que estava tudo bem e que eu podia voltar pra casa, mas no fundo eu sabia que isso não iria acontecer.

ㅤㅤㅤㅤ- Bem. - Quando começam uma frase com "bem", nunca é bom sinal. - Eu estou bem, seu pai também esta, mas... - E lá vem. - E as coisas ainda estão estranhas por aqui.

ㅤㅤㅤㅤ- Vocês ainda estão brigando? - Não consegui esconder a decepção na minha voz.

ㅤㅤㅤㅤ- Estamos tentando nos entender, mas como seu pai é idiota e cabeça dura, não tem dado muito certo. Ele não escuta nada do que eu digo, não para de gritar e reclamar de tudo o que eu faço e...

ㅤㅤㅤㅤEu fechei os olhos com força e respirei fundo tentando conter as lágrimas que ameaçavam cair, eu não queria chorar, pelo menos não ali onde poderiam ver. Era sempre a mesma história, eu tinha que ouvi-los discutir e se xingar durante horas e depois, quando pensava ter acabado, eles ainda vinham até mim, falar mal um do outro e dizer o quanto se odiavam, sempre jogando a culpa de toda desgraça um no outro. O engraçado era que em nenhum momento eles vieram me perguntar como eu me sentia sobre isso, se eu me importava. Bem, a opinião da idiota aqui não serve pra nada.

ㅤㅤㅤㅤ- Eu estou cansada dele. - Ela por fim terminou suas reclamações. - Mas não foi pra isso que eu liguei.

ㅤㅤㅤㅤSe não foi pra isso que ligou, então porque fez?

ㅤㅤㅤㅤ- Eu só liguei pra saber se você ta precisando de alguma coisa, talvez tenha que ficar por ai mais tempo do que planejei.

ㅤㅤㅤㅤ- Eu não preciso de nada. - Garanti, menos uma coisa pra que ela se preocupasse. - Vocês vão se resolver mãe. - Não pude evitar a esperança que ainda restava.

ㅤㅤㅤㅤ- Eu duvido muito. - Ela suspirou parecendo entediada. - Tenho que desligar filha, tenho que ir aquele lugar, você sabe.

ㅤㅤㅤㅤ- Tudo bem. - Concordei e depois minha voz se transformou num mero sussurro. - Eu te amo mãe.

ㅤㅤㅤㅤMas ela não ouviu, já havia desligado o telefone, e se tivesse ouvido não faria diferença, o fato de eu amá-la não significava nada, ela nem sequer se deu ao trabalho de perguntar se eu estava bem. Senti que uma lágrima traiçoeira escapara, mas eu a limpei antes que alguém pudesse perceber e respirei fundo tentando me recompor.

ㅤㅤㅤㅤ- Posso me sentar? - Meu coração disparou e eu me arrepiei ao ouvir a voz dele, então revirei os olhos, irritada com o fato de eu ser tão patética.

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