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Apelathei se sentou devagar no sofá, tomando cuidado onde sentava.

— O que tem de errado com você? — perguntou Lipotak, olhando para ela com as sobrancelhas franzidas.

Apelathei disfarçou o leve constrangimento que sentiu e não olhou para o irmão quando murmurou:

— Eu tive uma noite cheia.

Lipotak lhe lançou um olhar repreensivo.

— Não me diga que a sua noite cheia tem asas de morcego de pedra. — Quando ela não respondeu, ele continuou: — Apelathei, você mesma declarou guerra a todos os Descidos e passou a noite, mesma noite da sua declaração, dando para um dos inimigos? Você tem merda na cabeça, é?

— Primeiro, vá se foder e não fale assim comigo. O corpo é meu e eu o dou para quem eu bem entender. Segundo, não deveria ter acontecido nada. Ele veio aqui para me explicar que não sabia da morte da bruxa. De acordo com o que ele me disse, ele só ficou sabendo pouco antes da reunião.

Lipotak bebeu mais um gole do uísque em sua mão.

— Está bem, então me deixe ver se eu consigo adivinhar: ele veio aqui, tentou pedir desculpas; você tentou matá-lo, mas não chegou a usar nem metade das coisas que sabe fazer. Ele conseguiu "deter" você; vocês acabaram transando.

Ela olhou para o irmão e tentou conter o riso.

— Resumiu bem.

Apelathei se deixou cair no encosto do sofá e fechou os olhos. A primeira vez que viu Killian voltou a sua mente, e ela sorriu discretamente. Mal conseguia acreditar em como fora fácil seduzi-lo e em como tão rapidamente gostou dele.

EM ALGUM LUGAR NA BULGÁRIA, 1628


— ELES ESTÃO CHEGANDO — INFORMOU UM DOS ANJOS A KILLIAN. — Estão trazendo ela para cá porque é o território dos Descidos mais próximo. E não podemos transportá-la sem a possibilidade de ela fugir. Gaurel pede desculpas por estarmos invadindo.

Killian assentiu distraidamente.

Ele estava um pouco nervoso. Já tinha visto demônios antes — até os matou —, mas nunca vira uma que era considerada verdadeiramente antiga. Nem fazia ideia de como ela seria.

Dois anjos surgiram no céu. Carregavam algo preto — ele viu que era uma mulher dentro de um longo vestido preto — e pousaram sem ter o menor cuidado com a carga. A mulher parecia estar desacordada, mas poderia estar fingindo. Seu cabelo acobreado era longo, muito cacheado e cobria o seu rosto, mas Killian pôde ver que ela tinha a pele em um tom marrom-médio por causa de suas mãos expostas.

Os anjos arrastaram-na até Killian, e ele viu mais de perto o vestido que ela usava. A parte de baixo do tecido estava rasgada e suja de terra. Killian também viu que havia sangue nas mãos dela, e quando um vento leve passou carregando o seu cabelo, ele viu sangue em seu rosto.

— Ela está sangrando — disse ele.

— Não é dela — respondeu um dos anjos que a segurava. O tom de voz dele era nojo e desprezo, e Killian ouviu uma risada baixa vinda da mulher. — Ela matou doze anjos e quatro gárgulas antes que Gaurel conseguisse detê-la.

— E seis lobisomens — falou a mulher. — Não se esqueça de ressaltar isso. Não é qualquer um que consegue arrancar a mandíbula de um lobo.

Guerra dos CelestiaisOnde histórias criam vida. Descubra agora