UNO Avariado- Aline Viana

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(Aline)
Acordei cedo pensando no que tinha acontecido a noite e me questionando como eu ia encarar o Jorge agora.

Me arrumei para trabalhar e desci as escadas torcendo pra que ele ainda estivesse dormindo, ou que já tivesse saído, mas como eu não sou uma pessoa sortuda, me deparei com ele sentado à mesa de jantar quando passei pela sala.

-Bom dia, Jorge! - cumprimentei-o totalmente sem graça.

(Jorge)
- Bom dia... Dormiu bem?... Quer que faça seu café? - Perguntei esticando o pescoço para olha-la, ela estava sem graça, isso era um mal sinal, pigarreei querendo obter uma resposta, tentando demonstrar que estava "tudo bem".

(Aline)
-Hã... Dormi bem e você? -ele tinha um olhar tão intenso que eu me sentia despida, ele lambeu o lábio e eu tive vontade de terminar o que começamos a noite. Será que seria muito loucura transar com ele encima daquela mesa? Suspirei longamente e baixei a vista para que ele não percebesse o que eu estava pensando- Tem café?

(Jorge)
- Faço um especial para você... Já tomou café em capsula? - Disse me levantando e indo até a cafeteira cheia de 9h que minha mãe me presenteou, até que para um cara solteiro, ela é bem útil.

(Aline)
- Adoraria provar!- eu tava tensa. Que droga! Tava difícil agir como se nada tivesse acontecido. Ele passou por mim e seu perfume invadiu minhas narinas, repercutindo lá embaixo.

(Jorge)
- Vem aqui que vou te ensinar como funciona, assim quando estiver em casa e sozinha, vai saber usa-la. - Olhei para Aline, ela estava estática pensando se devia se aproximar ou não, dei risada. - Eu não mordo... Só se você quiser... - Estiquei a mão para puxa-la para mais perto.

(Aline)
Droga! Droga! Mil vezes droga! Por que ele tinha que me tocar? Aquelas mãos grandes em contato com a minha pele estavam causando um reboliço na minha calcinha. O acompanhei tentando parecer natural, mas acho que minha respiração me denunciava.

-Essa maquina parece uma versão miniatura de um megazord dos Power Rangers!- eu disse pra descontrair

(Jorge)
Dei risada com o que disse, concordei com a cabeça.

- Presente da Dona Gisleide... - Disse pegando uma capsula no armários, mostrei para ela a capsula. - Está vendo esses riscos, você tem que ver quantos estão preenchidos e arrumar na maquina aqui em cima e ligar ela neste botão logo a traz, levante a trava, puxe a gaveta, coloque a capsula e devolva a gavetinha e trave, a luz aqui vai ficar verde, e é só levar a alavanca para a direita que ele começa a funcionar e destrava sozinha, não precisa se preocupar com nada. - Esperamos o café terminar de escorre da capsula, puxei a xícara e entreguei para ela. - Agora veja se gosta, esse é o Barista, é suave.

(Aline)
Tomei a xícara de suas mãos e a sua pele roçou a minha, aquele clima tenso ja estava se desfazendo e eu provei o café olhando pra ele que parecia curioso pela minha avaliação.

-O Megazord está aprovado! Isso aqui é muito bom.

-Comprei pão e queijo ontem. Está na geladeira. Você viu?

(Jorge)
- Sim... Vi... Não costumo comer nada logo que acordo. - Lavei minha xícara e coloquei para escorrer. - Preciso ir... Tenha um bom dia.

(Aline)
-Estou indo também. Não da tempo comer... Vou levar muito tempo na estrada e meu carro não está colaborando muito... Se passo dos 45km/h ele já começa a dar problemas.

(Jorge)
- Como assim, não pode passar de 45? - Parei de subir a escada e a olhei. - Seu carro vai te deixar na mão. - Dei as costas para pegar minha pasta e dois processos.

