Jorge emburrado

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Desci depois de tomar banho, puxei a vasilha de Junior, seguindo para a cozinha, tudo já estava limpo e os três estavam no quintal dos fundos conversando, Junior sapateava ao meu lado esperando por sua ração, coloquei a lata no abridor elétrico e esperei terminar de abrir, coloquei a ração e servi meu cão.

Abri a geladeira, puxei tudo que eu gostava, e constatar que a geladeira também não era mais minha me deixou frustrado.

Fiz um sanduíche e sai na porta para escutar o que aquele povo tanto conversava.

- Tem uns restaurantes muito bons em SP, Aline. - Disse Bruno. - O que acha de Sexta ou o dia que estiver trabalhando, ir jantar comigo...

Olhei para ele, quase deixei o lanche cair, ele era cara de pau, fiquei quieto e procurei olhar para outra direção e esquecer aqueles três.

Comi me sanduíche a pulso, mas que iria melar esse encontrou, eu iria, não iria perder meu amigo para aquela aproveitadora, Junior passou por mim e foi se esfregar na grama as bochechas com restos da pasta de sua ração, resmungando e deitando de barriga para cima esfregando seu pelo no chão, ainda bem que na segunda ele iria direto para o pet tomar um bom banho.

- Vou para o meu quarto descansar, fiquei a vontade, vocês são de casa! - Me virei sem esperar que falassem algo, seguindo para o meu quarto, Junior veio logo atrás de mim e se jogou no piso.

- Bom descanso amigão! - Disse acariciando seu pelo e me deitei.

~.~.~

Almocei com os meninos, conversando algumas trivialidades e o Bruno não cansava de jogar charme pra mim. Ele realmente era um cara bem bonito, mas não bateu aquela química. No entanto, depois de muita insistência acabei aceitando jantar com ele qualquer noite, que eu ia protelar ao máximo pra não chegar nunca.

Eram quatro da tarde e tínhamos enredado num jogo de buraco quando meu celular tocou. Era a Olga me convocando para trabalhar a noite porque a Carmem, a outra farmacêutica do hospital teve um problema de saúde e não poderia ir.

-Que droga!- esbocei largando as cartas na mesa.

-O que foi?- Bruno perguntou curioso.

-Eu vou ter que dar plantão noturno! -resmunguei- Vou me aprontar pra ir.

Deixei a mesa e fui tomar banho e me preparar pra ir. Queria avisar ao Jorge que ia trabalhar, mas ele estava trancado em seu quarto e eu não queria incomodar. Me arrumei rápido e apanhei um jaleco limpo no armário colocando na minha valise de trabalho e saí do quarto, bati a porta, mas essa não fechou. Teria que chamar um chaveiro pra trocar a fechadura, mas em outra hora. Agora eu tinha que voar para o hospital.

Desci e Adriano e Bruno viam tevê.

-Tô indo, meninos! Avisa ao amigo emburradinho de vocês que eu só volto amanhã!


O InquilinoOnde histórias criam vida. Descubra agora