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Ela estreitou os olhos automaticamente.

A claridade do sol estava forte demais para suas íris, mas que culpa o sol tinha? Era ela quem estava ao ar livre, recebendo calor e vitamina D diretamente da estrela brilhando no céu azul, sem nuvens.

Olhou em volta. Ela estava parada no meio de um campo gigante de lavandas, o cheiro das flores impregnando o ar. Curiosamente, não havia sinais de flores esmagadas. Para estar onde estava, ela tinha que ter pisado em pelo menos algumas delas, mas estavam todas intactas, como se...

— Eu sempre gostei de flores.

Um sorriso lento e preguiçoso surgiu em seu rosto. Ela deixou uma respiração tranquila escapar e olhou por cima do ombro.

Calça jeans escura, camisa preta de algodão com gola V e pés lindamente descalços. Por onde ele passou, flores haviam sido pisoteadas, mas a beleza do lugar não diminuiu nem um pouco.

— Para ser sincera, nunca pensei que alguém como você fosse gostar de flores.

As sobrancelhas angelicais de Killian crisparam lindamente, deixando Apelathei ainda mais radiante. Ele passou os dedos cuidadosamente por cima das flores à sua volta, como se temesse esmagá-las se usasse força demais. Estava a pouco mais de seis metros de Apelathei e parecia nunca se aproximar, apesar de andar em direção a ela.

— Por quê? — perguntou ele, fingindo estar ofendido. — Por que eu sou homem?

Ela se virou completamente para ele, ainda sorrindo como uma boba, e inclinou a cabeça.

— Na verdade, sim. — Passou um indicador por cima de uma pequena lavanda. Ela parecia menor do que as outras ao seu redor. — É como se "Killian" e "delicadeza" não fossem sinônimos, sabe?

Killian revirou os olhos, e ela deixou escapar uma risada.

— Não se deixe enganar pelo meu tamanho, Apelathei. Você sabe muito bem que eu consigo ser delicado quando quero.

Apelathei sentiu o rosto esquentar e deixou um sorriso dúbio tomar conta dos seus lábios.

— Sei, sim — respondeu. — Mas nós dois sempre optamos pela sua violência.

Killian deu de ombros, tentando esconder um sorriso igual ao dela.

— Não me culpe. Você sabe que é sempre muito apressada.

Atrás de Apelathei, um coral de pássaros cantou alto, chamando sua atenção. A floresta parecia estar tão longe quanto perto, e alguma coisa lhe dizia que se caminhasse até ela, nunca a alcançaria, mas também nunca se cansaria de caminhar.

O sorriso dela vacilou por um instante e suas sobrancelhas franziram levemente. Como ela...?

— Você também me lembra uma flor, sabia?

Ela tornou a se virar para Killian, o sorriso de volta ao lugar.

— Minha nossa, eu nem quero imaginar como as palavras "Apelathei" e "flor" são consideradas sinônimas na sua cabeça. — Killian deu risada. — Mas me fale mesmo assim, qual flor eu lembro a você?

Ele a olhou durante algum tempo, os olhos fixos em seu rosto, em seus lábios. Um raio de sol passou pelo rosto da gárgula, descorando ainda mais o violeta-claro de suas íris. A pele pálida parecia feita de veludo, assim como o cabelo se assemelhava às penas de um corvo. Os fios macios estavam penteados para trás, mas alguma brisa que Apelathei não sentiu devia tê-los jogado para frente e para os lados, dando a eles um aspecto despojado que deixava Killian ainda mais lindo, ainda mais irresistível.

Guerra dos CelestiaisOnde histórias criam vida. Descubra agora