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* Feliz Aniversário, Aurora!*


O som do aço das espadas se chocando teria feito qualquer humano se contorcer em agonia, mas os dois combatentes não expressaram uma única careta de desconforto. Com impulsos dos dois lados, os dois se afastaram ainda se encarando seriamente. Com os olhos fixos um no outro, eles caminharam pela área, pisando com cuidado, nunca desviando o olhar ou dando ao adversário qualquer coisa que pudesse usar como vantagem.

Ele olhou o outro homem com um cuidado muito analítico, observando quais eram seus pontos mais vulneráveis e como poderia chegar a eles sem ser lesionado. O corte em sua bochecha ainda ardia e sangrava, mas logo cicatrizaria. O corte no braço do outro estava na mesma situação. Então, tudo o que precisava fazer era um movimento correto — e o oponente estaria morto e a batalha terminaria.

— Não vai desistir? — perguntou ele ao outro, que caminhava como se fosse seu reflexo, dando os mesmos passos contidos, os mesmos olhares.

Com uma risada irônica, o outro respondeu:

— Por quê? Você tem muito mais a perder do que eu.

Ele parou — e o outro também —, girou a espada na mão com um gracejo, e partiu violentamente para cima do adversário. Novamente, as espadas se chocaram, soltando um tinido que fez os tímpanos dos dois doerem — finalmente. Ele ergueu o joelho, tentando acertar o estômago aparentemente vulnerável do rival, mas o outro também ergueu o joelho, e patelas se chocaram. Os dois afastaram as pernas enquanto impulsionavam as espadas para frente.

Com um deslize nada gracioso, os dois bateram as testas, caindo no chão aos risos.

Killian esfregou a testa com uma mão enquanto massageava o joelho com a outra, sentindo os pulmões doerem de tanto rir. Lukka, deitado ao seu lado, fazia a mesma coisa. Os dois haviam passado as últimas oito horas naquele treinamento, praticamente imitando os movimentos um do outro. Seus músculos estavam começando a ficar doloridos, mas ele estava se divertindo o suficiente para não se importar. Se estivesse em uma batalha real, a adrenalina faria com que não sentisse nada, mas como era apenas um treino entre amigos, seu corpo estava relaxado o suficiente para que não se auto-anestesiasse.

— Eu ia ganhar — disse Lukka, ainda esfregando o joelho. — Você sabe disso.

Killian o olhou antes de soltar uma gargalhada.

— Minha nossa, eu não sabia que você era tão iludido. — Ergueu o tronco até ficar sentado. — Nós dois sabemos que você nunca ganharia de mim. — Deu de ombros. — É simplesmente um fato.

Lukka deu uma risada e ergueu uma sobrancelha.

Eu não sabia que você era tão iludido.

— Certo — proferiu, levantando do chão e oferecendo uma mão ao amigo. — Vou dar muito crédito às palavras de um homem que quase morreu estrangulado com um chicote.

Lukka sacudiu a poeira do chão de terra batida da roupa e passou uma mão pelo cabelo, tirando as mechas molhadas de suor dos olhos.

— Por favor, Killian. Se nem mesmo você conseguiria vencer aquele demônio, como eu, um mero "mortal", conseguiria?

Foi à vez de Killian erguer uma sobrancelha.

— Por que acha que eu não consigo vencê-la?

Um sorrisinho provocativo surgiu nos lábios da outra gárgula.

— Você é muitas coisas, meu amigo — falou, colocando uma mão no ombro de Killian. — Mas não é ingênuo. Sabe muito bem que, para vencê-la, você teria que matá-la.

Guerra dos CelestiaisOnde histórias criam vida. Descubra agora