Discussão no carro

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Numa de minhas saídas com o Junior, Patrícia se aproximou assim que se desvencilhou do marido e eu de Aline, parou ao meu lado, braços cruzados e sorrisinho debochado no rosto, trocamos meia dúzias de palavras sem dar na cara que nos conhecíamos. Vi Patrícia sair tranquilamente do meu lado, se já não estava feliz, agora estava muito menos. Mesmo assim ri de lado, aquela vaca acha que não sei dos podres dela, deixa comigo, que não se meta no meu caminho.

Ticiane passou por mim sussurrando um "me deve uma" e eu me senti agradecida pela grande amiga que eu tinha. Mas, eu me perguntava se foi mesmo bom o Jorge ficar naquela festa? Ele estava distante, frio e começou a se esquivar de mim e eu achei melhor me resignar e ficar quieta num canto, dando a ele o tempo e o espaço de que ele precisava.

Depois de uma hora tentando simular alegria. Me manter naquela festa estava inviável. Fui até a Tissy pra me despedir,prometendo a ela que íamos fazer alguma coisa juntas, outro dia e ela entendeu. Saí a procura do Jorge pela festa e o encontrei sentado sozinho, num canto. Talvez ainda conseguisse salvar o resto do nosso domingo.

-Está curtindo a festa?- perguntei e a cara amarrada dele,já me deu a resposta- Podemos ir pra casa?

(Jorge)
- Vamos... - Me levantei apanhando a bolsa e a guia de Junior, olhei para Alex e para Patrícia, indiquei a Aline que seguisse e a segui logo atrás, abri o portão para ela, acionei o destravamento das portas, olhei para os lados para me certificar que não tinha perigo e seguimos para o carro.

(Aline)
- Me desculpa pelo Alex!- sentei no banco do carona e ele estava travado. Quis beijá-lo mas, não tinha clima.

(Jorge)
Não disse nada, liguei o carro e seguimos rua a fora, apertava o volante, estava louco para explodir, olhei para Aline.

- Então eu sou o Play boy irresponsável que está trepando com a irmã dele? - A olhei nervoso. - Eu sou Play boy, Aline?... Você acha que sou um canalha... Que sai por aí suando e fazendo o que quero achando que sou dono do mundo... Que não existe ética e lei para me deter só por que tenho um pai Advogado de renome?!

(Aline)
- Por que está dizendo isso pra mim? Não fui eu quem disse isso de você, foi o meu irmão! Não sei se você notou, mas eu não sou o Alex, então não descarregue a sua raiva em mim.

(Jorge)
- Devia ter quebrado a cara dele... - Soquei o volante. - Devia ter interferido naquela conversa... - Acelerei, queria chegar em casa logo. - E pelo jeito ele quer ter casar com todo homem que se aproxima de você, mas pelo jeito eu não sirvo, por que sou Play boy... Sou o cara que vai abar com a tua vida... por que não tenho moral para estar ao seu lado ou ter algo com você... Onde ele vive... Em Marte?...

(Aline)
-Jorge pelo amor de Deus! Isso é o que o Alex pensa, e o que o Alex pensa pouco me interessa. Eu... Tá eu concordei com ele, mas não sobre isso. Não acho que você seja um playboyzinho mimado como ele disse. Só queria que ele percebesse que você não está me enganando e que eu não sou uma criança!- eu queria tocá-lo, mas ele ainda mantinha a mesma expressão sisuda- Dá pra tirar o pé da merda do acelerador?!

(Jorge)
- Estou devagar...- Esbravejei.

(Aline)
-Não pra os meus padrões. Quer saber,Jorge! Para a merda do carro que eu quero descer. Não viu servir de bode expiatório pra você curar as suas frustrações. Eu não sou saco de pancadas.

(Jorge)
- Quer descer? - A olhei e pisei mais ainda no acelerador.

(Aline)
-Porra,Jorge! Se você não tem amor pela sua vida,eu tenho pela minha! -tirei os óculos do rosto, porque a vista estava começando a ficar embaçada.

(Jorge) 
- Sabia que seu irmão andou investigando a minha vida? - Diminui a velocidade por causa do radar, mas foi passar ele voltei a pisar, alcançando a estrada em poucos minutos pela Anchieta, fazendo o trajeto de zona leste a sul em quinze minutos.  - Se ele quer saber da minha vida, que fosse homem e viesse falar comigo...

(Aline)
 - Que parte de "Eu não sou o irmão" que você não entendeu? A última vez que falei com o Alex foi quando pedi orientação sobre a casa. Mas, sabe Jorge! Pra quem está tentando provar que não é o que o Alex disse, você está indo muito bem com a sua postura de pobre menino rico se achando o dono da estrada.                       

Eu estava apavorada e as lágrimas corriam soltas, e eu já não tentava mais oculta-las.

(Jorge)
A olhei, meu sangue foi ao topo, me calei, não iria dizer mais nenhuma palavra, liguei o rádio pelo volante e aumentei o volume e segui estrada a fora.

Minha cabeça dava um nós com as coisas que Patrícia me disse, aquela garota estava brincando com fogo e se era para se queimar, que não fosse eu, e se estava pensando que eu não sabia dos rolos que se metia, está enganada, não iria deixar envenenar a cabeça de Aline e de Alex com falsidades, teria uma boca conversa com essa vadia e a colocaria no lugar, mas também estava puto com Aline e sinceramente, tinha certeza que me achava o play boy inconsequente, um dia eu fui, mas hoje luto e muito para não ser mais, e isso me dói quando alguém diz algo  tipo.

(Aline)
- Parabéns Jorge,muito maduro da sua parte!- desliguei o som- Você é um idiota!

(Jorge)
Não respondi, mantive o olhar na estada.

(Aline)
- Eu não entendo porque está zangado comigo! Me diz Jorge, o que EU fiz pra você?

(Jorge)
- Se não quer ouvir, então fica calada... É o melhor que você faz. - Não olhava para ela, eu só queria chegar em casa rápido.

(Aline)
- Não sou obrigada, Jorge! Por que não tenta me calar? Não quero te ouvir? A única coisa que você fez desde que entrou nesse carro foi me acusar, por coisas que não saíram da minha boca. Quer saber, se for pra você me ofender mais. Eu não quero mesmo te ouvir.

(Jorge)
- Te ofender?... - Quase gritei no carro, dei um soco no volante. - Confessa que você me julgou?... CONFESSA QUE SOU UM MERDA DE UM RIQUINHO MIMADO...

O InquilinoOnde histórias criam vida. Descubra agora