Dois dias. Esse foi o tempo que passei trancada no meu quarto sem ter coragem de sair e encarar o pesadelo que havia lá fora. Quando eu pensava em vê-lo de novo todo meu corpo dóia, e um desespero enlouquecedor tomava conta do meu coração. E o pior de tudo era que quando eu pensava nele, não me lembrava apenas do fato de ele ser um assassino louco, também me lembrava do seu sorriso, dos seus olhos, do seu perfume, do seu beijo. E eu me odiava por sentir falta daquilo. Cheguei a considerar a ideia de fugir dessa cidade, talvez ele não pudesse me encontrar se eu ficasse longe, mas ai o medo do que ele poderia fazer com minha familia roubava toda minha coragem novamente.
ㅤㅤㅤㅤFoi no terceiro dia que tudo mudou. Eu levantei da cama e caminhei até a janela, pra ver a paisagem, respirar um ar puro. Mas quando olhei pra fora eu o vi, parado perto da árvores e não estava sozinho, ele sorria e sussurrava coisas no ouvido de uma garota. Foi quando eu pensei. Ela era a proxima vitima dele, e não fazia ideia do que lhe esperava. Eu era a unica que sabia o que ia acontecer, a unica que podia impedir, então. Como eu podia ficar parada apenas olhando ela morrer? Eu não conseguia ser assim tão fria e embora eu estivesse morrendo de medo, eu precisava fazer alguma coisa.
ㅤㅤㅤㅤEntão eu me recompus. Tomei um banho, vesti uma roupa e resolvi que era hora de sair de casa.
ㅤㅤㅤㅤCeleste e as amigas estavam na rua perto da lanchonete, sorrindo e conversando animadas, despreocupadamente. Elas não faziam a menor ideia do perigo que estava correndo. Não pude deixar de notar que faltava uma menina naquele pequeno grupinho... Amanda. Estremeci ao imaginar o porque de ela não estar ali.
ㅤㅤㅤㅤ- Oi gente. - Eu sorri pra eles meio sem jeito, na verdade não pareceu bem um sorriso e sim uma careta. Eu não tinha motivos pra sorrir.
ㅤㅤㅤㅤ- Oi Dalila, você ta bem? - Celeste me olhou com espanto.
ㅤㅤㅤㅤ- Estou, por que não estaria? - Me fingi de desintendida. A verdade é que nesses dois dias que passei trancada, estática no meu quarto, Celeste veio várias vezes ver como eu estava, e eu simplesmente a ignorei. Agora me sentia mal por isso.
ㅤㅤㅤㅤ- Você passou dois dias trancada o quarto feito um zumbi. - Ela me lmebrou.
ㅤㅤㅤㅤ- Eu estava passando mal, não foi nada demais. Estou melhor agora. - Garanti a ela.
ㅤㅤㅤㅤCeleste não pareceu muito convencida disso, mas resolveu abafar o assunto. Eu agradeci mentalmente por isso, não queria ter que ficar me explicando, eu não tinha o que dizer. E definitivamente, não sabia mentir.
ㅤㅤㅤㅤ- Ah Dal, quase me esqueci. - Celeste disse sorrindo. - Esse é nosso amigo Mathew. Matt, essa é minha prima Dalila.
ㅤㅤㅤㅤEu não havia percebido ainda que havia um menino ali no grupo. Mathew sorriu pra mim e estendeu a mão pra me cumprimentar. Ele era loiro, os cabelos bem claros e lisos, caindo levemente sobre os olhos. Olhos azuis lindos devo dizer. Ele era bem branquinho e tinha um sorriso encantador.
ㅤㅤㅤㅤ- É um prazer Dalila. - Ele disse sorrindo pra mim.
ㅤㅤㅤㅤ- O prazer é meu Mathew. - Eu sorri de volta.
ㅤㅤㅤㅤFiquei olhando pra ele, meio perdida em pensamentos. Ele me lembrava muito alguém conhecido, mas eu não conseguia lembrar quem. Foi quando uma coisa atrás dele me chamou atenção. Meus olhos passaram direto por seu rosto, se focando no banco da praça bem atrás dele. Dominic estava sentado lá, e não estava sozinho. Estava com Amanda, devia ser ela a garota que vi com ele pela janela. Estava explicado por que ela não estava no grupo agora.
ㅤㅤㅤㅤA cena de Ashley morta sobre aquele altar me voltou a cabeça de repente, mas dessa vez Amanda estava em seu lugar. Primeiro tive vontade de vomitar, depois de gritar. E quando aquele monte de sensações controversias inicias passaram, fiquei pensando em como poderia avisá-la. Eu não ia deixar ela morrer. Não podia.
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Sacrifice ✅
ParanormalDalila é uma garota normal, com uma vida normal e problemas normais como todo adolescente. Mas com as brigas constantes e a separação dos pais, ela decide passar um tempo com os tios. Assim ela se muda para a pacata cidade de Sacrifice. Lá ela conhe...