Chamas

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— Me diga que não está planejando o que acho que está planejando — grunhiu Lipotak. — Você não vai matar Gaurel!

Apelathei o encarou com as sobrancelhas franzidas e cara de nojo.

— Abra a boca novamente para me dizer o que fazer e eu mato você, irmãozinho. — Se levantou abruptamente e colocou o dedo no rosto do irmão. — Você não manda em mim. Não se esqueça nunca de qual de nós dois é o verdadeiro irmão do Diabo.

A expressão dele não mudou. Apenas balançou a cabeça em negação silenciosa.

— Faça o que bem entender — cuspiu. — Depois não diga que eu não avisei.

Antes que ele tocasse na maçaneta, ela o deteve.

— O que você sabe que eu não sei?

— Sei que está fazendo a coisa mais estúpida que poderia, garota. — Tirou sua mão do contanto com a dela. — Apoiei e amei você desde o início. — Segurou a mandíbula dela com força. — Nunca diga que eu não fiz nada por você, forurem.

Ela se afastou do irmão com um puxão. Ele saiu, fechando a porta com um baque. O que Lipotak estava escondendo dela? Por que toda essa preocupação se ela mataria ou não Gaurel? Por que ele a havia chamado de forurem? Ela odiava aquela palavra. Lúcifer a chamou daquela maneira uma vez, muitos anos atrás. Engoliu a raiva e foi cuidar da organização da invasão a Fortaleza. Um dos seus inimigos estava morto, mas havia mais dois vivos e ela queria dá-los o mesmo destino da bruxa.

...

— Você não acha um pouco impensado invadir à casa dos anjos poucos dias após invadir a dos lobisomens? — questionou Cassilius.

Ela nem perdeu seu tempo olhando-o.

— Primeiro o meu irmão e agora você, um vampiro qualquer me dizendo o que devo ou não fazer! — gritou, e todos os presentes na sala ficaram tensos, com os olhos arregalados de surpresa. — Você tem alguma objeção contra o meu comando? — Ele fez que não com a cabeça freneticamente. — Ótimo. Foi o que imaginei.

— De quantas bruxas vai precisar dessa vez? — perguntou Sagara.

— No mínimo, cem. — Olhou para Cassilius, ainda demonstrando sua raiva para com ele. — Mais de cento e cinquenta vampiros e eu os quero sedentos.

— E quanto aos seus demônios?

— Não se preocupe. — Seu olhar ficou vazio. — Eles estarão mais do que prontos para matar seus inimigos naturais.

...

Estava tudo pronto. Cada grupo devidamente dividido em seus locais indicados. Não invadiriam simplesmente, como havia sido feito no casarão dos lobisomens. Matariam os guardas e aí sim invadiriam. Ela deu permissão para matarem qualquer anjo que vissem, não importando a idade. Sabia que provavelmente havia anjos recém chegados no exército de Gaurel, mas não se importava nem um pouco. Matariam todos eles. O único com quem realmente se preocupou foi Marcus, mas daria um jeito de achá-lo — caso ainda estivesse vivo — e o levaria embora como seu prisioneiro ou qual fosse à desculpa que surgisse em sua cabeça no momento.

Usava uma camiseta de couro por fora e uma cota de malha por dentro. Uma espada passaria — com algum esforço — pelo couro, mas a cota impediria que chegasse a sua pele. Da última vez não usara salto, mas desta estava com botas pretas de salto grosso — uma adaga em cada bota. Queria estar bonita para quando pisasse na cabeça de Gaurel.

— Cada esquadrão está devidamente posicionado — sussurrou Sagara. — Atacarão os guardas quando der a ordem.

Segurou o cabo da espada de titânio na cintura e confirmou com um meneio de cabeça a Sagara. Apenas os sons de surpresa e lâminas cortando pôde ser ouvido. Esperou alguns minutos até que o som do alarme foi disparado, alertando aos demais anjos. Continuou parada depois de dar a ordem para que atacassem. Como da última vez, Sagara e Cassilius se mantiveram ao seu lado, esperando seu comando. Começou a caminhar e os outros líderes a seguiram.

Guerra dos CelestiaisOnde histórias criam vida. Descubra agora