Piores Consequências

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Ela abriu os olhos devagar. Seu corpo inteiro doía. Apenas o ato de levantar as pálpebras lhe parecia desgastante em demasiado. Sua garganta estava seca e a sensação era de que havia feito gargarejo com pregos. Tentou olhar em volta, descobrir onde estava, mas fora em vão. Desistiu quando percebeu que não movera nem um centímetro.

— Quando ele disse que conseguiria derrubar você, eu não achei que fosse nesse nível. — Reconheceu a voz instantaneamente. Lipotak. — Como está se sentindo? — perguntou com um toque de humor na voz. — Deve estar uma merda.

Vai se foder!

— Ela acordou? — Reconheceu a segunda voz e se tivesse alguma força teria gritado de raiva. — Ela está bem? — indagou Killian. E a preocupação era nítida em sua voz.

Lipotak deu uma risada alta.

— Esta vadia é dura na queda. Literalmente! — Fez uma pausa e Apelathei percebeu que ele estava bebendo alguma coisa. — Ela se mexeu e acho que ouvi um gemido, então ela está bem. Quanto tempo você disse que o Hálito Maldito demora a se dissipar?

Ouviu um quase grunhido de Killian e teria sorrido se sentisse seu rosto.

— Não é hálito maldito.

— Claro. Até por que quando alguém dá uma baforada na sua cara e faz você apagar é hálito fresco, não é? — Seu irmão deu uma risada.

— O que porra foi que você fez, seu filho da puta do caralho? — grunhiu Apelathei para o irmão.

Lipotak saltou da cadeira e sentou ao lado do corpo dela, fazendo o colchão afundar com seu peso. Passou a mão pelos cabelos dela e sorriu. Ela desejou poder socar aqueles lindos dentes brancos.

— O que eu fiz meio que não importa mais, já que a gárgula chegou atrasada e você fez merda do mesmo jeito. — Deu uma palmada na testa de Apelathei. — Vadia má. Vadia muito má.

— Vai se ferrar, seu babaca — gemeu, levantando-se com dificuldade. Lipotak ajudou-a a sentar-se e ela lhe deu um tapa na cara, mas não pareceu ter doído (não como doeu nela). — Você me ferrou.

Lipotak passou a mão sobre a própria face e sorriu para a irmã. Passou a mão pelo cabelo dela e se levantou.

— A partir de agora, você é responsabilidade da gárgula. — Começou a sair do quarto, mas parou. — Parabéns, Gaurel está morto e os líderes de outros estados estão se reunindo. Agora nós estamos mortos. Espero que esteja feliz. — Sorriu para ela e saiu, fechando a parta.

— Isto é seu — disse Killian antes de lançar uma adaga na direção do rosto de Apelathei. Ela pegou a arma a centímetros de seu rosto com as palmas das mãos juntas, segurando-a. Lançou sobre Killian um olhar de raiva e ele lhe retribuiu com uma piscadela, depois deu de ombros. — Estou apenas devolvendo algo que é seu.

— Imbecil...

Tentou se levantar da cama, mas seu corpo pesava. Killian foi até ela e a pegou no colo, levando-a para fora do quarto. Os braços de Apelathei em volta de seu pescoço e seu rosto escondido em seu peito.

— Para onde está me levando? — indagou.

— Você está com cheiro de sangue. Precisa de um banho.

Ela rosnou baixo.

— Se eu tivesse força, mataria você agora.

Killian deu uma risada e a apertou mais. Apelathei gemeu.

— Seu corpo vai ficar mole e sensível por um bom tempo. Não vai ter forças para me matar.

Abriu uma porta e Apelathei ergueu a cabeça, vendo que era um banheiro. Havia uma banheira gigante de mármore cheia e com vapor saindo dela. Não havia bacia sanitária. Apenas a banheira e uma pia imensa também de mármore. Tudo era de um amarelo fraco que lembrava um pouco a cor de ouro, só que muito mais apagado. Killian a colocou no chão, mas não a largou. Sentou-se com cuidado na beira da banheira e começou a remover as roupas dela devagar. Primeiro as botas, a camisa de couro, a cota de malha e sua calça. A cara de surpresa que Killian fez ao ver mais duas adagas caírem das roupas de Apelathei foi impagável e se tivesse forças, teria rido.

Guerra dos CelestiaisOnde histórias criam vida. Descubra agora