Possessiva

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*Rubby*

Eu retribui o abraço e permanecemos assim por um tempo. Até que sua respiração se acalmou e sua expressão voltou ao normal.

-Onde estamos? -ele perguntou com uma voz baixa e rouca que quase me provocou uma parada cardíaca.

-Estamos no vazio, um lugar onde apenas os deuses da morte que quebraram as regras são presos -respondi arrumando meu cabelo.

-Mas como vínhemos parar aqui? - perguntou olhando em volta -Só existe uma pessoa que pode abrir os portões no vazio.

-Eu sei, e foi ela mesmo que abriu -respondi e dei dois tapas na minha coxa direita olhando para ele que logo entendeu o recado e deitou sua cabeça sobre ela - Christa Stellary é a única pessoa que pode abrir.

-Eu sei, por isso estou perguntando -esse imbecil disse.

-Criatura lerda, Christa Stellary mudou de nome quando casou e se chama agora Christa Crow seu ser desinformado -falei brincando com a franja dele.

-Tua mãe? Ela te deu uma chave? Ein? -perguntou parecendo incrédulo, mas seu olhar mostrava uma certa distância.

-Mais ou menos isso -vi em seus olhos um vazio e tristeza e senti um bolo na garganta - Euterpe a Musa da música, era ela?

-Sim ...- ele engoliu seco e olhou nos meus olhos - Aquela mulher é quem eu amei e agora quero realmente mata-la -sua voz parecia distante ao falar -Obrigado por me parar... mas como saímos daqui?

- Há!  Entrar é fácil meu amigo, o negócio aqui é sair -disse e devo ter feito algo engraçado por sem dúvidas aquilo era um sorriso.

-Então estamos presos? -perguntou sorrindo.

-Não -escutei uma voz famíliar falar ao fundo e virei. Quando à vi meus olhos se encheram de lágrimas e corri para abraça-la.

-Mãe! -disse, e ela afagou minha cabeça sorrindo.

-Sogrinha? Ou devo chamar a Rubby de entiada  - perguntou o pavão sorrindo para minha mãe e se aproximando. Que filho da...

-Sogrinha o escambau, se você fizer algo com minha filha eu lhe jogo no vazio eternamente -acho que ela ignorou a segunda parte do que ele falou.

-Calma, é mais fácil sua filha fazer algo comigo -esse pavão desaforado falou com a maior marra. E ela ficou quieta por alguns segundos como se concordasse, caralho até minha mãe.

-Bom, irei tirar vocês daqui. Rubby me mostre seu Gold Fairy -virei a cabeça e segurou meu brinco que recebe o nome de Gold Fairy pois simboliza nossa vida, se ele perder a cor significa que o seu dono morreu. Todos com sangue de deuses da morte nascem com os seus e cada um é diferente do outro. O meu foi um rubi, bom já deve saber de onde veio o meu nome.

-Primeiro portal localizar -quando ela terminou de falar o portal para o mundo de fora apareceu e saímos, ela não veio comigo, mas pude escutar à dizer ao fundo - Desculpe por não poder te ajudar... Rubby...

Aquilo fez meu coração doer, porém fraqueza é algo que não posso demonstrar novamente.
Estávamos em frente ao apartamento e ele olhava a porta, eu fui logo abrindo e vimos apenas os dois patetas sentados no sofá.

-Cadê a cadela ? - perguntei olhando para os lados.

-Urânia arrastou ela daqui, pelo o que entendi, ela é amiga sua né?- disse o Klein.

-Urânia? Ela esteve aqui? Queria falar com ela -disse arrastando o pavão para dentro.

-"Avisem a Rubby que quero falar com ela depois" -disse o imbecil azul fazendo "aspas" com os dedos.

-Urânia, que bom não ter me atacado ou coisa do tipo -falei aliviada.

-Eu estou indo para o quarto -disse o pavão já na porta, escutei o som do trinco girar e entendi a mensagem: "Quero ficar sozinho". E como ele queria, acatei sua vontade. Sentei no sofá e deitei a cabeça no colo do Klein, que por sua vez passou a mão no meu cabelo.

-Ser torturado é tão ruim assim? - perguntou o super imbecil azul.

-É horrível... -respondi.

Fiquei pensando por um tempo, mas o incomodo de deixa-lo sozinho não saía de mim. Me levantei e fui até a porta do quarto e bati o que foi em vão. Forcei a maçaneta e ela abriu, já que no dia da corrida até o Chefia o Riin a quebrou. Entrei e o vi deitado, algumas coisas estão caídas no chão, sua camisa está rasgada, seu cabelo um caos e sua mão em sua testa.

-Você não sabe o que é me deixar só? -ele me perguntou com um tom irritado. Certeza que corei, essa é a primeira vez que o vejo sem camisa e tão desarrumado, nem mesmo na praia ele estava assim.

-Fala o cara que me perturba direto -Coloquei a mão na cintura e falei com o tom mais convencido o possível.

-Rubby... Não estou com cabeça para brincar com você hoje -sua voz estava mais rouca que o normal, seu cabelo cobria um de seus olhos que não possuíam nenhum brilho. Aquilo mexeu com a minha cabeça de uma forma que minhas pernas ficaram fracas e eu quase fui posta de joelhos apenas por sua presença. Esse homem...

-Você vai permitir que o passado lhe domine meu bem? Você só esta no joguinho dela, e sinceramente... Eu prefiro que você dance no MEU jogo entendeu? -fui me aproximando tentando me acalmar um pouco, mas acho que ele sentiu que eu não estava legal ou algo parecido.

-O que você sabe? O QUE ALGUEM COMO VOCÊ SABE ?? -   parece que eu errei...ele gritou e eu recuei um passo. Seus olhos brilhavam um carmesim assustador, sua voz era grave e áspera.... era igual a do Richard...

-Você é um imbecil, um completo imbecil! O QUE VOCÊ SABE SOBRE MIM? Sei bem o que você passou, é eu sei. Eu sofro desde que nasci, já fui torturada também, fui traída por quase todas as pessoas ao meu arredor e já fui MORTA! VOCÊ NÃO SABE O QUE É A DOR DA MORTE, ENTÃO PARA DE AGIR COMO UM IMBECIL RIIN! - me descontrolei e acabei falando mais do que deveria. Ele me olhou admirado, mas seus olhos ainda emanavam aquele ar repulsivo.

-Ru...-ele iria falar algo, mas o interrompi.

-CALA A BOCA! -pulei em cima dele o apertando pelo pescoço sem força é claro, apenas para o fazer cair em cima da cama - Vou esclarecer algo para você vampiro, enquanto estivermos sobre um acordo, você pertence a mim, apenas a mim será usado de acordo com o que eu quiser, apenas para os meus gostos e meu prazer. Então não ache que lhe dou o direito de ser um imbecil como esta sendo. ENTENDEU? - ele me olhou puramente surpreso e em alguns segundos soltou aquele seu sorriso malicioso.

-Você acabou de falar algo realmente interessante Rubby. Não deveria brincar com um adulto sua criança insolente -ele se levantou e me colocou sentada sobre suas pernas.

-Você que está velho de mais para brincar comigo -me levantei e sai do quarto. Esse homem me irrita.

***

No dia seguinte fomos "trabalhar". No caso: caçar algum fantasma louco por aqui. Concluímos o caso com sucesso novamente e fomos logo para casa, mas no meio do caminho o céu se fechou e a presença poderosa "dele" tomou o local. Olhei para cima e o vir descer entre as nuvens.

-Richard...

Death FairyOnde histórias criam vida. Descubra agora