(Aline)
-Não me roga praga, Jorge! Ainda preciso dele por duas semanas.- segui para o lado de fora e assumi o volante, e parece que realmente foi praga que o Jorge que me jogou. Porque aquela porcaria não pegava de jeito nenhum,o motor girou apenas uma vez e parou, tentei dar a partida várias vezes, e nada, apenas o barulho da injeção da gasolina era escutado, o cheiro do combustível subiu. Só faltava o motor ter fundido. Saí do carro e chutei o pneu daquela lata velha. Péssima ideia! Aquilo doeu muito e quando Jorge saiu de dentro de casa, eu estava pulando num pé só segurando o joelho.- Que merda!

(Jorge)
- O que foi?... - Perguntei assim que a vi se apoiando nos joelhos, me aproximei. - Precisa de ajuda? - a peguei no colo e coloquei sentada sobre o capô do Uno, o sapato ortopédico estava comum borrão da borracha do pneu. - Fala sério, achou mesmo que seu carro iria voar como uma bola de futebol? - Dei risada, tirei seu sapato com o borrão e massageei seus dedos. - Não quebrou nada... Melhor? - Perguntando olhando para ela, "caracas", aquilo não estava dando certo, me levantei e dei o sapato para ela.

(Aline)
-Caramba isso doeu muito!- reclamei quando ele saiu do carro- E agora? Put's eu tô no aviso prévio, não quero deixar falha no hospital e já tem a mala da Olga no meu pé! O jeito vai ser gastar uma fortuna com táxi. Que droga!

(Jorge)
- Onde você trabalha? Posso te dar uma carona, se quiser! - Coloquei minhas mãos na cintura, aquilo seria outra aventura.

(Aline)
-Num hospital próximo ao centro, no Servidor Publico na vergueiro. Não quero desviar você do seu caminho, Jorge!

(Jorge) - Trabalho bem próximo de você, estou na Paulista... Luma de Oliveira. - Sorri, esperando sua resposta.

(Aline)
-Olha, eu estou desesperada vou aceitar a carona, sim!

(Jorge)
- Vamos então, pode entrar que vou abrir o portão.

(Aline)
-Nossa, valeu! Nem sei como agradecer. Você acabou de salvar a minha pele.                       

Obedeci-o, tomando o lugar do carona, antes que ele mudasse de ideia.

(Jorge)
Corri para casa, passei a chave no trinco, Junior esperava ao lado do carro com cara de coitado como se eu fosse largar ele do lado de fora de casa, sorri, abi a porta do passageiro, puxei a escadinha coloquei no chão e esperei ele entrar, coloquei a escada para dentro do carro e corri para abrir o portão.

- Espero que na serra não esteja com neblina. - Disse entrando no carro, liguei e dei ré saindo com o carro.

(Aline)
-Ele tem uma escadinha pra subir? Você está deixando esse cachorro afeminado.-provoquei. Eu me divertia irritando ele. Era melhor do que aquela tensão sexual

(Jorge)
- Já viu o quanto esse cachorro pesa? - Olhei para Alice me divertindo. - E ele só é uma criança de 8 meses e pesa 27kg... Eu gosto de puxar peso, mas ele é desengonçado para se pegar no colo.

A saída do Guarujá estava com transito, e não tinha jeito, era a única saída, ou teríamos que pegar a Balsa, sair em Santos e atravessar a estrada, mas preferia ir direto, sem balsa.

(Aline)
- Aposto que aquela loura aguada peituda na sua cama pesava bem mais! -por que eu disse aquilo? Me arrependi de imediato e fiquei torcendo pra que ele não me desse uma resposta a altura.

(Jorge)
- Entre um cachorro e uma loura peituda ou uma morena bunduda, eu prefiro pega-las de jeito... - A olhei rapidamente, seus dedos não paravam quietos no colo, sorri de lado. - Por que saiu correndo daquele jeito?... Era só dizer que não queria... - A olhei. - Não iria avançar se falasse que não queria.

(Aline)
- Nós moramos juntos! É uma péssima ideia!-dei de ombros. E eu corri porque não ia conseguir pedir pra parar. Pensei, mas não disse.

(Jorge) - E o que tem a ver se moramos juntos?... A ocasião faz o ladrão... - A olhei de lado, entrando na estrada. - Sexo casual também é gostoso, sabia!?

O InquilinoOnde histórias criam vida. Descubra agora